Wadi Damous seguiu determinação do ministro da Justiça, Flávio Dino, que deu prazo de 48 horas para que as empresas justifiquem a alta dos preços. No Espírito Santo, o Procon estadual já notificou seis distribuidoras de combustíveis
Após o ministro da Justiça, Flávio Dino, dar o prazo de 48 horas para que empresas de postos de gasolina expliquem a recente alta nos preços de combustíveis, a Secretaria Nacional do Consumidor, ligada à pasta de Dino, notificou oito entidades representativas dos postos.
Segundo o responsável pela secretaria, Wadih Damous, a alta nos preços é “inaceitável e inexplicável”, uma vez que não houve aumento no preço internacional do barril de petróleo e a isenção de tributos federais sobre os combustíveis foi renovada, por meio de Medida Provisória assinada pelo presidente Lula.
Dino pediu investigação após diversos postos reajustarem os valores no domingo, dia 1º. Ele ressaltou que processos poderão ser abertos, bem como ocorrer punições e sanções caso haja confirmação de abuso de poder econômico.
“Não há dúvida de que é um regime de livre mercado, mas liberdade no sentido jurídico da palavra, não é um ‘liberou geral’. Tem regras. E essas regras estão no Código de Defesa do Consumidor. Daí essa notificação preliminar”, argumentou o ministro.
Confira abaixo as entidades notificadas:
Paraná: Associação Nacional dos Proprietários dos Postos
Rio de Janeiro: Fecombustíveis; Federação das Distribuidoras Gás; Instituto de Petróleo e Gás; e Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes.
São Paulo: Associação de Importadores de Combustíveis e União da Agroindústria Canavieiras
No Espírito Santo o Procon notifica seis distribuidoras
O Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-ES) notificou as distribuidoras Shell Brasil Petróleo, Ipiranga Produtos de Petróleo, Petrobras Distribuidora, Atlântica Combustíveis, Ale Combustíveis e Petronac Distribuidora Nacional de Derivados de Petróleo e Álcool por constatar aumento repentino no preço da gasolina e de maneira efetivamente injustificada, superando os R$ 5,00 praticado na Região Metropolitana da Grande Vitória ou até passando de R$ 6,00 no interior do Espírito Santo.
O Procon-ES determinou às empresas que se abstenham de antecipar o repasse da cobrança do PIS/Cofins de maneira imediata. Também solicitou justificativa acerca do aumento do preço do combustível, que acarretou o reajuste no preço praticado pelos postos, mesmo tendo sido a medida provisória devidamente prorrogada pelo Governo Federal.
Também estabeleceu que informem como são realizadas as negociações comerciais com os postos de combustíveis e se há algum acordo e/ou combinação comercial, e que comprovem que houve a imediata suspensão do repasse da cobrança do PIS/Confins. As empresas terão um prazo de 48 horas, a partir do recebimento da notificação, para protocolar a defesa com as respectivas comprovações, sob pena de apuração de eventual prática infrativa e aplicação de multa.
Acionado a respeito do reajuste do preço da gasolina dos postos, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Espírito Santo (Sindipostos-ES) informou que as distribuidoras anteciparam o repasse da cobrança do PIS/Cofins no último sábado (31), impactando nos preços praticados pelos postos de combustíveis, devido ao aumento do custo.
O diretor-presidente do Procon-ES, Rogério Athayde, informou que é de total conhecimento por parte do Procon-ES que, apesar da alta nos postos, não houve nenhum aumento nos últimos dias no preço do petróleo, tampouco da gasolina. Esse encarecimento nas bombas ocorreu nos últimos dias de validade da isenção dos impostos federais (PIS/Cofins) dos combustíveis, medida que foi tomada para ajudar a conter a escalada de preço da gasolina e tinha validade até o dia 31 de dezembro.
“O atual presidente da República assinou Medida Provisória (MP), prorrogando por mais dois meses a respectiva medida, ato que foi devidamente publicado nessa segunda-feira (02), no Diário Oficial da União”, acrescentou Athayde. Ele ressaltou também que a prática de aumento injustificado de preço constitui violação direta das normas de defesa e proteção instituídas pelo Código de Defesa do Consumidor, configurando ainda a exigência de vantagem manifestamente excessiva em relação ao consumidor.
“Pelos motivos expostos, o Procon-ES notificou as distribuidoras que atuam no Estado para que apresentem uma justificativa em relação ao reajuste aplicado. O Procon-ES também consultou o Monitor de Preço dos Combustíveis da Secretaria da Fazenda (Sefaz), que demonstrou que o preço médio de compra pelos postos sofreu um acréscimo de R$ 0,11 em cinco dias”, completou Athayde.
“Dessa forma, é imprescindível que as distribuidoras, notificadas, justifiquem o aumento da gasolina antes mesmo da data limite do decreto. O documento será analisado e, caso seja constatado que houve um aumento injustificado, as empresas serão autuadas e multadas”, afirmou o diretor-presidente do Procon-ES.