De acordo com prévia feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), até o último dia 17 o desmatamento da Amazônia já bateu recorde histórico para o mês fevereiro. A expectativa é que o processo de destruição, promovido por madeireiros e grandes latifundiários responsáveis pela criação de gado em área desmatada, eleve ainda mais a destruição da floresta amazônica até esta terça-feira (28), quando encerra o mês.
De acordo com os dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), até o dia 17 de fevereiro foram desmatados 209 quilômetros quadrados de floresta. Com isso foi batido o recordo desde que a série histórica foi iniciada em em 2015. A destruição em apenas 17 dias deste mês equivale a mais de 29 mil campos de futebol.
Até então, o recorde era de fevereiro do ano passado, quando foram destruídos 198,6 quilômetros quadrados. Neste ano, o estado onde ocorreu a maior destruição foi Mato Grosso, onde 129, 4 quilômetros quadrados de árvores nativas foram derrubadas, seguido de Pará (33,9 quilômetros quadrados) e Amazonas (23,1 quilômetros quadrados).
Nuvens prejudicaram monitoramento por satélite em janeiro
O novo recorde sucede a queda no desmatamento, que ocorreu em janeiro último. No mês passado, o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) sinalizou que havia ocorrido um desmatamento de 167 quilômetros quadrados, o que apontou 61% a menos do que o registrado no mesmo período do ano passado. Naquela ocasião, os especialistas alertaram que aqueles números não deveriam ser comemorados e que deveriam ser vistos com cautela. A explicação é que houve um alto índice de cobertura de nuvens, o que prejudica o monitoramento por satélites.
No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro havia um estímulo ao desmatamento e com isso ocorreu um incremento de 75,5% na destruição da Amazônia. Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) garantem que devastação ocorre devido ao avanço de fazendas e grileiros que cortam a floresta para a criação de gado e agricultura.
Políticos são pecuaristas em área de floresta destruída
De acordo com arquivo do portal De Olho nos Ruralistas, havia em meados da última década um total de 18 políticos, todos de partidos conservadores, que possuíam 50 mil cabeças de gado na área de floresta desmatada criminosamente. A publicação ainda alertou que “nos 52 municípios que mais desmatam no Brasil, os pecuaristas são os principais candidatos à prefeitura.” E completou: “Entre os 308 postulantes aos cargos de prefeito e vice-prefeito, nada menos que 68 são produtores de gado – na região onde a pecuária é a principal vilã da destruição da Amazônia. Entre eles, há um grupo seleto de 18 candidatos que possuem 50 mil cabeças de gado. Eles as declararam por R$ 55 milhões. A maioria deles tenta ser prefeito.”
É dato destaque que o segundo rebanho do Pará é o de Novo Repartimento, município com 77.214 habitantes.. Um dos que tentou chegar à prefeitura, como vice-prefeito, foi um pecuarista desmatador do Partido Verde (PV), o mesmo partido que já controla a Prefeitura daquela cidade. “Um integrante do Partido Verde no olho do furacão do desmatamento? Sim. Advogado de assentados do Incra, ele declarou possuir R$ 6 milhões em bens. Há dois anos, candidato a deputado estadual, seu patrimônio era bem mais modesto: R$ 825 mil. Em 2014 ele não tinha nenhuma cabeça de gado. Agora tem quase 3 mil”, completou.