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Em plena mudança climática, Vale quer explorar a Serra do Gandarela (MG)


O projeto da Vale pretende abrir uma cava de 7 Km de comprimento em uma área de 422 hectares de uma das zonas aquíferas mais ricas do Brasil e importante área de conservação ambiental.


Em busca de lucro e dinheiro, Vale quer destruir a Serra da Gandarela (MG), em plena mudança climática | Vídeo: YouTube

A mineradora Vale segue firme no seu propósito de explorar cerca de 14 milhões de toneladas de minério de ferro por ano no Parque Nacional da Serra do Gandarela, transformando a beleza do local em um imenso buraco com 200 metros de profundidade. Não parece se importar com as mudanças climáticas, que estão provocando enchentes, seca e derretimento das geleiras, que surgem exatamente por ações destruidoras da natureza como essa.

“A Vale protocolou na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), em setembro deste 20223, o novo Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para a retomada do licenciamento do Projeto Apolo com novo conceito. O projeto, que teve seu licenciamento iniciado em 2009, passou por diversas revisões para atender às mudanças na legislação e solicitações da sociedade civil. A nova proposta é resultado de pesquisas e evoluções nas práticas de engenharia para uma mineração mais segura e sustentável”, diz a Vale em nota à imprensa.

O “novo conceito” citado pela mineradora, segundo ambientalistas, não cita que o local, além da beleza natural, possui um sitio arqueológico valioso para a Ciência, como o bem cultural “paleotoca”, que são as tocas de preguiças gigantes da Era do Gelo, extinto há mais de 10 mil anos. As paleotocas ficam exatamente no alto da Serra da Gandarela, região próxima à Belo Horizonte (MG).

A serra representa uma das maiores riquezas ambientais, especialmente hídricas, do país e é a última área intocada pela mineração no Quadrilátero Aquífero-Ferrífero, em Minas Gerais — maior polo de produção de minério de ferro do país..O projeto Apolo, de acordo com ambientalistas, se propõe acabar com a Serra do Gandarela, destruindo o último aquífero intacto do quadrilátero sem se importar com os prejuízos ao meio ambiente, apenas para beneficiar a Vale com mais lucratividade e dinheiro.

Preocupada com a reação negativa ao projeto, a Vale tem procurado ir nas comunidades do entorno da Serra da Gandarela para mostrar supostas ‘vantagens’ | Foto: Divulgação/Vale

Aumento do lucro

O mesmo “novo conceito” estabelece rebaixar o lençol freático logo no primeiro ano da exploração mineral, assim que for aprovado, provocando a seca das nascentes, redução nas vazões no Ribeirão da Prata, Ribeirão Preto, Córrego São João, Córrego Maria Casimira e intervir nas vazões do Parque Nacional da Serra da Gandarela. As intervenções na natureza, em busca da exploração de minério vai elevar substancialmente o lucro da Vale, segundo especialistas. Em 2023, a Vale obteve lucro líquido de US$ 7,98 bilhões (R$ 40,71 bilhões).

Grupos de ambientalistas, como os que estão no portal https://aguasdogandarela.org.br, lembram do crime ambiental da mineradora Vale e da sua sócia BHP billiton, donas da Samarco: “A criminosa Vale, indiciada por 272 homicídios no rompimento em Brumadinho (2019), insiste em destruir a Serra do Gandarela.  Quer começar os impactos do enorme Projeto Apolo sem o processo de licenciamento ter sido analisado.”

“Minas Gerais é muito mais do que mineração. Mas empreendimentos predatórios seguem avançando sobre territórios de imensa importância socioambiental, marcados por modos de vida tradicionais e belezas naturais. Nesta série, você vai conhecer um pouco das riquezas da Serra da Gandarela e dos municípios do Serro e de Mário Campos, ameaçados por projetos minerários”, prosseguem.

Acima, Itabira (MG) na década de 1940. Abaixo, a mina da Vale em Itabira, que deixou um buraco degradante na exploração de minério desde 1957. Esse buraco profundo pode ocorrer na Serra da Gandarela, se for aprovado | Fotos: Arquivo Vale e YouTube

Parque Nacional da Serra do Gandarela

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Parque Nacional da Serra do Gandarela, “foi criado em 13 de outubro de 2014 e constitui-se importante área de conservação ambiental no coração do Quadrilátero Ferrífero e na porção sul da Cadeia do Espinhaço, a 40 km de Belo Horizonte/MG.”

De acordo com o ICMBio, “o Parque apresenta exuberantes serras, rios e cachoeiras. A vegetação é composta de um dos mais contínuos fragmentos de Mata Atlântica de Minas Gerais em transição com formações do cerrado, como os campos rupestres ferruginosos e quartizíticos.”

“Situadas nos topos e encostas das serras estão as cangas ferruginosas, um tipo de cobertura do solo composta de ferro. Por serem porosas elas funcionam como importantes áreas para a infiltração de água das chuvas para os aquíferos. As águas do Parque contribuem para o abastecimento dos municípios vizinhos e até de Belo Horizonte! Toda essa riqueza está protegida em uma área ambiental”, completa o órgão federal.

“Toda essa água também aparece nos inúmeros córregos e rios presentes no parque drenando para as bacias dos rios Doce e das Velhas. Esse fator contribui para a ocorrência de dezenas de cachoeiras, que compõem uma esplêndida beleza cênica e oferecem opções de turismo e lazer gratuitos para a população local e da Região Metropolitana”, continua.

O acesso principal é feito pela rodovia BR-356 (entre Itabirito e Ouro Preto), em seguida, pela estrada que leva à portaria da Floresta Estadual do Uaimii, sede do distrito de Acuruí, Mina da Serra Geral e Capanema. Do trevo à sede da propriedade particular são 14km por asfalto e 1km em estrada não pavimentada. A partir da portaria há uma trilha de 1.600 metro com nível de dificuldade fácil. No local estão catalogadas 311 espécies de aves na área do parque. Dentre as espécies, 10 delas se encontram ameaçadas de extinção.

Serviço:

O grupo Salve Gandarela está coletando assinaturas em um abaixo assinado, dentro de uma campanha de proteção da reserva florestal e quem desejar assinar é só clicar neste link.