Os novos vagões de passageiros foram construídos pelo fabricante chinês CRRC Sifang para a Estrada de Ferro Vitória a Minas e Estrada de Ferro Carajás (EFC) dentro das exigências do Governo Federal para a renovação antecipada na concessão das ferrovias

Segundo nota divulgada à imprensa pela Vale, já foi dado início à uma operação assistida da nova frota do trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Com 34 novos vagões, a frota começou a circular em fase de testes no trajeto regular, de forma intercalada com a frota atual. “Essa etapa permitirá avaliar a performance operacional desses vagões durante o atendimento aos usuários para aprimorar ainda mais a experiência de viagem”, diz a mineradora e dona da EFVM.
No contrato de renovação antecipada da concessão da EFVM, firmado em 2020, ainda no Governo Bolsonaro, ficou previsto que a concessionária teria que aumentar a oferta diária de um para dois pares de trens de passageiros nos meses de férias (janeiro, julho e dezembro) a partir de 2025. A expectava da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) é que as novas aquisições poderão vir a transportar 1.075.125 passageiros/ano a partir deste ano.
Fabricantes nacionais criticaram
Os vagões fabricados na China passarão a integrar a atual frota de passageiros da Vale, que foram construídos pela empresa romena Astra Vagoane Calatori em um contrato datado de 2012. No entanto, a decisão da Vale em comprar ovos vagões em um grande fornecedor chinês, foi alvo de críticas por parte de indústria nacional, que chegaram publicar nota garantindo que tinham capacidade de atender à encomenda.
O Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre) e a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) protestaram, diante do descaso da empresa com os fabricantes nacionais. As duas entidades chegaram a lançar um manifesto público sobre a aquisição de trens chineses pela Vale. A Abifer emitiu uma nota manifestando “total indignação” com a escolha da Vale pela fabricante chinesa.
O que diz a Vale
Segundo João Falcão, diretor da Estrada de Ferro Vitória a Minas, a nova frota marca um importante avanço na operação ferroviária da Vale, com tecnologia voltada para o bem-estar de quem utiliza o serviço. “Os novos carros mantêm os recursos de conforto e segurança. Os testes sem passageiros começaram no último ano e, agora, faremos essas viagens para concluir a entrega do novo trem com escuta à sociedade”, diz o diretor da ferrovia.
A nova composição inclui classes executiva e econômica, serviço de alimentação, além de acessibilidade com elevador e espaços dedicados a pessoas com mobilidade reduzida. Os novos vagões, conhecidos como carros de passageiros, foram projetados para elevar os padrões de segurança e conforto.
Na sua nota a Vale comprova que vai cumprir o acordo com o Governo Federal e vai ampliar a oferta de vagas nas composições de passageiros. “As viagens serão ampliadas nos meses de alta temporada a partir de 2026. Estudos estão em andamento para definir o formato dessa operação, incluindo horários e pontos de parada”, diz a empresa na sua nota.

Falta de interesse em expandir trem de passageiros
No Brasil não há interesse dos órgãos governamentais em ampliar a oferta de viagens em trens de passageiros. O caso mais recente é a Estrada de Ferro 118 (EF-118), que ligará Santa Leopoldina (ES) à Anchieta (ES), passando por Cariacica, Vila Velha e Guarapari, que teve audiência pública recente em Vitória (ES). Questionado se haveria transporte de passageiros, o Ministério dos Transportes afirmou em nota que “não.”
A EF-118, que ainda interligará Anchieta à Nova Iguaçu (RJ), depois de um processo de licitação pública, segundo a nota do Ministério dos Transportres será construída apenas para o transporte de “carvão, minério de ferro, contêineres, ferro gusa, concentrado de cobre e Ferro Briquetado a Quente (HBI)”.Nada de passageiros.
EFVM
Já a Vale afirma em sua nota que a “Estrada de Ferro Vitória a Minas é a única ferrovia no Brasil a operar um trem de passageiros de longa distância diariamente, conectando os estados de Minas Gerais e Espírito Santo em um trajeto de 664 km, com duração de cerca de 13 horas e meia.”
De acordo com a Vale, a sua frota oferece espaços acessíveis e todos os carros são climatizados, equipados com tomadas para dispositivos eletrônicos, monitores de vídeo para entretenimento e detectores de fumaça. A ferrovia também se destaca pela segurança e pela avaliação ambiental, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres.