fbpx
Início > Dono de carro a gasolina pode ser prejudicado com projeto que amplia mistura de álcool

Dono de carro a gasolina pode ser prejudicado com projeto que amplia mistura de álcool

Dono de carro a gasolina pode ser prejudicado com projeto que amplia mistura de álcool | Imagem: Instituto Combustível Legal

Encontra-se na mesa diretora da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 528/2020 e seus apensados, que pretende impor de forma abrupta o aumento do percentual do etanol na gasolina, hoje em 27,5%, para 35%. A medida vai trazer prejuízos rotineiros aos proprietários do veículos movidos exclusivamente a gasolina e a própria Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que são necessários mais testes para avaliação.

Os veículos que circulam exclusivamente a gasolina ainda tem uma elevada participação na frota brasileira. Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), disponibilizados pelo Ministério dos Transportes, apenas em Vitória (ES) havia em janeiro último 211.515 veículos registrados. Desse total, 65.957 utilizam apenas gasolina. Ou seja, na capital do Espírito Santo os veículos que utilizam apenas gasolina representam 31,18%% do total da frota desse município.

Segundo a revista 4 Rodas, uma conceituada publicação especializada em veículos, o uso do biocombustível em um motor projetado para queimar somente gasolina é possível, mas provocará danos no conjunto. O primeiro impacto ocorre na partida a frio. O etanol tem menor poder calorífico e é mais difícil de ser pulverizado em baixas temperaturas. Por isso modelos flex ou movidos apenas a álcool devem ter  um sistema específico para ajudar a ligar o motor nessas situações.

O carro a gasolina não tem esse dispositivo e ao ligá-lo no frio quando houver etanol no tanque será bem mais difícil, sobrecarregando o motor de arranque. Como o poder calorífico do álcool é menor ( poder calorífico é a energia que o combustível libera quando queimado) é de 6100 kcal/kg em contrapartida a da gasolina é na ordem de 9600 kcal/kg, o etanol torna-se mais difícil de ser pulverizado na câmara de combustão em temperaturas baixas.

O excesso de álcool na gasolina leva a destruição dessas peças, cujo custo de reposição fica acima de R$ 1,6 mil | Imagem: Mercado Livre

Prejuízo

A longo prazo é a corrosão nos componentes do motor do carro a gasolina começam a dar prejuízo ao seu proprietário, como: velas de ignição, bicos injetores e anéis do pistão; devido a percentagem maior de água presente no etanol. A troca dessas peças passa a ser rotineira, além de o veículo perder potência.

Outro problema apontado pelos mecânicos é o etanol, comercializado nos postos de combustíveis, tem até 5% de água em sua composição. Essa água (inexistente na gasolina, que usa álcool anidro na mistura) irá provocar corrosão e danos em todas as partes do carro que entram em contato com esse combustível. Além das peças citadas acima, ainda há a destruição do catalisador e do escapamento.

Saiba quem é o deputado do PP autor desse projeto

Esse projeto de lei, que tem como objetivo alterar as Leis nº 13.033, de 24 de setembro de 2014, e nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 é do Jerônimo Pizzolotto Goergen (PP-RS), um profissional da política, que já teve dois mandatos de deputado estadual e atualmente está no terceiro mandato de deputado federal pelo Rio Grande do Sul.

O parlamentar que pretende trazer prejuízos aos donos de carros a gasolina tem o seguinte curriculo político: Foi a favor de acabar com o Licenciamento Ambiental para diversas atividades;Ele foi a favor da PEC da Reforma da Previdência e contra excluir os professores nas regras da mesma; O deputado do PP foi contra a redução do Fundo Eleitoral; contra a suspensão do mandato do deputado Wilson Santiago (PTB/PB), acusado de corrupção. Foi a favor de dificultar a punição por improbidade administrativa. Defendeu a cobrança de bagagem por companhias aéreas; se colocou a favor do “Pacote Anti-crime” de Sergio Moro; defendeu a possibilidade de empresas comprarem vacinas da Covid-19 sem terem que doar ao SUS e foi favorável a privatização da Eletrobras.

Quais são seus argumentos

Na justificativa de seu projeto que quer elevar a mistura de etanal à gasolina dos atuais 27,5% para 30%, eletraz os seguintes argumentos: “A previsibilidade da demanda de biodiesel é essencial para a viabilização de investimentos na expansão da capacidade produtiva desse combustível no País. Por essa razão, desde a instituição do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, estabelece-se em lei ou, por delegação legal, em resolução do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE o percentual de adição obrigatória de biodiesel ao óleo diesel vendido ao consumidor final.”

“Apesar disso, é inegável que a definição do referido percentual em lei confere maior segurança para os agentes econômicos interessados em produzir biodiesel. Também não se pode deixar de reconhecer que quanto maior o horizonte temporal do cronograma de adição obrigatória de biodiesel ao diesel vendido ao consumidor maior é a previsibilidade da sua demanda e, por via de consequência, menor é o risco para os investidores”, prosseguiu.

E o preço?

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), para compor o preço da gasolina, muitas questões devem ser analisadas. Uma delas é o custo da produção, onde é mais barato produzir etanol, mas há exceções. Em 2021, por exemplo, durante a crise hídrica, houve um momento crítico em que a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) sugeriu que o governo reduzisse temporariamente a porcentagem de etanol para 18% – pedido que não foi atendido.

A cotação do etanol – que é um derivado da cana-de-açúcar – depende da disponibilidade da matéria-prima. Ou seja, de safras e entressafras. “Cabe ao governo monitorar as questões que envolvem oferta e demanda, principalmente nos períodos de entressafra, para proteger o consumidor final que paga pelo produto”, disse a Federação, em nota, naquela época. A grande justificativa era a baixa oferta de etanol e, principalmente, a elevação do custo do anidro (misturado à gasolina).

Ainda não é possível falar em preços, pois depende da regulamentação do novo combustível. Mas se a história serve como referência, uma das principais críticas à mudança em 2015 foi que continuamos pagando o mesmo valor por um combustível de produção mais barata, acentua o Minaspetro.