Foi iniciado neste domingo (31), em Glasgow, na Escócia, a 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP26, reunindo mais de 100 líderes e dezenas de milhares de participantes. A ONU, para alertar sobre um possível desastre do aquecimento global, publicou relatórios destacando recorde em concentrações de gases de efeito estufa e impacto do corte em emissões de metano na taxa de aquecimento global.
A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP26, abre este domingo em Glasgow, na Escócia. Nesta segunda (1º) e terça-feira (2), mais de 100 chefes de Estado discursam na Cúpula dos Líderes Mundiais ligada ao evento. O secretário-geral também participa da reunião e do evento Ação e Solidariedade – a década crítica. António Guterres exige medidas ousadas e novas políticas para enfrentar a mudança climática, eliminar o carvão e investir em tecnologias limpas.
Profundas reduções
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Ipcc, recomenda que o mundo aposte em profundas reduções de emissões para atingir um aquecimento da temperatura de 1,5 ° C até o final do século como prometido no Acordo de Paris.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, exige medidas ousadas e novas políticas para enfrentar a mudança climática. A ONU quer solidariedade global para apoiar mudanças em países menos avançados. Antes, Guterres disse que Glasgow pode ser “um ponto de virada” para um mundo mais seguro e verde para futuras gerações, mas que é preciso uma ação imediata para isso.
Uma das recomendações é reduzir as emissões globais em 45% até 2030. O pedido feito a economias desenvolvidas e de rendimento médio é que acelerem a ação em favor da meta de 1,5 ° C, por serem as maiores responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa.
A capital escocesa será o centro da mobilização de financiamento público e privado para apoiar os mais vulneráveis na crise climática. Com as alterações do clima outro alvo é enfatizar que é preciso apoiar comunidades e seus habitats.
Alerta
Ações nesse sentido incluem apoio à adaptação visando proteger e restaurar os ecossistemas, construindo mecanismos de defesa, sistemas de alerta e infraestrutura resiliente. Capital escocesa será o centro da mobilização de financiamento público e privado para apoiar os mais vulneráveis na crise climática Glasgow deve ainda mobilizar finanças de acordo com promessas das nações ricas de canalizar US$ 100 bilhões por ano para se mitigar o aumento da temperatura.
Outra grande meta é mobilizar a atuação conjunta para ajudar a cumprir os propósitos globais, reforçando as colaborações entre governos, empresas e sociedade civil. Para além de negociações formais que iniciam este domingo, a COP26 deve anunciar novas iniciativas e coalizões para impulsionar ações climáticas.
Novos recordes
Neste domingo um relatório destaca que as concentrações de gases de efeito estufa atingiram novos recordes. Enquanto os níveis de dióxido de carbono, CO2, foram de 413,2 partes por milhão, os de metano, CH4, chegaram a 1889 partes por bilhão e do óxido nitroso, N2O, alcançaram a marca de 333,2 ppb. Setores de petróleo e gás carecem de regulamentação mais rigorosa das emissões do metano.
Os novos máximos equivalem a 149%, 262% e 123% acima dos níveis pré-industriais. O aumento continuou em 2021, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial. As concentrações recordes de gases de efeito estufa e o calor acumulado associado empurram o planeta para um território desconhecido, com repercussões de longo alcance para as gerações atuais e futuras.
Um resfriamento temporário do fenômeno “La Niña”, que aconteceu no início do ano, colocará 2021 entre o quinto ao sétimo ano mais quente já registrado. Mas a situação não reverte a tendência de longo prazo de aumento das temperaturas.
Metano na atmosfera
Em relação ao metano, o Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), alerta que o gás lançado diretamente na atmosfera é mais de 80 vezes mais potente do que o CO2 em um horizonte de 20 anos. O documento recomenda mais ações no mundo para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C ainda neste século..Mas a diferença é a vida útil na atmosfera que é relativamente curta: entre 10 a 12 anos.
A diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, diz que reduções de metano devem acompanhar ações globais para descarbonizar o sistema de energia para limitar o aquecimento a 1,5 ° C, conforme o estipulado no Acordo de Paris. As ações para cortar as emissões de metano podem baixar de forma mais imediata a taxa de aquecimento e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade do ar.
Combustíveis fósseis
De acordo com estudos da ONU, uma redução das emissões de metano dos setores de combustíveis fósseis, resíduos e agricultura pode contribuir para fechar a lacuna de emissões e reduzir o aquecimento a curto prazo. As emissões de metano são as segundas que mais contribuem para o aquecimento global.
Em primeiro plano, os mercados de carbono podem apoiar uma redução real de emissões e levar a mais ambição, mas somente com “regras claramente definidas, concebidas para assegurar que as transações reflitam as reduções reais de emissões, e são apoiadas por acordos para acompanhar o progresso e garantir transparência”.
Os mercados de carbono podem proporcionar uma oportunidade para que países, empresas e outros atores alcancem e aumentem sua ambição com maior eficiência econômica e equidade, tanto a curto como a longo prazo. Com uma transformação de planos nacionais em redução de emissões comercializáveis, e todos os países com metas econômicas amplas, entre 4 e 5 gigatoneladas poderiam ser comercializadas por ano até 2030.
Os estudos destacam que há oportunidade de usar o resgate fiscal e os investimentos de recuperação da Covid-19 para estimular a economia e promover uma transformação de baixo carbono.