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Deputado do Novo quer a importação de carros velhos de países ricos, sem garantia de peças de reposição

Atualmente os países ricos despejam na África veículos usados altamente poluentes

Carros usados altamente poluentes provenientes da Europa, Japão e Estados Unidos na África | Foto: ONU

Contrariando o nome do partido dos banqueiros, o Novo, o deputado federal gaúcho Marcel van Hattem (Novo-RS) apresentou o projeto de Lei 237/2020 para propor a importação de veículos usados sem intermediação para o Brasil. A própria ONU está condenando esse tipo de importação, segundo latório lançado em outubro do ano passado através do Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma).Segundo a ONU milhões de carros usados altamente poluentes e que não podem mais circular em mercados desenvolvidos, são despejados em países pobres da África.

O deputado do Novo quer que o Brasil seja mais um depósito do lixo dos países ricos. O documento da ONU estima que pelo menos 80% do total de veículos usados “despejados” em países pobres naquele período não atendem ao padrão mínimo para circulação na Europa, o Euro 4. Entre 2015 e 2018, cerca de 14 milhões de veículos usados foram exportados pela Europa, Japão e EUA, sendo que mais da metade deles foi para a África.

A importação de veículos usados é feita por países sem indústria automotiva nacional ou com produção local muito baixa, como ocorre na África e na América do Sul ocorre no Paraguai, que exige que esses automóveis usados tenham até 10 anos de uso. Em recente audiência na Câmara dos Deputados, a proposta do deputado do Novo recebeu críticas. Entre essas a falta de garantia de peças de reposição, o que levaria ao comprador a ter um elefante branco paralisado em sua garagem. Leia a íntegra do projeto de lei:

PL-237-2020

Falta de garantia para peças de reposição

De acordo com o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) se disse contrário a esse tipo de importação exatamente por falta de garantia de peças de reposição. Já a entidade que representa os fabricantes nacionais de veículos novos, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também não viu a proposta com bons olhos.

Além de não existir garantia para peças de reposição, a Anfavea ainda lembrou que os carros foram feitos para um país desenvolvido, para ser usado com gasolina de qualidade e não a gasolina brasileira, de baixa qualidade devido à mistura obrigatória exigida pelo governo Federal com álcool. Outro problema apontado é que os veículos, conforme foi denunciado pela ONU, são altamente poluentes e fora dos padrões de qualidade de emissão de poluentes exigido pelos países europeus e dos Estados Unidos. O comprador, mais uma vez, teria um elefante branco estacionado na garagem, por infringir à legislação brasileira que é próxima ao padrão europeu.

Na recente audiência pública até Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), também foi contrária, sob a alegação de que a importação de veículos automotores interfe nas vendas de veículos zero-quilômetro e porque os carros usados vão impactar negativamente nos serviços de pós-venda das marcas oficialmente estabelecidas no País.

“Ao consumidor brasileiro é permitida a importação apenas de veículos novos e, ainda assim, é necessário que o comprador se submeta a uma série de requisitos burocráticos para obtenção da autorização prévia de importação. Na prática, esses requisitos configuram uma barreira à entrada de novos agentes e um empecilho à competição, de forma que os consumidores ficam dependentes de um círculo restrito de grandes empresas importadoras”, diz o deputado do Novo.