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Estudante participa de pesquisa sobre antioxidante no café orgânico

O apoio da família foi fundamental para a jovem Luana Sant’Ana ingressar na universidade e fazer o curso de graduação em Nutrição e, dali, desse um outro passo em direção à pesquisa cientifica no Centro de Ciências da Saúde (CCS), no campus de Maruípe da Ufes. Atualmente no quinto período de graduação, participa com entusiasmo da iniciação cientifica através do estudo que visa comprovar que o café orgânico possui um maior potencial antioxidante, em comparação ao tradicional produzido sob produtos químicos agrotóxicos.

Ela conta que começou na iniciação cientifica no meio do ano passado, com a atividade se iniciando através da leitura de arquivos e na busca de informação sobre o café. Essa foi a base para iniciar as pesquisas e experimentos com as mudas.”Começamos comparando o potencial antioxidante das amostras orgânicas e das amostras não orgânicas. No caso, as que não tem agrotóxico”, disse. O orientador é o professor de Biologia Celular da Ufes, Marco Guimarães.

Luana Sant’Ana disse que quando é aplicado um tipo de agrotóxico, a planta deixa de produzir para a sua própria defesa, como alguns elementos (ferro, magnésio, cálcio entre várias outras coisas). Quando o ser humano consome esses produtos acaba recebendo esses elementos, explicou. Na comparação do café orgânico e do café tradicional, este último perde muito por causa dos agrotóxicos,. reforçou.

Na verdade são dois projetos onde atua. Um tem como objetivo analisar a relação oxidante em comparação do café orgânico e do tradicional. Outro é relacionado ao oligoelemento do café orgânico tradicional . “Oligoelemento é o que a gente conhece como micronutrientes, estando presente em frutas, café, vegetais, entre outros”, completou.

Após a leitura de artigos, a nova etapa prevê o inicio de testes com as amostras. “Estamos trabalhando com dois métodos comuns para testar antioxidantes. Já conseguimos o resultado de que o café orgânico tem realmente um potencial antioxidante, em comparação ao tradicional. Vamos caminhar agora para outro método para poder confirmar o que já conseguimos no primeiro método que fizemos”, prosseguiu.

A estudante disse que possui uma bolsa da própria Ufes, a qual divide com uma amiga que  participa da mesma pesquisa. Essa bolsa tem o prazo de um ano, mas depois disso pretende continuar com a pesquisa porque alega que a convivência no mundo da pesquisa é muito enriquecedor para o aluno, que começa a ter uma experiência com o laboratório e com a redação de um artigo sobre a pesquisa.

“São coisas que serão necessárias caso queira fazer um mestrado ou doutorado e assim não chegar seco nessas áreas. A bolsa é oferecida pela própria Ufes, mas há aqui dentro a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e outros órgãos que oferecem a bolsa”, explicou. A pesquisa com o café ocorre devido o produto ter um elevado consumo pela população brasileira, além da enorme procura mundial.

Na sua avaliação o café orgânico é mais enriquecido e dessa forma é possível a população vir a ter mais nutrientes.” A alimentação no Brasil é muito básica com arroz e feijão, mas há uma gama de nutrientes que tem que ser consumidos em outros alimentos também. O café traz muitos micronutrientes. Então se o café orgânico está oferecendo mais micronutrientes do que o café normal é, dessa forma, interessante que seja adotado. Por ser uma bebida muito consumida a população pode obter muito nutriente através dessa bebida. Esse é o nosso interesse”, avaliou.

Os micronutrientes presentes no café são: ferro, magnésio, cálcio, fósforo, entre muitos outros presentes. E por ser muito consumido as pessoas acabam recebendo esses micronutrientes em seu organismo e isso é muito significativo, ressaltou. “Tanto faz para o café conilon quanto para o arábica, apesar de o arábica ter um gosto melhor, como se sabe e com maior concentração de cafeína. Mas os dois tem em si presentes esses micronutrientes”, explicou.

