A empresária Eliziane Santos Neves foi indiciada por crime de racismo e comportamento xenofóbico. “Quero deixar claro que todo comportamento nesse sentido, será coibido de forma veemente pela Polícia Civil”, disse o delegado-geral José Darcy Arruda
O delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), José Darcy Arruda, anunciou a conclusão do Inquérito Policial que apurou a suspeita de crime de racismo e com ataques xenofóbicos contra os nordestinos, praticado pela empresária bolsonarista Eliziane Santos Neves, de 40 anos e moradora de Cariacica (ES).Segundo o delgado-geral, o Inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
O indiciamento foi realizado pelo 16º Distrito de Polícia, da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES). “A empresária compareceu à delegacia e, durante os depoimentos, confessou que gravou o vídeo, mas não soube alegar o motivo. Ela disse ainda que havia consumido muita bebida alcoólica, que toma remédio controlado e acordou no outro dia não se lembrando de nada”, conta a titular do 16º Distrito de Policial, delegada Argentina Leopoldina da Silva Neta Armantrout.
Ainda durante as oitivas, a suspeita informou que estava arrependida e que em sua página de Instagram publicou, após os fatos, um pedido de desculpas. Entretanto, com a necessidade de reprimir condutas que imprimem delitos envolvendo práticas de intolerância, discriminação, preconceito, racismo e o discurso de ódio, a fim de preservar a ordem pública e a dignidade da condição humana, o Inquérito Policial (IP) sobre o caso foi concluído e a autora foi indiciada pelo crime previsto no Art. 20, parágrafo 2, da lei 7.716/89 (racismo, com ataques xenofóbicos, praticados em redes sociais).
Ofensas
O vídeo foi gravado no último dia 30, o logo após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Inconformada com a derrota do atual presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro (PL) e tendo uma piscina ao fundo, a empresária bolsonarista do ramo de confecções de Cariacica gravou um vídeo com graves ofensas contra os nordestinos. “Parabéns, bando de passa-fome do Nordeste. Agora não venham aqui para o Sudeste vender suas redes não, amores. Continuem aí nas cidades de vocês, não venham para cá, não, bando de miseráveis, pobres fodidos da casa do caralho”, iniciou ela.
“Continuem aí onde vocês estão, está bom? Fiquem aí. Não venham para cá não. Não venham para o Sudeste vender suas redes de vocês, não. Bando de pobres fodidos. Passa-fome. Vai depender do Bolsa Família para o resto da vida. Vocês gostam sabe de quê? De esmola. Vocês não gostam de carteira de trabalho. Vocês não gostam de trabalhar, não, desgraça”, prosseguiu a moradora de um bairro próximo ao Bairro Campo Grande. “Final do ano eu vou para o Nordeste passar férias e sabe quem é que vai me atender? Vocês, numa mesa de bar. Entenderam, amores? Sabe quem é que vai esmolar quando eu passar com meu carro? Vocês, seu bando de fodido. Vocês que vão esmolar nas praias que eu vou sair do Sudeste para curtir. Sabem ppor quê? Porque vocês merecem. Vocês merecem pedir esmolas, como sempre. Está bom? Nós vamos sair daqui, vamos curtir como turistas e vocês como pedintes”, concluiu.
Após a ampla repercussão nacional e críticas nas redes sociais, Eliziane fechou a sua conta no Instagram e publicou um pedido de desculpas por escrito no dia 31 de outubro. Ela alegou que havia bebido e que por conta disso havia dito “mil idiotices”.