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Em entrevista à BBC, secretário da Saúde do Espírito Santo e presidente do Conass cobra ações do governo Federal contra a varíola dos macacos

Nésio Fernandes, secretário de Saúde do Espírito Santo, é o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) | Foto: Divulgação/Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa)

Em entrevista à BBC News Brasil, o secretário de Estado da Saúde do Espírito Santo e presidente do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), o médico sanitarista Nésio Fernandes, ao se referir à varíola dos macacos, advertiu para a necessidade de o Brasil ampliar a testagem, atualizar as orientações de isolamento de casos e correr atrás de vacinas. São as três ações urgentes que o Brasil precisa tomar para conter a varíola dos macacos antes que ela se torne uma crise ainda mais grave e o Brasil repita os erros cometidos com a pandemia do Covid.

Para a publicação inglesa, Nésio Fernandes nova doença é “protocolar” até agora, mas que poderia vir a falta de medidas urgentes para o enfrentamento poderá tornar “insuficiente” nos próximos meses. “Na nossa avaliação, o Brasil corre o risco de repetir os erros cometidos no começo da pandemia de covid-19”, alertou ele durante a entrevista ao jornalista André Biernath. “Com o coronavírus, não tivemos critérios de testagem para casos suspeitos logo no início. À época, isso impediu que o país conhecesse o real tamanho do problema com o qual estávamos lidando”, lembrou o secretário do Espírito Santo.

Ele disse que até o momento o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem exibido uma espécie de “silêncio epidemiológico” sobre o vírus da varíola dos macacos, que já causou o primeiro óbito no Brasil. Enquanto o governo brasileiro não põe em prática uma ação concreta de combate, ele disse que o patógeno do vírus pode estar se espalhando pela população sem que tenha sido detectado de forma adequada pelos serviços de saúde. “Por ora, cada Estado está agindo de forma independente e tem critérios próprios de testagem e acompanhamento de casos”, disse ele à BBC News Brasil.

Necessidade de uma coordenação nacional

“Precisamos de uma coordenação nacional para atualizar e padronizar a estratégia em todo o território e não permitir que o monkeypox se torne uma ameaça ainda maior.” E acrescentou: “Sem coordenação nacional, a aquisição de insumos, medicamentos e tecnologias também fica muito mais difícil”. Ele aprovou o decreto de emergência de saúde pública de importância internacional, que foi feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 23 de junho. “Foi um acerto”, resumiu.

Nésio Fernandes ainda disse: “Não podemos usar a Covid como critério para reconhecer outras situações como uma emergência de saúde pública. A doença causada pelo monkeypox, mesmo com uma letalidade mais baixa, circula numa velocidade relevante e em proporções internacionais”. “Nos preocupa o cenário atual, em que se recomenda apenas o isolamento de quem teve contato direto com alguém infectado. Vemos que, em muitos casos, a doença evolui com sintomas leves e poucas lesões, que podem passar despercebidos. Deveríamos ter medidas objetivas de saúde pública e criar uma comunicação clara sobre o que fazer”, afirmou.