A variante indiana do Covid-19, muito mais contagiante e letal, já está presente há menos de 100 quilômetros da divisa do Espírito Santo com o Rio de Janeiro
O estudo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) ou em português Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação, pertencente à Universidade de Washington, noticiado por este portal Grafitti News no início do mês, indicando que o Brasil será alvo da terceira onda mais letal do Covid-19, cada dia mais se aproxima da realidade. Nesta última segunda-feira (24) o portal de notícias UOL fez o seguinte alerta: “Terceira onda vem antes do esperado e será devastadora, alerta epidemiologista”.
A causa, de acordo com o estudo cientifico americano, cujos dados são usados em avaliações da pandemia pela Casa Branca e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço latino-americano da Organização Mundial da Saúde (OMS, estão sendo ignorados, inclusive no Espírito Santo. A causa da mortandade, segundo o documento, é a minimização dos riscos, aliado à abertura generalizada da economia, volta às aulas presenciais, ônibus superlotados, além do uso de máscaras ser ignorado.
A previsão dos cientistas americanos é que a fase inicial da onda mais agressiva do Covid-19 ocorra a partir do final deste mês, ou seja, ainda nesta semana, se intensificando em junho e atingindo o pico em julho. Numa previsão “otimista”, o número de mortos pelo novo coronavírus ficará num mínimo de 575.635 a 688,7 mil mortos. Ou seja, mais de 50% de óbitos sobre os quase 410 mil atuais, registrados desde o início da pandemia no Brasil.
Variante indiana
Para contribuir para isso a variante indiana, mais contagiante e mais mortal, já está presente no Brasil e quatro Estados brasileiros já estão monitorando 10 casos dessa nova variante em território nacional. E um desses casos está há menos de 100 quilômetros da divisa do Espírito Santo com o vizinho Rio de Janeiro. Trata-se de um morador de Campos dos Goytacazes, município do interior do Rio de Janeiro, que voltou da Índia neste último sábado (22/5) e testou positivo para a doença com a variante indiana.
O campista desembarcou contaminado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e a infecção foi possível de ser confirmada através de exames que são feitos para passageiros procedentes da Índia. Alegando que não estava com sintomas da doença, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo permitiu que ele pegasse um vôo doméstico até o Rio de Janeiro, onde pernoitou em um hotel e, no dia seguinte, domingo (23), fosse de carro para sua residência em Campos dos Goytacazes, cidade bem próxima à divisa do Espírito Santo.
Aulas presenciais
A imposição do governador Renato Casagrande (PSB) para as aulas presenciais, um fator de elevado risco para a contaminação está sendo criticada nas redes sociais, onde circula um vídeo de crianças dentro de uma sala de aula brincando agarradas uma às outras, e de críticas do Sindicado do Servidores Públicos do Espírito Santo (Sindipúblicos). O sindicato diz que anúncio do retorno às aulas presenciais pelo Governo Casagrande se choca aos dados do número de crianças, jovens e adolescentes com até 19 anos contaminados.
O Sindipúblicos lembra que nas UTIs do Estado há um elevado número de crianças e adolescentes com Covid-19, sendo 51 na UTIs, 36 mortos e 37.986 contaminados em idade escolar. O sindicato observa que os seus dados foram coletados no próprio Painel Covid, na primeira semana deste mês, onde o Estado tinha 116 internados em hospitais infantis pela rede pública, sendo que 54 em UTI’s. O Sindipúblicos combate a insistência de Renato Casagrande em querer impor a volta ás aulas sem a devida segurança e sem a vacinação completa de todos os professores do Estado.
Sem segurança
Uma das mais renomadas especialistas sobre a Covid-19 no país, a epidemiologista Ethel Maciel alerta que “não há segurança epidemiológica. A escola não é uma Ilha, você tem que controlar a pandemia fora da escola, pra controlar dentro da escola. O ambiente escolar é propício pras aglomerações.” Ethel ainda lembra da falta de condições. “A gente tem infraestrutura de salas que não são boas, estudantes que chegam de transporte coletivo, que é mais um risco, alega o Sindipúblicos em nota.
Tem que investir protocolos de testagem, finalizar a vacinação dos trabalhadores da educação, pra que eles possam ter mais segurança no retorno. É melhor a gente esperar a pandemia diminuir um pouco. Os números ainda estão muito altos, com óbitos. Isso para que a gente possa proteger melhor as nossas crianças e os nossos trabalhadores”. Além disso, os protocolos precisam se mais rígidos. A especialista recomenda testagem em massa para a comunidade escolar e principalmente a todos que tiveram contato com suspeitos de contaminação; distribuição de máscaras FF2 e proteção facial.