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Coronel envolvido com compra da Covaxin usou e-mail particular ao invés do oficial do Ministério da Saúde

Coronel do Exército envolvido na negociação superfaturada da Covaxin usou e-mail particular | Foto: Exército

O uso de e-mail pessoal por servidor público para negociar compras governamentais é considerado uma infração, porque não há garantia de sigilo das negociações, já que o coronel ocupava o cargo de coordenador-geral da Planejamento do Ministério da Saúde

O coronel do Exército Cleverson Boechat Tinoco Ponciano cometeu uma infração da Política Nacional de Segurança da Informação, ao usar o seu e-mail pessoal, com extensão terra.com.br ao invés de utilizar a extensão gov.br, para entrar em contato comercial com a suspeita empresa Precisa Medicamentos, para negociar a compra da vacina indiana Covaxin. O militar estava ocupando o posto de coordenador-geral de Planejamento do Ministério da Saúde e foi denunciado na CPI como sendo um dos interlocutores da proposta de venda de vacina com preço superfaturado.

Cleverson Boechat foi para a reserva em 28 de fevereiro de 2013, tendo passagem como militar na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), além de ter comandado a 4ª Inspetoria de Contabilidade e Finanças do Exército (ICFEX) de 2005 a 2007. A ICFEX é uma Unidade do Controle Interno do Exército, subordinada à Secretaria de Economia e Finanças (SEF) e possui 19 Unidades Gestoras vinculadas, sendo cinco na sede em Juiz de Fora (MG). O coronel gosta de dizer que é amigo pessoal do vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão. Publicações evangélicas na internet gostam de enaltecer o coronel.

Dono de construtora

Antes de se aposentar, que no jargão militar é denominado de “reformar”, o coronel fez uma sociedade em 2009 para constituir a construtora Poli Service Vicros e Manutenção Ltda., na cidade de Itaperuna, Rio de Janeiro, onde possui 95% do capital social. Nessa mesma cidade do Norte do Estado do Rio de Janeiro ele saiu candidato a prefeito, nas eleições municipais de 2020 pelo partido Avante, onde foi derrotado por Alfredo Paulo Marques Rodrigues (PSD), atualprefeito. Haviam nove candidatos a prefeito por Itaperuna no ano passado. Para o TSE, o coronel declarou ter obtido uma receita de campanha de R$ 37.857,00.

No entanto a sua lista de bens declarados ao TSE é extensa. São nove terrenos, uma loja em Itaperuna, cinco casas e quatro automóveis, que totalizam um patrimônio de R$ 1.049.592,22. No Portal da Transparência do Governo Federal consta que a empresa do coronel Cleverson executou dois contratos com o Ministério de Minas e Energia. Em 2013, foi pago R$ 1.126,44 pelo fornecimento de tampões de ferro fundidos e, em 2014, foram pagos mais R$ 8.195,12 para fornecer suportes. No entanto, não consta detalhes se houve licitação para o fornecimento dessas compras.