O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, apresentou em reunião da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), nesta terça-feira (22), dados que constatam o aumento de impurezas encontradas no café vendido no Espírito Santo. As análises laboratoriais foram feitas pela Abic entre 2019 e 2021. Somente neste ano a Delegacia do Consumidor (Decon) fez três operações policiais e tirou do mercado produtos alterados, entre essas marcas está o café Pelé, produzido em São Paulo.
Duirante a reunião foi lembrada essas apreensões, realizadas pela Decon e a Comissão de Agricultura, onde o café de má qualidade estava sendo comercializado em supermercados da Grande Vitória e Cachoeiro de Itapemirim. A venda de café de má qualidade não intimidou os empresários em elevar abusivamente o preço. Atualmente, o preço do pacote de 250 gramas do café em pó vai de R$ 7,80 a R$ 17,00 (este último para o produto rotulado como sendo “gourmet”). E o pacote de meio quilo vai de R4 7,00 a R$ 26,00.
Vinte e três marcas capixabas flagradas vendo café com impurezas
Conforme o diretor da associação, Celírio Inácio, em 2019 foi encontrado café misturado com outras substâncias em 2% dos produtos analisados dos 23 associados capixabas à Abic; em 2020 esse percentual passou para 9%; e em 2021 foi de 8%. Entre os não associados com indústrias localizadas aqui, os resultados foram maiores, com 21% de impureza confirmada nos produtos em 2019 e 2020; e 31% em 2021.
“Nesse ano de 2021 nós passamos a ter maiores coletas, maiores monitoramentos porque entendemos que tivemos muitas dificuldades de aquisição de matéria-prima e vontade de fazer errado”, avaliou Celírio Inácio.
“É um mercado extremamente competitivo. Fazemos todo o trabalho para mostrar (…) a diferença de um café para o outro, não só na impureza como na qualidade”, afirmou o diretor. Ele afirmou que em 2021 o custo das matérias-primas registrou 140% de aumento. No ponto de venda foi constatado aumento de 52% no café torrado e moído.
O mapa das impurezas do café de 2021 traz o estado de Minas Gerais na primeira colocação, seguido por São Paulo, Goiás, Bahia, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Conforme o diretor da Abic, Celírio Inácio, o Espírito Santo não pode ser visto como um Estado que se destaca quando o assunto é impureza do café.
Selo de pureza da Abic
A coordenadora de Projetos da Abic, Mônica Pinto, lembrou que em 1989 foi lançado o Programa de Autorregulamentação do Selo de Pureza da associação com o objetivo de banir as impurezas na bebida e aumentar o consumo interno. A iniciativa foi colocada em prática entre os anos de 1980 e 1990, época de recorrentes fraudes no segmento no Brasil.
O cenário de desrespeito à legislação acabou impactando na credibilidade da bebida nacional, que registrou queda no consumo. A Abic atuou no sentido de reverter esse movimento e para assegurar a competitividade do setor, explicou a coordenadora da entidade. Para isso, mais de R$ 30 milhões já foram investidos pela entidade para aumentar a credibilidade do café brasileiro.
Participaram da reunião os deputados Theodorico Ferraço (DEM), Raquel Lessa (PP), Marcos Garcia (PV), Emílio Mameri (PSDB), além do bolsonarista Torino Marques (PSL). Também estiveram presentes o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), Márcio Cândido Ferreira; o presidente do indicato da Indústria do Café do Estado do Espírito Santo (Sincafé), Egídio Malanquini, e os vereadores de Sooretama Igor do Salão e João Paulo (ambos do PMN).