A resposta é contra a proibição, considerada seletiva, e que impediu apenas os blocos do Centro em desfilar e liberou os de Jardim Camburi e Jardim da Penha. “A quem interessa a criminalização do Carnaval de rua no Centro de Vitória. O carnaval no Centro não será criminzado”, diz a vereadora de Vitória (ES) Karla Coser (PT)
De nada adiantou a canetada dada pelo prefeito de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini (Republicanos), que retirou os alvarás de autorização para três blocos carnavalescos desfilarem neste sábado (25) e domingo (26). Ao invés do desfile, a Rua Sete de Setembro, local onde o Blocos Esquerda Festiva iria desfilar neste sábado e, neste domingo, os Blocos PelaDonas do Centro e Prakabá, vai ter os mesmos foliões concentrados em duas manifestações político-culturais. O ato político não pode ser impedido.
Durante a reunião promovida na tarde desta última sexta-feira, entre a Rua Sete de Setembro e a Praça Ubaldo Ramalhete Maia, os foliões pediram insistentemente “Fora Pazolini”, devido ao abandono que a atual gestão municipal deixou o Centro Histórico. “Sofremos o tempo todo perseguição”, “É impensável a gente não entender que uma festa com tradição centenária, como o carnaval, possa ser impedida por uma canetada”,
Blocos de Jardim Camburi e Jardim da Penha vão desfilar normalmente
A retirada da autorização para os desfiles dos blocos carnavalescos neste sábado (25) e domingo (26), feita pelo atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) foi seletiva e voltada especificamente para os organizadores dos blocos do Centro Histórico de Vitória. No bairro onde Pazolini mora, Jardim Camburi, não foi retirada a autorização e o Bloco Kustelão, fará concentração no Kartódromo de Jardim Camburi a partir das 13h30 deste sábado e vai desfilar normalmente pelas ruas do bairro.
Já neste domingo (26) no bairro vizinho onde o prefeito mora, Jardim da Penha, está mantida a autorização para o Bloco Te Pego Lá Fora, fazer concentração a partir das 13 horas na Avenida Ranulpho Barbosa dos Santos, mais conhecida como Praça do Chorinho. Em seguida., vai desfilar pelas ruas de Jardim da Penha, com a autorização da Prefeitura de Vitória.
“Se eles gritam de lá com autoritarismo, nós respondemos de cá com criatividade, alegria e resistência. Carnaval é arte, é cultura, é direito à cidade. Pela manhã, nosso mandato esteve na Rua 7 para o ato Ato Público em Defesa do Carnaval de Rua. Momento de união dos/as organizadores/as dos blocos da Capital que estão sofrendo os impactos da má gestão municipal. O povo quer botar, e vai botar sim, o bloco na rua!”, disse a deputada estadual Camila Valadão (PSOL).
Liga dos Blocos do Centro, o Blocão, protesta na seletividade da decisão
O Bloco Esquerda Festiva usou a sua conta no Facebook para reproduzir uma manifestação da -Liga dos Blocos do Centro de Vitória, mais conhecida como Blocão. A mesma nota foi reproduzida pela Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) na sua conta no Facebook: “O Blocão – Liga dos Blocos do Centro de Vitória vem a público para dizer que, diante da suspensão arbitrária imposta aos cortejos carnavalescos de rua no Centro de Vitória, serão realizadas duas manifestações em favor do Carnaval de Rua do Centro de Vitória, nas imediações da Rua Sete de Setembro, com concentração às 14h, nestes sábado (25) e domingo (26)”.
“Esses dois atos político-culturais, de caráter lúdico e pacífico, visam convocar foliões, moradores e integrantes dos blocos para estarem nas ruas como uma crítica à decisão adotada pela Prefeitura Municipal de Vitória, em resposta ao posicionamento proibicionista do Ministério Público do Espírito Santo, que incorre na criminalização da cultura popular do Carnaval de Rua do Centro de Vitória”, completou a nota.
Perseguição da atual gestão da PMV para com o Centro, diz Iriny Lopes
A deputada estadual Iriny Lopes (PT), usou a sua conta no Facebook para tornar pública a sua indignação com a proibição seletiva, voltada exclusivamente para o Centro Histórico de Vitória. “A perseguição à cultura popular, aos moradores e artistas do centro de Vitória é diária. Agora, o Ministério Público recomendou à prefeitura que impeça os blocos do Centro de saírem no final de semana. Uma decisão bem conveniente para o prefeito, que já demonstrou todo seu desprezo pelo centro e pelo povo. O MP não tenta impedir carnaval em outros bairros. Só o do centro, alegando sujeira na cidade.”
“Deveria ser recomendado que a PMV fizesse sua parte, colocando lixeiras suficientes na cidade e recolhendo o lixo logo após a festa, mas o MP prefere criminalizar a cultura popular da área central. Recomendação não é decisão judicial. Vamos resistir a mais esse ato preconceituoso das autoridades”, assinalou a parlamentar estadual.
