A previsão inicial era de o lançamento do filme Mariguella, de Wagner Moura, tivesse chegado às telas dos cinemas há dois anos atrás, mas após dificuldades como a intromissão do presidente Bolsonaro, que queria censurar a obra cinematográfica e, em seguida a pandemia do Covid-19, o lançamento oficial vai ocorrer na quinta-feira da próxima semana. Dia 4 de novembro próximo ocorre a estreia oficial do filme, que tem roteiro de Moura e de Felipe Braga feito a partir da biografia homônima do jornalista Mario Magalhães (“O guerrilheiro que incendiou o mundo”).
Na entrevista coletiva que anunciou a data oficial do lançamento, Wagner Moura disse ter ficado muito feliz de ter feito o filme: “Ele não é uma resposta a nenhum governo em particular, é maior do que isso. Mas claro que qualquer obra de arte precisa ter um diálogo com seu próprio tempo. Então o modo como o filme será recebido não pode ser desvinculado da realidade atual”, ressaltou na ocasião, acrescentando que é também um filme sobre resistência.
“Marighella não é um documentário, é um filme sobre a história do meu país”, avisa Wagner Moura. Mariguella é um filme híbrido, que mistura realidade e ficção, combinando elementos biográficos com cenas de ação e liberdades criativas. Por exemplo, os parceiros de Carlos Marighella são tratados por nomes fictícios. A vida pessoal é contada no tempo da própria narrativa, seguindo dois eixos: a angústia que o separa do filho Carlinhos, e a aflição de Clara, de quem Marighella também se afasta por conta das perseguições políticas.
Chega ao Brasil após fazer sucesso internacional
Mariguella chega às telas dos cinemas brasileiros após ter feito sucesso no exterior e de ter tido participação exemplar nos mais importantes festivais de cinema do mundo: Além do festival Berlinale, em Berlim, onde o filme teve uma concorrida noite de gala no evento e foi apresentado fora de competição, foi exibido nos festivais de Seattle, Hong Kong, Sidney, Santiago, Havana, Istambul, Atenas, Estocolmo e Cairo.
No Brasil, antes da pandemia do Covid-19, que obrigou ao fechamento dos cinemas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou a Agência Nacional do Cinema (Ancine) para fazer de tudo para impossibilitar o lançamento em pelo menos duas ocasiões anteriores. Segundo Moura, “Marighella” foi censurado pelo órgão do atual governo por ser uma biografia de Carlos Marighella, guerrilheiro comunista que lutou contra a ditadura militar. “Não é censura como foi na época da ditadura, de que não vai passar e pronto, mas é uma censura que inviabiliza o lançamento de filmes por uma via burocrática. É triste, é só triste. Eu não tenho raiva, só tristeza.”, explicou.
“As negativas da Ancine para o lançamento e, depois, o arquivamento dos nossos pedidos não têm explicação. E isso veio numa época em que o Bolsonaro falava publicamente sobre filtragem na agência”, disse o diretor. O longa-metragem teve locações na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, para contar a história do guerrilheiro baiano que lutou contra a ditadura militar. Morto numa emboscada em 1969, Marighella criou o grupo de guerrilha urbana, a Ação Libertadora Nacional (ALN), onde comandou greves e foi detido por escrever poemas políticos.
Ficha técnica:
Título | Marighella |
Ano | 2019 |
Dirigido por | Wagner Moura |
Lançamento | 4 de novembro de 2021 |
Duração | 155 minutos |
Gênero | Biografia, Drama |
País de origem | Brasil |
Elenco: Seu Jorge (no papel de Mariguella), Adriana Esteves (Clara, sua esposa), Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcellos, Herson Capri, Humberto Carrão, Bella Camero, Ana Paula Bouzas, Carla Ribas, Jorge Paz, entre outros.