CPI da Assembleia Legislativa do Espírito Santo aprovou a quebra de sigilo bancário sobre empréstimo a empresa estrangeira do setor de etanol
Quatorze anos após o grupo inglês do setor sucroalcooleiro ter dado um golpe de R$ 57 milhões, em valores da época e sem correção monetária, contra o Banestes é que houve algum movimento no Espírito Santo para tentar entender a prática criminosa e o motivo de nada ter sido feito de concreto até agora. Foi nesta terça-feira (11) que em uma reunião virtual, os deputados estaduais que integram a CPI da Sonegação decidiram investigar a atuação do grupo inglês Infinity Bio-Energy no Espírito Santo.
A empresa que já teve falência judicial decretada levantou o empréstimo e como tinha sede em um paraíso fiscal ficou difícil de o dinheiro do banco estadual conseguir retornar. A CPI aprovou pedido de quebra de sigilo bancário referente a uma transação financeira realizada no ano de 2007 entre o Banestes e o grupo inglês. A transação é referente a um empréstimo, na época, no valor de R$ 57 milhões.
O pedido foi formulado pelo deputado estadual Marcos Garcia (PV), vice-presidente do colegiado. Na justificativa, o solicitante argumentou que o caso aponta para “fortes indícios de que o grupo aplicou um golpe no Estado”. A sede do grupo, criado em 2006, fica na Avenida Canon´s Court, nº 22, no distrito de Victoria Street, nas ilhas Bermudas, um território britânico ultramarino no Caribe, próximo a Cuba.
Usinas
A empresa entrou em recuperação judicial em 2009. O grupo atuava na área de produção de etanol e chegou a ter seis usinas em funcionamento no país, sendo duas no Espírito Santo, em Conceição da Barra (Disa) e em Pedro Canário (Cridasa). O pedido de Marcos Garcia (PV) foi aprovado pelo presidente do colegiado, deputado Marcelo Santos (Podemos) e pelo relator, deputado Adilson Espindula (PTB).
O grupo tinha o controle acionário da Tinto Holding, de propriedade do empresário Natalino Bertin – teve a falência decretada pelo juiz Marcelo Barbosa Sacramone, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo. Bertin também esteve envolvido em denuncias de corrupção contra o ex-presidente Michel Temer e o com o ex-ministro de Temer, Moreira Franco. Chegou a ser preso por isso, mas logo foi solto pela Justiça.
As dívidas não estavam sendo pagas na época, como estabelece o plano de recuperação judicial. As duas usinas do grupo no Espírito Santo foram desativadas. A Disa chegou a ser desalienada para pagar cerca de R$ 30 milhões aos credores trabalhistas, o que acabou não acontecendo porque o empresário deixou de quitar os débitos trabalhistas. As usinas capixabas ficaram sem operar e os canaviais entraram em deterioração. A Cridasa não opera desde a safra 2013/14, enquanto a Disa não atua na produção de álcool desde meados de 2015/16.