Vereadora Karla Coser diz que Pazolini quer acabar com o Carnaval do Centro
Na sua conta no Facebook, a vereadora de Vitória (ES), Karla Coser (PT) assinalou que, apesar das medidas contra as festividades populares do Centro Histórico de Vitória, que vem sendo adotadas pela atual administração municipal, não vai acabar com o Carnaval de rua. “A seletividade da criminalização do carnaval de rua do Centro de Vitória está cada vez mais nítida. Imagina: impedir o funcionamento de todo bloco só no Centro de Vitória até que tudo seja ‘investigado e solucionado’”, disse a vereadora..
“A Recomendação do MPES deveria ser no sentido de a Prefeitura disponibilizar os meios necessários para o funcionamento do Carnaval, garantindo os demais direitos ao meio ambiente equilibrado e sustentável. A sustentabilidade da sociedade passa, inclusive, pelo direito à cultura e ao lazer, pela geração de emprego e renda e pela preservação da nossa história. Sustentabilidade não se limita ao meio ambiente natural. Uma sociedade sustentável é a que olha pro passado, trabalho no presente e visa um futuro possível, com dignidade e garantia de direitos pra todo mundo.”, prosseguiu.
O MPES tem papel fundamental na defesa do meio ambiente e da sociedade, isso é fato. O que não se pode admitir é que a PMV cruze os braços, dificulte tudo para os blocos do Centro e agora tenha uma justificativa legal para que o Carnaval de rua acabe! Não vai acabar!”, completou Karla Coser. No ato realizado na tarde desta última sexta-feira (24), na Praça Ubaldo Ramalhete Maia, que fica no meio da Rua Sete de Setembro, ainda estavam presentes os representantes dos blocos, os moradores do Centro Histórico, as lideranças culturais e o vereador André Moreira (PSOL) e a deputada estadual Camila Valadão (PSOL). O vereador Vinicius Simões (Cidadania), eleito pelo Centro, não estava presente.
Recomendação do promotor pede para “obtar” o carnaval de rua, no Centro
O promotor de Justiça de Vitória, Marcelo Lemos Vieira, enviou ao prefeito Pazolini a Notificação Recomendatória Nº 02/2023, onde pediu que fosse impedido os blocos de carnaval no Centro, mas não citou os blocos de Jardim Camburi e nem o de Jardim da Penha. “1) Adote todas as providências (obrigação de fazer) administrativas e/ou judiciais cabíveis no sentido de, por meio do efetivo Poder de Polícia Municipal, obstar (impedir) quaisquer tipos de realização de carnaval de rua no bairro Centro de Vitória, com a suspensão de alvarás porventura já expedidos e não emissão de novos, até que sejam apuradas as irregularidades decorrentes da poluição ambiental na Baía de Vitória, poluição sonora, perturbação ao sossego alheio, impacto urbanístico decorrente da destinação dos resíduos, bem como a questão da segurança pública.”. Leia a seguir a íntegra da Notificação Recomendatória Nº 02/2023, em arquivo PDF:
Notificacao-Recomendatoria-do-MPESE complementa: “E, 2) Seja informado ao Ministério Público, no prazo de 5 dias (improrrogáveis), quais providências foram tomadas a respeito da presente notificação recomendatória. Fica ciente a notificada de que a presente tem natureza recomendatória e premonitória, no sentido de prevenir responsabilidade civil, penal e administrativa, nomeadamente a fim de que no futuro não se alegue ignorância quanto à extensão e o caráter ilegal e antijurídico dos fatos noticiados.”
Erro da mudança de local do carnaval de rua no Centro
De acordo com moradores do Centro Histórico de Vitória, o erro apontado pelo Ministério Público, na sujeira da Baia de Vitória, decorre do erro no fim do tradicional Carnaval de Rua da Avenida Jerônimo Monteiro, Praça Oito e Praça Costa Pereira, adotado pelo ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania) em 2020, no seu último ano de mandato. Sem Carnaval em 2021 e em 2022, devido à pandemia do Covid-19, a atual administração municipal manteve o erro de Luciano Rezende e manteve neste ano o Carnaval na Avenida Beira-mar.
Mas, segundo a vereadora Karla Coser, a Prefeitura de Vitória contribuiu para a sujeira citada pelo promotor, Marcelo Lemos Vieira. “Porque a PMV não instaurou uma rede de proteção? Porque não fez prevenção ou mesmo limpeza posterior célere na Baía? Como se deu a limpeza urbana com lavagem das ruas? Não adiante o gestor cruzar os braços e jogar a responsabilidade pra sociedade, porque a responsabilidade é dele”, assinalou.
O tradicional Carnaval de rua do Centro Histórico de Vitória, era realizado no palco onde gerações antigas sempre comemoraram as festas carnavalescas, como a Avenida Jerônimo Monteiro, Praça Oito de Setembro e Praça Costa Pereira, ficou no passado. Não existe mais. O último Carnaval na região histórica ocorreu em 2019. Em 2020, no último ano da estão do ex-prefeito Luciano Rezende (Cidadania) a Prefeitura de Vitória (PMV) determinou que as festividades fossem realizadas na Avenida Beira-Mar, local onde não há o casario antigo, que proporcionava o charme e encanto do Carnaval do Centro de Vitória.