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Crescente mercado vegano demanda investimentos em pesquisas e inovação

Segundo Dirceu Tornavoi de Carvalho, tendência é de expansão do mercado, motivado pela causa animal, questões ambientais e de saúde

Cerca de 46% da população já exclui a carne do prato, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana – Foto: Pixabay

O interesse por produtos veganos dos mais diversos segmentos está em crescimento, como indica o mercado global de cosméticos veganos, que deve chegar a US$ 21,4 bilhões até 2027, segundo dados da ReportLinker, empresa de tecnologia com sede na França. Além disso, no Brasil, mais de 30% da população escolhe opções veganas em restaurantes e estabelecimentos, indica pesquisa realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). A principal motivação para a busca de produtos sem origem animal é justamente a “crueldade que existe com a parte dos animais”, avalia Dirceu Tornavoi de Carvalho, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP. 

Além disso, o professor também atribui o crescimento do consumo desses produtos a “causas ambientais, como o desmatamento”, à causa animal e à “crença em relação à saúde”, situações em que os consumidores observam impactos negativos da carne para o organismo.  Ainda segundo a SVB, 46% da população já exclui a carne do prato, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana.

Consumo consciente

Quem faz parte das estatísticas do crescente consumo de produtos sem origem animal e atribui a isso a questão animal, como cita o professor da USP, é a social media, Luiza Araújo, de 23 anos. Ao mesmo tempo em que aderiu à alimentação vegetariana no começo de 2021, a jovem passou a dar maior prioridade a produtos da mesma linha, embora já os consumisse antes, e afirma a compreensão de que “os animais não precisam sofrer para eu estar bonita, para eu me sentir bonita, para eu cuidar de mim”.

Mercado vegano tende a crescer com o tempo, prevê professor Dirceu de Carvalho – Foto: Pixabay

Cosméticos e produtos relacionados ao cuidado estético são mais fáceis para a jovem evitar a exploração animal, pois “hoje em dia, tem muitas opções veganas de esmalte, de produto para cabelo, maquiagem, e com opções até acessíveis”, o que “acaba sendo uma transição um pouco mais fácil”, explica. Para manter esse padrão de consumo, Luiza se atenta aos rótulos dos produtos e ao posicionamento de marcas e empresas que se declarem 100% veganas.

Ao falar de sua experiência, Luiza cita o vegetarianismo e o veganismo como forma de consumir de forma consciente e criteriosa, além de levá-la à reflexão sobre um estilo de vida saudável que beneficie a si e a todo o planeta. “No que tiver opção vegana e for boa e saudável para mim, para os animais e para o meio ambiente, eu vou fazer essa opção”, afirma.

Investimento para atender ao crescente mercado

Conforme pesquisa do antigo Ibope Inteligência, feita em abril de 2018, também encomendada pela SBV, 14% da população brasileira se declara vegetariana, o que equivale a cerca de 30 milhões de pessoas aderindo a essa alimentação. Ainda segundo a SBV, a estimativa é que, desse total, cerca de 7 milhões sejam veganos, pessoas que rejeitam qualquer produto originado de exploração e crueldade contra os animais, tanto na alimentação quanto no vestuário e outros segmentos.

Na análise do professor Carvalho, “esse mercado com certeza tende a crescer com o tempo” e expandir de forma diversificada, com possibilidade de redução dos preços, “que hoje ainda são relativamente altos em relação a produtos similares feitos com ingredientes à base de carne”. Dessa forma, o especialista adianta que as empresas precisam investir em inovação, pesquisa e desenvolvimento de fórmulas e mecanismos para a obtenção de produtos sem origem animal, para, dessa forma, atender a esse mercado.

Por Vitória Pierri / Jornal da USP