Os números em todo o país são inequívocos: os casos de covid-19 dispararam com chegada da variante Ômicron, comprovadamente mais transmissível que a antecessora delta. No Espírito Santo não tem sido diferente. Em 31 de dezembro de 2021, a média móvel (14 dias) era de 236 casos. Em 31 janeiro essa média saltou para impressionantes 13.900 casos, um aumento de 5.800%. Com relação aos óbitos, o aumento em relação à média móvel, no mesmo período, foi de 250%: de 4 para 14.
A explosão de casos no Espírito Santo se reflete na categoria bancária. De acordo com levantamento não oficial da Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários/ES, no acumulado dos dois primeiros anos da pandemia foram contabilizados 458 casos entre bancários e bancárias capixabas. Somente no mês de janeiro deste ano foram 529 casos conhecidos da doença. A média mensal em 2020 e 2021 foi de 21 casos ante 529 de janeiro, o que representa um aumento de 2.400%).
Diretor da Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários/ES, setor que vem contabilizando os dados de Covid e óbitos na categoria, Ronan Teixeira afirma que o aumento de casos entre os bancários acompanha as curvas ascendentes do Espírito Santo. O dirigente destaca que os dados, que devem estar subnotificados, vêm sendo registrados “na unha” pela Secretaria de Saúde e Condições de Trabalho.
“É sempre importante reforçar que os números devem ser muito maiores do que os divulgados. Infelizmente, a grande maioria dos bancos não repassa os dados sistematizados de casos e óbitos para o Sindicato. Dependemos do cruzamento de diversas fontes para chegarmos a estes números que, ainda sim, são assustadores”.
Banestes e Caixa lideram o ranking
Somados os 188 casos do Banestes com os 149 da Caixa, os dois bancos respondem por 64% das 529 ocorrências conhecidas da doença em janeiro. Depois aparecem Banco do Brasil com 86 casos; Bradesco com 77; Santander com 20 e Itaú com 9.
A liderança isolada do Banestes está relacionada ao tamanho e à capilaridade da sua rede física, com agências nos 78 municípios capixabas. Já a vice-liderança da Caixa, segundo o dirigente, se explica pelo fato de os empregados e as empregadas da Caixa estarem na linha de frente da pandemia para garantir o pagamento do auxílio emergencial e outros benefícios sociais.
“Toda essa exposição ao vírus resulta no grande número de empregados e empregadas da Caixa com Covid”. Ronan cita o dado que recebeu no final de janeiro, em reunião com a Superintendência da Caixa. “Fomos informados pela Super que ao menos 28% dos empregados e das empregadas da Caixa no Espírito Santo estavam com Covid até aquela data. Um terço é muita coisa. É um dado perturbador”, sublinha.
Apesar do esforço e do risco que os empregados e as empregadas correram e correm, a Caixa, a exemplo de outros bancos, não tem zelado pela saúde dos bancários. O dirigente diz que mesmo com grande capacidade de transmissão da variante Ômicron, combinada com o vírus da gripe, os protocolos sanitários têm sido negligenciados pelos bancos. Prevalece a lógica do capitalismo selvagem: lucro na frente das vidas”, critica o dirigente.
Comunicação de casos é crucial, diz Sindicato
O registro do número de infectados é ponto-chave para reduzir a subnotificação e aproximar os dados da realidade, uma vez que essas informações subsidiam o Comando Nacional e as comissões de empresas nas negociações com os bancos para garantir medidas eficazes de prevenção à Covid.
Por isso, bancários e bancárias infectados pela covid-19 devem informar ao Sindicato assim que testarem positivo. Basta preencher o formulário com nome, telefone, e-mail e banco em que atua.