“A cultura é resistência. A Cidade não é sua (Pazolini). Ela é nossa”, diziam os manifestantes nas convocações para a ato feitas através das redes sociais
Com o hábito de não manter diálogo com as entidades de representação dos munícipes de Vitória, o prefeito da Capital do Espírito Santo, o bolsonarista Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi alvo de protesto pelo seu descaso com a cultura municipal. Cerca de 150 manifestantes representando 60 entidades culturais de Vitória promoveram o Grito da Cultura, devido ao desmonte que o bolsonarista vem promovendo na cultura e, principalmente, pelo seu desinteresse em incluir o município para receber verbas do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura).
A reivindicação queria apenas o que um prefeito deve fazer quando apresenta desinteresse por um setor da sociedade, no caso a cultura, ou seja, pediu apenas uma audiência, o que o prefeito tem se recusado. Os artistas, dirigentes de blocos carnavalescos, fóruns da juventude, coletivos culturais, entre outros segmentos que participaram da manifestação querem apenas ouvir do prefeito o que o motiva a ter desinteresse com a cultura do município.
Os artistas ainda reclamam do secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno, que se diz possuidor de título Doutor em Direito e professor universitário, mas que de forma arrogante não recebe a categoria para discutir o que motiva a falta de interesse em desenvolver o setor cultural. No protesto foi lembrado que o secretário de Cultura ignora até as reivindicações do Conselho Municipal de Cultura.
Redes sociais
Através das redes sociais, foi combinado o ato nesta última terça-feira (15), onde foi lembrado que “Nos últimos anos, a cultura sofreu com inúmeros ataques e não é tratada com o devido respeito e importância que merece em Vitória, cidade que já esteve na vanguarda nacional de políticas culturais e hoje sofre com o desmonte e apagamento de suas políticas”.
“Na gestão de Lorenzo Pazolini, a situação vem piorando significativamente, com desrespeito a leis que instituem políticas culturais, atos ilegais em favor de projetos de aliados, falta de planejamento, perda de recursos estaduais para o setor, violência policial contra pessoas e espaços culturais, destruição de políticas voltadas para a juventude, falta de diálogo com a sociedade civil e conselhos”, prosseguiu o grupo de artistas no Instagram. Leia a íntegra do requerimento da vereadora do PSOL ao prefeito de Vitória, em arquivo PDF:
Processo-2690_2022-Requerimento-de-Informacao-23_2022Capital do ES não pediu recurso para a cultura
No último dia 8 de março, a vereadora Camila Valadão (PSOL) protocolou na Câmara de Vereadores o Requerimento de Informação 23/2022 questionando o prefeito Pazolini o que motivou a à não adesão da Capital do Espírito Santo ao repasse de verba fundo a fundo do Fundo de Cultura do Estado doEspírito Santo, o Funcultura. No comunicado ao prefeito, ela lembrou que “o Governo do Estado do Espírito Santo anunciou o resultado do processo de seleção do repasse fundo a fundo no valor de R$5.000.000,00 para os municípios investirem em Cultura, por meio da Portaria nº’016-S, de 25 de fevereiro de 2022, publicada no DIO/ES do dia 03 de março de 2022”.
Vitória, Conceição da Barra e Divino de São Lourenço ignoram a cultura
“Ocorre que, para receber a verba era necessário ao município apresentar a documentação exigida, o que não foi feito por parte do Município de Vitória. Diante disso, 75 municípios capixabas foram contemplados com valores a partir de R$29.376,71. Além de Vitória, somente os municípios de Conceição da Barra e Divino de São Lourenço não serão beneficiados pelo repasse do fundo”. Camila Valadão lembra que isso ocorreu por falta de documentações.
“Pela planilha de repasse anexa à Portaria supramencionada, os municípios da Região Metropolitana irão receber o maior volume de recursos, sendo que Serra, Cariacica e Vila Velha vão receber em média R$870 mil reais cada. Certamente, portanto, Vitória deixou de receber uma alta verba para investimento em cultura”, completou. A vereadora lembrou que o prefeito é obrigado a responder dentro do prazo de 30 dias, o que vai se esgotar na primeira semana no próximo mês.
Camila fez as seguintes três perguntas à Pazolini: “a) Por quais razões a Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) não cumpriu as exigências legais a fim de receber os repasses do Funcultura; b) O que precisa ser regularizado para o recebimento da verba futuramente; c) Quais as providências (que) a Prefeitura Municipal de Vitória está tomando no sentido de se adequar para aderir ao fundo em novas oportunidades”.