A Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) está anunciando que o Espírito Santo conquistou a liderança nacional na produção de inhame e, atualmente, é responsável por 44% na comercialização do produto em todo o Brasil. A Seag estima que no último ano a produção de inhame capixaba foi de aproximadamente 98,5 mil toneladas, em uma área de 3,3 mil hectares, com produtividade média de 29,7 toneladas por hectare.
O plantio e colheita de inhame ocorre, de acordo com a Secretaria, em cerca de 30 municípios, onde a Alfredo Chaves lidera com 28,4% da produção estadual, seguido por Laranja da Terra (27,8%) e Marechal Floriano (9,8%). Outros 27 municípios produziram, em 2023, em menor escala.
O uso de tecnologias agrícolas avançadas, como sistemas de irrigação eficientes, práticas de manejo integrado de pragas e variedades melhoradas geneticamente têm aumentado a produtividade e a qualidade do inhame capixaba, de acordo com o secretário da Agricultura, Enio Bergoli.
Agricultura familiar é quem mais produz
“O inhame é mais um assunto que dá mérito ao protagonismo do Espírito Santo na produção agrícola. Entre os mais de três mil estabelecimentos rurais que produzem a raiz no Estado, 88% são da agricultura familiar. A produção estadual abastece principalmente o mercado interno, mas também avançamos no comércio exterior. No ano passado, o inhame capixaba chegou a 19 países, sendo Estados Unidos e Reino Unido os principais consumidores”, ressaltou Bergoli.
Segundo a Gerência de Dados e Análises da Secretaria da Agricultura (Seag), a renda rural gerada com a produção de inhame no ano de 2022 foi de R$ 363,8 milhões (1,5% do Valor Bruto de Produção Agropecuária), no grupo de olericultura, sendo o segundo maior valor gerado depois do tomate (R$ 587 milhões). Naquele mesmo ano, a produção atingiu 107,6 mil toneladas, o maior já registrado no Estado, em uma área de 3,3 mil hectares.
Alfredo Chaves
Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o município de Alfredo Chaves é considerado o maior produtor de inhame no Brasil. Somente no distrito de São Bento de Urânia há uma área de 600 hectares de cultivo do tubérculo, com produção anual em torno de 25 mil toneladas. O produto é uma das principais fontes de renda para cerca de 600 famílias da região.
Segundo João Medeiros, existencionista do Incaper, em Alfredo Chaves, os trabalhos de extensão rural relacionados ao cultivar do inhame continuam na região. “Realizamos o trabalho de assistência técnica do inhame aqui na região e em todo o Estado. Estamos à disposição para atender os produtores. A atividade do inhame no município de Alfredo Chaves envolve cerca de 800 famílias da agricultura familiar”, ressaltou.
Jandir Gratieri é produtor, pesquisador e diretor-executivo da Associação dos Produtores de Inhame, em Alfredo Chaves. Detentor da marca “O Rei do Inhame” ele tem o cultivo da cultura na sua família, transmitido de geração em geração. Foi seu bisavô, Francesco Eugenio Gratieri, que chegou à região em 1983, e encontrou os inhames nativos das Américas. A cultura do inhame localizava-se em brejos. Já o seu avô, Cláudio Gratieri, verificou que a plantação era mais viável em terrenos secos e começou a plantar os inhames em áreas de meia encosta, dando continuidade ao melhoramento do inhame.
De lá para cá, Jandir logo percebeu que era um produto muito fértil e que tinha tendência a melhorar, por isso resolveu investir na produção. “Também sou pesquisador e melhorista do inhame no Brasil. Hoje, por meio desse melhoramento, desenvolvo um dos maiores produtos que a região possui e o corresponde a 70% da minha produção. Nós temos o maior banco genético de acesso a inhame do Brasil. O Espírito Santo é referência, não só nacional, mas internacional, na produção de inhame”, relatou.
Ainda segundo o produtor, o inhame de Alfredo Chaves possui IG. “A Indicação Geográfica foi a forma encontrada para tornar reconhecido o patrimônio mais importante dessa comunidade de Alfredo Chaves. O inhame é um símbolo para a nossa região e o nosso objetivo é agregar valor à agricultura familiar”, ressaltou.
O inhame desempenha um importante papel na alimentação dos brasileiros, por ser uma raiz tuberosa versátil e nutritiva amplamente consumida em diversas regiões do país e também em diversos países pelo mundo. E nesse quesito, o Espírito Santo é um forte contribuidor, visto que boa parte da produção nacional tem origem do solo capixaba.
São Bento de Urânia
São Bento de Urânia faz parte da zona rural de Alfredo Chaves, município capixaba, localizado ao Sul do Estado. A região é um dos maiores produtores de inhame do Brasil e por isso o município de Alfredo Chaves é conhecido como a Capital do Inhame, sendo que cerca de 80% dessa produção vem da região de São Bento de Urânia. A região apresenta clima ameno e solo arenoso, propício para a plantação de inhame.
A história do cultivo de inhame na região de São Bento de Urânia se inicia com a chegada de imigrantes italianos na região, por volta do ano de 1887. Inicialmente, a cultura do inhame localizava-se em brejos, cerca de córregos, mas ao longo do tempo foi verificado que a plantação era mais viável em terrenos secos, devido à facilidade do plantio e colheita.
Dentre as variedades de inhame plantadas em território capixaba estão o Inhame Chinês; Inhame Branco do Brejo; Inhame Rosa Italiano. Atualmente, a região também conta com o Inhame São Bento, cultivar de inhame genuinamente capixaba, que apresenta produtividade superior às outras variedades.
O inhame já faz parte da economia e da cultura de São Bento de Urânia. O plantio e comercialização do inhame é um importante fator de geração de emprego e renda para as famílias, e desde 2007 é realizada anualmente a Festa do Inhame, que comemora o início do ciclo da colheita do tubérculo.
Originário do sudeste asiático, o inhame é plantado desde a antiguidade. Este tubérculo possui elevado valor nutritivo e energético, contendo vitaminas e sais minerais. O inhame contém grânulos pequenos, assim é um alimento de fácil digestibilidade. Somente podem utilizar o selo da Indicação Geográfica São Bento de Urânia os inhames da variedade São Bento. Essa variedade foi registrada como cultivar no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2008, pelo Incaper.