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Em 12 anos a população capixaba envelheceu, aponta os dados preliminares do Censo 2022


Com 31% dos capixabas entrevistados, o IBGE vislumbra que, além do envelhecimento, a pesquisa indica que houve queda da fecundidade da mulher e redução do tamanho das famílias no Espírito Santo


A mudança do perfil da população redireciona as políticas públicas, diz Fraga, dirigente local do IBGE | Foto: Divulgação/IBGE

Com a previsão de ser concluído em 30 de outubro, o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciado em agosto último, já conta com 31% dos capixabas entrevistados. A convite da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), o superintendente estadual do IBGE no Espírito Santo, Max Athayde Fraga, deu algumas informações preliminares e observou que mesmo distante do resultado final, já é possível observar a tendência de envelhecimento e de encolhimento das famílias do Espírito Santo.

“O que chama mais a atenção é o envelhecimento da população. Em 2000, era predominantemente de 20 a 25 anos. Agora, a maior parte da população está na faixa de 40 a 45 anos. Há um estreitamento da base da pirâmide etária indicando a queda da fecundidade da mulher e a redução do tamanho das famílias. O topo da pirâmide começa a se alargar, apontando maior longevidade tendo em vista o avanço da medicina. A mudança do perfil etário da população redireciona as políticas públicas”, aponta Fraga.

Cenário

O cenário para a extração dos dados se encontra nas visitas que os 3.600 recenseadores do IBGE vêm fazendo em cerca de 1,4 milhão de domicílios nos 78 municípios do Espírito Santo. O cronograma do levantamento previu a duração de três meses. Até agora, o IBGE já coletou dados de 31% da população do Estado e 37% de todos os brasileiros. São três modalidades para que o cidadão responda ao questionário: presencialmente, por telefone e pela internet, em dois tipos de questionário: básico, com 26 perguntas e com duração de seis minutos e o ampliado, que contém 77 questionamentos e dura 16 minutos.

A Ales lembra que uma das principais funções do Censo é municiar os governantes a formular políticas públicas a partir desses dados, para definir a alocação de recursos públicos. Ao constituir um raio X sobre a situação socioeconômica do Brasil, a pesquisa permite que os governos federal, estaduais e municipais conheçam as necessidades da população e implantem programas sociais e econômicos para supri-las. É o caso, por exemplo, de ações que visem à geração de emprego e renda, a melhorias na educação e saúde, à inclusão social de negros e pessoas com deficiência e ao combate da fome e do desemprego, lembra a Ales.

Além do setor público, os dados coletados no Censo têm uso no setor privado, servindo para que empresários determinem a localização de seus empreendimentos, como fábricas, supermercados, shopping centers e escolas, por exemplo.  A análise do perfil da mão de obra também é instrumento fundamental para sindicatos, associações profissionais e entidades de classe. Já os cidadãos poderão, a partir dos dados, cobrar por maior atenção do governo municipal ou estadual para problemas específicos, como expansão da rede de água e esgoto, destaca a Ales.

Atraso no ES

Com alegação de falta de pessoal, a gestão regional do IBGE disse que o Espírito Santo está em 22° lugar nas unidades da federação recenseadas. Até agora pouco mais de um terço da população já foi entrevistada, ficando o Estado abaixo da média brasileira, que é de cerca de 37%. “Temos 3.600 vagas para contratar recenseadores, mas estamos – no momento – com apenas 3 mil. Estamos abrindo processos seletivos para contratar mais, em especial nessa fase final da coleta. Há processo contínuo de reposição de vagas. Temos uma lista de espera e semanalmente vamos chamando e treinando mais pessoas para recompor a equipe”, disse o superintendente do IBGE.

Um dos motivos da dificuldade na contratação é a questão da empregabilidade. “A mão de obra temporária é muita escassa em alguns municípios, como Santa Maria de Jetibá. Essa falta de recenseadores está ligada à questão da empregabilidade. No Nordeste, o número de vagas ocupadas é percentualmente muito maior do que no Sul e Sudeste”, explica Fraga.

Uma questão que também deve ser levada em conta é a produtividade dos recenseadores, que é definida por edital e determina 25 horas de trabalho semanal. “Quando alguns estão com produtividade baixa, ou seja, caso faça, sem motivo justo, menos de 20 questionários por dia, o recenseador será substituído por não atender o edital”.

Outro fator que tem complicado a coleta de dados é a dificuldade de encontrar as pessoas em casa para responder ao questionário. “O maior problema hoje, principalmente na classe média e média alta, é achar as pessoas em casa. As famílias estão menores. Durante o dia, as pessoas estão no trabalho ou estão buscando trabalho. O recenseador precisa voltar várias vezes até conseguir falar com essa pessoa. Precisa procurar essas pessoas em horários alternativos e nos finais de semana”, esclarece o superintendente do IBGE.

População de rua, ciganos, índigenas e quilombolas

Este ano o Censo traz como novidade um questionário específico para as comunidades indígenas e quilombolas. “Conhecer o perfil desses habitantes de forma mais pormenorizada será muito importante para a criação de políticas públicas para essa parcela da população”, explica o gestor do IBGE.

Já sobre as pessoas em situação de rua, o superintendente esclarece que apenas o andarilho não será recenseado. “As pessoas em situação de rua que se estabelecerem em domicílio improvisado, uma tenda, uma barraca, debaixo de um viaduto, será recenseada normalmente assim como os ciganos assim que se assentarem em alguma localidade. O andarilho não será pesquisado, pois essa pesquisa do IBGE, o Censo, é domiciliar”, finalizou.