Durante pesquisa de campo, foram encontrados cinco indivíduos da espécie na área de conservação do Instituto Chico Mendes, no município de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo
O quelônio Ranacephala hogei, popularmente conhecido com cágado, é um quelônio semiaquático endêmico da Mata Atlântica, sendo uma das 25 espécies de água doce mais ameaçadas do mundo. A principal causa de sua redução na natureza é devido ao desmatamento na região da mata ciliar, florestas de vegetação nativa que ficam às margens de rios, sendo essenciais para a proteção de áreas de lagos e rios.
Recentemente, entre os dias 27 e 31 de março, uma equipe de pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN) do Instituto Chico Mendes visitou a Floresta Nacional de Pacotuba, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), com o a intenção de investigar a ocorrência da espécie na região.
Na pesquisa a equipe instalou armadilhas aquáticas nas margens de uma das áreas do Rio Itapemirim e em outros pontos hídricos próximo da unidade. O grupo monitorou as armadilhas durante quatro dias e os animais encontrados passaram por avaliações e devolvidos para a natureza.
Fêmea com cerca de 40 anos
Durante a atividade, os pesquisadores se surpreenderam ao encontrar uma fêmea com idade de aproximadamente 40 anos que estava carregando ovos que seriam botados logo depois. Após observação da região, os pesquisadores concluíram que a espécie está desovando na área preservada da unidade, tornando a Flona de Pacotuba a primeira unidade de conservação federal do Brasil a ter ocorrência de desova do Ranacephala hogei.
Além dos ovos, a fêmea encontrada apresentava duas cicatrizes, uma na região da boca, narina e pescoço provavelmente causado por anzol. Para evitar incidentes como esse, é fundamental que os pescadores na região estejam atentos ao praticar essa atividade, pois trata-se de um animal que corre grande risco de ser extinção. A orientação do ICMBio é que, caso capture o cágado, é crucial remover o anzol com cuidado e devolvê-lo a natureza imediatamente.
A recém-descoberta feita pela equipe do RAN reforça a importância da conservação da Mata Atlântica e do rio Itapemirim, local onde se encontra uma tica biodiversidade que estão ameaçados de extinção.