Nesta última semana foi preciso que Thaís de Almeida Santos, líder comunitária da Praia do Guaibura, na região de Enseada Azul, em Guarapari (ES) comparecesse na Tribuna Livre da Assembleia Legislativa do Espírito Santo para relatar um crime ambiental que está próximo de ocorrer. Segundo relato dela, para facilitar a ação dos especuladores imobiliários, a Prefeitura de Guarapari alterou o Plano Diretor e transformou um santuário ecológico do local para Zona de Uso Turístico, abrindo portas para a destruição ambiental e permitir a especulação imobiliária.
Thaís foi pedir aos deputados estaduais para que ajudem a salvar o patrimônio ecológico da Praia de Guaibura, transformando em uma Área de Proteção Ambiental (APA). E alertou que os especuladores, na busca do lucro fácil, já estão divulgando um projeto para transformar a península, que está preservada, em um condomínio residencial de luxo.
Thaís de Almeida Santos, que relatou aos parlamentares ser descendente de indígenas, lembrou que a Praia do Guaibura foi preservada pelos povos originários, tendo posteriormente recebido contribuição de negros e de pescadores, que ajudaram a dar ao local uma formação cultural. No entanto, acrescentou que a iminente destruição pode ocorrer devido ao elevado interesse de grupos de especuladores imobiliários.
Imóveis de luxo no lugar de um santuário ecológico
O projeto do empreendimento prevê 76 unidades de apartamentos compreendidas em seis torres com dois e três pavimentos no Morro de Guaibura. Ao surgir esse anuncio de construção de um condomínio na região de Guaibura, na Enseada Azul, os defensores da preservação do meio ambiente passaram a ter preocupações. A região marcada para erguer o novo empreendimento se trata de uma área de proteção ambiental, e a construção pode ameaçar a preservação.
O favorecimento oficial da Prefeitura para os especulares imobiliários ocorreu em 2016, quando foi retirado do zoneamento municipal o título de zona especial da Praia de Guaibura, o que impedia a construção na região. A retirada, para favorecer os grandes empreendedores, foi sucedida da transformação do local em zona de interesse turístico, para permitir que fossem construídos empreendimentos imobiliários sobre uma área de preservação ambiental.
O projeto para a construção de um condomínio privado na Praia de Guaibura já conta com um o Estudo de Impacto de Vizinhança, que prevê que cerca de 530 pessoas vão habitar no local. Quem mora na região garante que a atual estrutura do bairro, incluindo rede de água e de esgoto, via pública, policiamento, entre outros fatores não suporta esse número de novos habitantes. No projeto consta desmatamento da vegetação de restinga e até explosão de rochas, caso haja necessidade.