Ao fazer referência ao período eleitoral, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes pregou, durante o sermão da missa matinal, que os fiéis devem se mobilizar para votar dizendo que é necessário vencer o dragão do ódio e da mentira. “Com Maria, vamos vencer o mal e vamos dar prioridade ao bem, á verdade, à justiça, que o povo merece e tem fé e ama Nossa Senhora Aparecida”. O sermão foi feito durante a comemoração do dia da santa, Padroeira do Brasil e é feriado nacional.
Mais tarde, em entrevista a Globo News, que acabou sendo viralizada nas redes sociais, o arcebispo disse, sem se referir diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem frequentando templos evangélicos em busca de votos, o arcebispo disse: “Nós precisamos ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos. Então, nós precisamos ser fiéis a nossa identidade católica. Mas, seja qual for a intenção, vai ser bem recebido porque é o nosso presidente. E é por isso que nós o acolhemos. Se tem segundas intenções, eu já me referi lá na homilia”, disse o religioso.
O desrespeito ao templo religioso em seu dia de maior festividade, o Dia de Nossa Senhora Aparecida, foi criticado pelos romeiros. Houve intimidação a pessoas apenas por usar camisa de cor vermelha e tentativa de agressão à equipe de reportagem da TV Aparecida, além de agressão a um cinegrafista da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo em Taubaté (SP). Após esses episódios, o padre Camilo Júnior, da antiga Basílica de Aparecida deu parabéns a quem tinha ido as festividades religiosas para rezar e que tinha entendido de que este domingo era o Dia de Nossa Senhora Aparecida.
Sermões
A íntegra do sermão do arcebispo é a seguinte: “Maria venceu o dragão. Temos muitos dragões que ela vai vencer. O dragão, que é o tentador. O dragão, que já foi vencido, a pandemia, mas temos o dragão do ódio, que faz tanto mal, e o dragão da mentira. E a mentira não é de Deus, é do maligno. E o dragão do desemprego, o dragão da fome, o dragão da incredulidade. Com Maria, vamos vencer o mal e vamos dar prioridade ao bem, à verdade e à justiça, que o povo merece, porque tem fé e ama Nossa Senhora Aparecida.”
No ano passado, o mesmo arcebispo Brandes fez um outro sermão que ganhou destaque internacional, ao criticar o incentivo ao armamento da população pelo atual governo: “Para ser pátria amada não pode ser “pátria armada”. Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma pátria na República sem mentiras e fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade”, afirmou.
As declarações do arcebispo vão na direção contrária do presidente Jair Bolsonaro (PL) e são respaldadas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que em reação à tentativa de Bolsonaro de utilizar eleitoralmente o Círio de Nazaré, a segunda maior festividade católica no Brasil e que ocorreu no último sábado (8), a CNBB emitiu a nota oficial: “Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições”, disse a CNBB.