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Deputados do ES ignoram falta de vacinas para 2ª dose de idosos e propõe novos grupos prioritários

Para agradar seu eleitorado, deputados ignoram falta de vacinas para idosos e propõe novos grupos prioritários na vacina | Foto: Ales

Com a falta de vacinas para o Covid-19, motivadas pelo desinteresse do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em ter adquirido os imunizantes ainda no ano passado, chega ser no mínimo estranho ver os debates dos deputados estaduais do Espírito Santo, na tentativa de incluir novos grupos de fura-filas para servem vacinados na frente dos idosos. Ainda faltam vacinas para a segunda dose dos idosos, que estão na lista oficial de prioridades do Ministério da Saúde, e ainda falta iniciar a vacinação das pessoas com comorbidades.

No entanto, a Assembleia Legislativa já conta com vários projetos de lei que inclui novos grupos, que não fazem parte da lista oficial do Ministério da Saúde, que é seguida à risca pela Secretaria de Estado da Saúde, como sendo prioritários na imunização contra o Covid-19. Os deputados insistem, para agradar à sua base política, e assim manter ativo o seu curral eleitoral.

Nesta última quarta-feira (28) foi a vez do deputado José Esmeraldo (sem partido) defender a imunização prioritária de autistas e pessoas com síndrome de Down. Na mesma sessão desta última quarta-feira, a deputada Iriny Lopes (PT) considerou bem-vindas as sugestões e ressaltou a necessidade de uma revisão no plano nacional de vacinação com base em critérios científicos.

Lucidez do velho cacique

Na opinião de Iriny, adultos jovens de 30 a 50 anos de idade deveriam receber as doses devido ao avanço da Covid-19 nessa faixa etária. No entanto, o velho cacique político de Cachoeiro de Itapemirim, Theodorico Ferraço (DEM), foi o único a demonstrar lucidez, quando questionou: Sem desconsiderar a importância das iniciativas dos colegas, no entanto, pediu “exame de consciência”. “Tem vacina para todo mundo? Infelizmente ainda não tem”.

Já o deputado bolsonarista capitão Assumção (Patriotas) utilizou, mais uma vez, a sua despreocupação com o coletivo, com os colegas de trabalho ou até familiares de negacionistas, que se recusam a vacinar. Assim, o seguidor de Bolsonaro no legislativo capixaba protocolou o projeto de lei 138/2021, onde “proíbe a vacinação forçada”. Já o deputado Bruno Lamas (PSB), preocupado com os votos provenientes de lideranças religiosas, protocolou o projeto de Lei  140/2021, onde inclui os líderes religiosos na vacinação prioritária contra o Covid-19.

Já o deputado e delegado da Polícia Civil Danilo Bahiense quis garantir os votos dos agentes penitenciários e dos agentes socioeducativos do Iases, ao incluiu esse grupo como fura-filas na vacinação. Bahiense protocolou o projeto de Lei 132/2021 nesse sentido. O deputado Bruno Lamas (PSB) apresentou outro grupo de fura-filas na vacinação, através do seu projeto de lei 137/2021, onde inclui os profissionais que trabalham com radiologia.

A lista de fura-filas prossegue com o projeto de lei 117/2019, de autoria do deputado Adilson Espindula (PTB), que inclui como prioridade para as assistentes sociais. A deputada Janete de Sá (PMN) fez a Indicação 826/2021 ao Governo do Estado pedindo prioridade na vacinação dos profissionais de imprensa contra a Covid-19.

Curiosamente, os próprios deputados comemoraram a sanção e publicação da Lei estadual 11.240/2021, que define punição para quem furar a fila de prioridades da vacinação contra a Covid-19 ou deixar, propositalmente, de aplicar o imunizante poderá ser multado. A lei fixa multa que varia de R$ 29 mil a R$ 116 mil para quem cometer essas infrações. Mas, a nova lei em vigor, não pune quem propõe projetos de lei para inclusão de novos grupos, no momento em que falta vacina e onde nem os idosos ainda receberam a segunda dose.