O resultado da pesquisa deverá ser apresentado aos produtores, provavelmente, porque as amostras foram doadas por eles para o desenvolvimento da pesquisa. A estudante mantém a expectativa de produzir um artigo e tentar publicar, o que é um pouco mais complicado na sua avaliação. Para o estudante é muito benéfica a publicação de artigos porque ajuda no currículo, disse a jovem. São publicações cientificas reconhecidas.

Na sua avaliação, a participação em uma pesquisa cientifica é muito importante porque dessa forma é dado ao estudante a oportunidade de conhecer um laboratório e não chegar cru lá na frente. Ela faz questão de reforçar que os agrotóxicos são considerados praticamente venenos. Então é importante lembrar a importância dos alimentos orgânicos e dos benefícios que eles trazem, completou.

Família

A participação da família, tanto na entrada do curso de graduação quanto no projeto de iniciação cientifica foi de fundamental importância. Luana Sant’Ana disse que mora na Serra. “Moro com minha mãe, o padrasto e o meu cachorro”, afirmou. O apoio aos seus projetos pessoas vem de longa data. “Sempre tive apoio. Antes mesmo de fazer nutrição a minha mãe sempre falava para as pessoas que eu seria nutricionista. Não sei o porque. E como sempre tive problema em relação a alimentação , sempre gostei muito dessa área e busquei sobre ela para tentar aplicar em mim”, explicou.

Na sua avaliação, a única coisa que vislumbrava fazer na vida era ser nutricionista. Não tinha outra opção. Eu queria realmente fazer a faculdade de Nutrição. Tive total apoio de minha mãe e da minha família. Principalmente de minha mãe, que se sacrificou bastante para me ajudar”, completou. O curso são oito períodos. A partir de março, com o retorno do ano letivo na Ufes, vai para o quinto período. O curso tem duração de quatro anos.

Café capixaba

De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) a cafeicultura é a principal atividade agrícola do Espírito Santo, desenvolvida em todos os municípios do Estado (exceto Vitória). Gera em torno de 400 mil empregos diretos e indiretos e está presente em 60 mil das 90 mil propriedades agrícolas. Ao todo, 73% dos produtores capixabas são de base familiar, com o tamanho médio das propriedades em oito hectares. Existem 131 mil famílias produtoras.

O Espírito Santo é o segundo maior produtor brasileiro de café, com expressiva produção de arábica e conilon. É responsável por 22% da produção brasileira. Atualmente, existem 435 mil hectares em produção no Estado. A atividade cafeeira é responsável por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) Agrícola estadual. O Estado mantém a liderança no Brasil como maior produtor de café conilon, conseguindo no ano passado superar a média nacional de produção, mesmo tendo enfrentando no ano imediatamente anterior um período de forte seca nas lavouras.

O Incaper observou que mesmo tendo ocorrido uma diminuição na área cultivada, devido a forte estiagem, ocorreu um aumento na colheita devido a um aumento na produtividade. Das 14,2 milhões de sacas de café conilon produzidas no país em 2018, 8,98 milhões foram colhidas em lavouras capixabas. A safra do ano passado foi 32,2% maior que em 2017, e representou 63,4% do total de café conilon colhido no Brasil. Assim, o Espírito Santo manteve-se como maior produtor brasileiro do produto, colocando o País entre os maiores produtores do mundo.

Em 2019, a safra capixaba de conilon deverá  crescer de 15% a 20%, com a colheita ficando entre 9,4 milhões e 11,2 milhões de sacas. O Incaper acredita na possibilidade de bater o recorde de 2014, quando foram colhidas 9,7 milhões de sacas. De acordo com dados apurados pelo Incaper em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de café arábica no Espírito Santo conquistou em 2018 um recorde nacional, quando foram colhidas 4,751 milhões de sacas, equivalente a 10% do total de café arábica produzido em todo o Brasil.

Dessa forma o Espírito Santo permaneceu entre os três maiores produtores de café arábica. A área em produção no Estado aumentou 38,6% em comparação com 2017, e a previsão é de que sejam colhidas entre 3 milhões e 3,5 milhões de sacas de arábica em 2019: uma queda de 25% a 30% e, relação ao ano anterior.

Luana Sant’Ana

Graduanda em Nutrição na UFES