Os consumidores vão poder assistir no documentário “O que se vende, o que se come”, os impactos negativos para a saúde ao se consumir esses produtos artificiais para saúde humana, que são difundidos através de massiva propaganda enganosa, sem que haja um órgão governamental para fiscalizar
Os malefícios para a saúde do consumidor, que é enganado por campainhas publicitárias milionárias, que induzem a consumir ´produtos “alimentícios” ultraprocessados, levou o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec)
a lançar o vídeo “O que se vende, O que se come”. O documentário com 28 minutos, que é possível assistir gratuitamente no YouTube, traça um panorama sobre as estratégias das indústrias de produtos alimentícios ultraprocessados “para venderem a qualquer custo, enquanto dimensiona os impactos desse processo em nossas vidas.”
Segundo o Idec, a indústria de ultraprocessados movimenta anualmente mais de um trilhão de reais. Para alcançar esses números e convencer milhões de pessoas a consumirem produtos cujos ingredientes mal conhecem, ela conta com uma poderosa aliada: a publicidade. A entidade ainda reclama de o Brasil não possuir um órgão oficial de vigilãncia sobre a publicidade, deixando a suposta “fiscalização” a cargo dos próprios publicitários, através do Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária (Conar) criado durante a ditadura militar pelos empresários da criação de publicidade, para evitar a censura que havia durante aquele regime de exceção.
Investigação
“O que se vende, O que se come” investiga as estratégias das grandes indústrias de alimentos ultraprocessados para impulsionar suas vendas a qualquer custo — e os impactos desse modelo em nossa saúde e sociedade.O Idec assinala em sua nota que a indústria dos produtos ultraprocessados usa da propaganda enganosa para atingir sua elevada lucratividade
E ainda reforça que o Conar ignora esse tipo de propaganda que visa enganar a boa fé do consumidor, porque ele é gerido pelos próprios publicitários ed pelas grandes redes de televisão, que ganham dinheiro com essas propagandas que visam ludibriar a população.
Imagens de frutas, que não existem dentro do ultraprocessado
Em uma abordagem sobre as mentiras ditas na propaganda enganosa, é explicado sobre o uso de imagens de frutas, que não fazem parte da composição de um produto ultraprocessado. A coordenadora do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec, Laís Amaral, fez o seguinte comentário durante a sua participação no documentário:
- “É comum, por exemplo, a publicidade de ultraprocessados destacar que seus produtos levam ingredientes naturais, como frutas, leite e mel, e não outros que seriam vistos como menos saudáveis. Porém, muitas vezes o item nem está de fato na composição desses produtos, sendo chamado de ‘ingrediente fantasma’”
O documentário conta com a participação de especialistas renomados, como Adalberto Pasqualotto, Alain Santandreu, Ana Olmos, Ana Paula Bortoletto, Isabela Henriques, Jaime Delgado, Marília Albiero e Renata Monteiro, além de membros da equipe do Idec: Igor Britto, Laís Amaral e Mariana Ribeiro.
Produtos idealizados para viciar o consumidor
O vídeo ainda aborda uma outra estratégia utilizada é adicionar na composição dos ultraprocessados aromatizantes, corantes e/ou edulcorantes, tornando-os hiperpalatáveis. Isso para que gerem uma quantidade excessiva de estímulos no paladar das pessoas e, assim, elas consumam muito mais desses itens do que consumiriam de um produto natural. Ou seja, são produtos arquitetados para viciar.
No desenvolvimento do documentário é apresentada a proposta de mudar esse cenário negativo para a saúde da população, onde os especialistas ouvidos apontam a importância da implantação de políticas públicas. É dado o exemplo de que desde 2022, alguns produtos trazem uma lupa na parte da frente da embalagem, indicando quantidades excessivas de açúcar, gordura saturada e/ou sódio. Porém, ainda há a necessidade da criação e da instituição de outras muitas políticas regulatórias de alimentação e nutrição.
Ficha técnica do documentário:
- Direção de projeto: Chica Andrade
- Direção geral: Rafael Mellim
- Produção executiva e geral: Láisa Freitas
- Coordenação de produção: Beatriz Henriques
- Roteiro: Priscilla Maria e Rafael Mellim