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Escritora cria a Academia Capixaba de Letras da Diversidade, para acolher segmentos excluídos

Professora e escritora Luciana Medeiros dos Santos, idealizadora da Academia Capixaba de Letras da Diversidade | Foto: Divulgação/Ales

A professora e escritora Luciana Medeiros dos Santos apresentou aos deputados da Comissão de Cultura proposta para criar a Academia Capixaba de Letras da Diversidade. Na reunião ocorrida nesta semana, a convidada explicou que o objetivo da iniciativa é dar espaço para quem não consegue entrar nas academias de letras tradicionais “por conta de estereótipos”.

Segundo Luciana, a academia é aberta ao povo negro, homens e mulheres; o público LGBTQIA+; quilombolas; pessoas com deficiência; jovens de 12 a 21 anos; artistas; roteiristas do teatro, cinema e documentário; professores; povo de religião de matriz africana; encarcerados; mulheres; músicos; comunidade periférica; escritores que tenham ou não livros publicados; além de refugiados.

Academias tradicionais são fechadas e conservadoras, diz Luciana

“De fato as academias tradicionais são muito fechadas e com isso se tornam conservadoras”, considerou Iriny Lopes (PT). Para ela, “o novo, independente da origem”, acaba não tendo oportunidade. A deputada, que preside o colegiado de Cultura, colocou a comissão à disposição da nova academia e lembrou que os espaços do Palácio Domingos Martins podem receber feiras literárias. Inclusive sinalizou que viabilizará lugar na Casa para a cerimônia de posse dos membros da academia.

Perguntada pelo deputado Fabrício Gandini (Cidadania), vice-presidente do colegiado, como os membros das academias de letras tradicionais são escolhidos, Luciana respondeu que se dá por meio de votos, “mas há um padrão”, defendeu. “Geralmente o público-alvo deles, geralmente, são homens, brancos. A gente não encontra essa pluralidade de gente nas academias tradicionais”, disse.

“A nossa academia, quando a gente pensou, foi para dar visibilidade aos escritores dos diversos segmentos da sociedade, sempre cultivando a Língua Portuguesa, a gramática normativa, a gente não abre mão dela, mas a gente preza pelo fim do elitismo, valorizando a literatura local”, contou.

Deputados da Comissão de Cultura apoiaram a iniciativa | Foto: Lucas S. Costa/Ales

“Findar estereótipos, banir preconceitos e pautar inclusões”

“A gente tem como objetivo findar estereótipos, banir preconceitos, pautar inclusões, incentivar a leitura de diversos segmentos, descolonizar o modo como se faz literatura, estimar a escrita como forma de resistência, dar vez e voz ao povo de uma forma geral”, completou a convidada.

De acordo com Luciana, atualmente a academia conta com 16 membros e espera-se que escritores de diversas partes do estado façam parte da iniciativa. Há inclusive uma proposta para que o nome seja mudado para Academia Espírito-Santense de Letras da Diversidade.

Os deputados acolheram a ideia. “Eu acho que a gente às vezes precisa de algumas rupturas de fato para que a gente consiga avançar”, avaliou Gandini. Para Sergio Meneguelli (Republicanos), a iniciativa “dá oportunidade a todos”.

Hip hop cancelado

Ao fim da reunião, a petista disse que, após esgotadas as tentativas pacíficas, levará ao Ministério Público do Estado (MPES) o pedido para liberar uma caixa de som apreendida pela Polícia Militar (PM) em Itapemirim. Segundo disse, o objeto foi confiscado pelos militares porque, no entendimento deles, não havia autorização para a realização de um evento de hip hop. De acordo com ela, o encontro nacional tinha o apoio do governo do Estado (por meio de um edital de cultura) e seria promovido em um espaço ocioso no município, mas do qual a PM também faz uso. “Houve excesso por parte da polícia”, alegou. Iriny disse que há mais de um mês aguarda a liberação da caixa de som, sem sucesso.