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Empresários tem interesse na privatização do Pavilhão de Carapina, mas só se Estado colocar dinheiro em obras

Pavilhão de Carapina foi construído durante a gestão do ex-governador Max Mauro com recursos públicos | Foto: Governo ES

Empresários capixabas do setor de eventos concordam com a privatização do Parque Estadual Agropecuário Floriano Varejão, conhecido como Pavilhão de Carapina, planejada pelo governador Renato Casagrande (PSB), mas querem que o governo estadual injete dinheiro em reformas e que o Estado disponibilize uma área maior, para o setor privado administrar, passando dos 108 mil metros quadrados projetados para a privatização para 209 mil metros quadrados. O plano de Casagrande é que o edital para a privatização seja divulgado após as eleições deste ano, em novembro.

O Pavilhão de Exposições de Carapina, criado na gestão do ex-governador Max Mauro, teve como um dos primeiros eventos a extinta Feira Internacional de Confecções do Espírito Santo, a Fitec, que foi criada pela então Seic para atender a pedido de confeccionistas de Colatina. Na ocasião a Seic tinha como secretário Lino Santos Gomes, advogado falecido em 5 de fevereiro de 2018 e pai da atriz e poetisa capixaba Elisa Lucinda.

Empresários querem dinheiro público para viabilizar privatização

Nesta última sexta-feira (18) um grupo de empresários do setor de eventos compareceu na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), para se lamuriar diante dos deputados que compõem a Frente Parlamentar das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Segundo a Ales, os empresários querem a privatização, mas para eles, a minuta de edital do governo Casagrande que circula entre eles traz risco de afugentar investidores e penalizar esse segmento empresarial de eventos. O edital será divulgado através da Secretaria de Estado do Turismo (Setur).

Na reunião estava o presidente do ES Convention Bureau, Elcimar de Paula, que questionou a inovação prevista no projeto de concessão. Segundo ele, os quase R$ 22 milhões previstos como investimentos estão vinculados à resolução de problemas estruturais, mas que no final das contas são obras emergenciais, assnalou. Outra reclamação é sobre a área a ser terceirizada, que diminuiu, passando de 209 mil m² para 108 mil, o que dificultaria a captação de novos eventos.

Já o empresário de eventos Marcos Milanez, diretor da Milanez & Milaneze, empresa de organização de feiras, avaliou a minuta do edital com bons olhos, mas ponderou sobre os investimentos na infraestrutura do local. Ele revelou, por exemplo, que o custo de aparelhos de ar-condicionado para a realização de eventos gira em torno de R$ 1 milhão, um alto custo que acaba sendo repassado ao expositor e contribui para a perda de competitividade.

“A gente não acredita que uma iniciativa privada vá fazer investimento no pavilhão”, disse ele, informando que o Espírito Santo é o único estado do Sudeste que não tem um pavilhão para grandes eventos. A redução da área a ser concedida também foi criticada. “A gente precisa realmente repensar esse modelo de negócio e o Estado realmente fazer esse investimento e aí sim propor à iniciativa privada”, disse Milanez.

Reunião entre empresários de eventos e deputados estaduais nesta última sexta-feira (18) | Foto: Lucas S. Costa/Ales

Solução? Injetar mais dinheiro público

Também presente no encontro realizado na Ales, estava o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, que reforçou o mesmo apelo. Ele apontou para os problemas estruturais existentes no espaço e pediu um projeto viável para o investidor. “Caso contrário vai ficar igual à BR-262, que entra em licitação, mas não aparece ninguém”, exemplificou. A solução? É o governo do Estado colocar mais dinheiro proveniente da arrecadação de impostos dos contribuintes, para satisfazer os empresários e concretizar a privatização.

O deputado Bruno Lamas , do mesmo Partido Socialista Brasileiro (PSB) do atual governador do Espírito Santo, que preside a Frente Parlamentar, elogiou a entrega do pavilhão de exposições as mãos dos empresários e falou sobre as potencialidades do espaço onde está localizado o Pavilhão de Carapina. Mesmo que o modelo de concessão ainda não seja considerado como ideal, ele disse que o Estado terá sensibilidade para analisar as propostas.

Prazo de concessão de 30 anos

A reunião também teve a presença da gerente de Parcerias e Concessões da Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (Sectides), Simone Lemos Vieira; e de um representante do Movimento Popular da Serra, além de outros empresários. Representando a Setur, agora a Secretaria que gerencia o pavilhão, estava o gerente de Estudos e Negócios Turísticos, , Rafael Granvilla. Ele falou sobre o edital, cuja minuta está em elaboração e deve receber sugestões do setor produtivo e sociedade civil.  A expectativa, segundo eled, é que em o edital seja publicado em novembro. Ele explicou que o espaço a ser concedido tem 108 mil m², três pavilhões e outros espaços externos para eventos.

De acordo com Granvilla, o contrato terá prazo de 30 anos e valor total de R$ 139 milhões. Outros R$ 21,9 milhões serão destinados somente para investimentos mínimos. Além de explorar a arena multiuso, como está sendo chamado o pavilhão, a concessionária poderá implantar projetos associados, como espaços comerciais, sem contraprestação por parte do Estado. Há ainda uma parcela variável da qual o Estado participará, de 8% sobre a receita bruta. Esse índice será menor no caso de o desempenho da empresa for maior.

Tamanho e capacidade de público do pavilhão

O Pavilhão de Carapina está situado na Rodovia do Contorno BR-101, município da Serra e caracteriza-se como principal centro de eventos do Estado do Espírito Santo. Na sua área de cerca de 109.000metros quadrados, estão distribuídas, em vários ambientes, pavilhões e estruturas de apoio, além de espaço para estacionamento e áreas arborizadas, com infraestrutura física de instalações para atender aos diversos eventos. O local possui espaços fechados para eventos com total de 14.400 metros quadrados de área construída:

Ainda há o Espaço Colibri – 3.800 metros quadrados, 5.000 pessoas em pé – para feira até 1500 m² de área montada: Espaço Marlim-Azul – 6.400 metros quadrados, 12.500 pessoas em pé – para feira até 4000 metros quadrados de área montada; Espaço Jubarte – 4.200 metros quadrados, 8.000 pessoas em pé – para feira até 3000 metros quadrados de área montada e espaços externos para eventos: Tem duas áreas cobertas, sendo a área coberta 1, com 4.000 metros quadrados e a área coberta 2 , com 3.400 metros quadrados, arena com 17.000 metros quadrados e dois estacionais. O primeiro com 17 mil metros quadrados e o segundo com a mesma metragem. O local havia sido privatizado no passado e o Estado retomou a administração a partir de dezembro de 2018.