Um dos núcleos urbanos mais antigos do Brasil, o Sítio Histórico da Prainha, em Vila Velha, receberá um Plano de Reabilitação elaborado por estudantes de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ufes nesta segunda-feira(6). O evento é aberto ao público e acontecerá a partir das 19 horas, no Dispensário São Judas Tadeu. Na solenidade, a população poderá debater as propostas apresentadas pelos alunos, visando à transformação dos espaços e à adequação às necessidades da comunidade.
O Plano de Reabilitação foi desenvolvido durante a disciplina Urbanismo II, ministrada pela professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU/Ufes) Luciene Pessotti, que coordenou as atividades juntamente com o Instituto de Arquitetos do Brasil – departamento Espírito Santo (IAB/ES). O projeto tem como objetivo preservar e proteger os bens culturais do espaço, abordando temáticas como uso do solo; morfologia urbana; tipologia arquitetônica; patrimônio ambiental urbano; sistema de espaços livres; e mobilidade urbana.
O estudante Raphael Rauta, um dos responsáveis pela produção do Plano, conta que aprendeu a projetar pensando na realidade e em como as decisões de um projeto colaboram com o espaço. Segundo ele, tais princípios foram norteadores de todas as escolhas do projeto. “Acredito que a reunião será um passo muito importante para ouvir a voz da população local sobre as decisões de projeto. Toda essa participação popular é fundamental para que o projeto atenda, com a melhor funcionalidade possível, quem mais utilizará o espaço”, avalia Rauta, aluno do sétimo período.
Diálogo
Segundo Luciene Pessotti, o Plano elaborado pelos estudantes contempla o espaço do sítio histórico como um todo, incluindo o Parque da Prainha: “O projeto é mais amplo, abrangendo as praças, a paisagem cultural, a implantação de ciclovias, o restauro de fachadas”.
A professora ressalta que o Plano de Reabilitação criado dos estudantes não discute sobre o projeto que está em andamento pela Prefeitura de Vila Velha. “A gente não está se contrapondo a esse projeto e nem está trazendo uma alternativa como crítica ao que vem sendo proposto. Nós podemos até somar esforços, queremos conversar com autoridades, mas nossa prioridade é o diálogo com a comunidade, porque entendemos que a comunidade tem que ser ouvida e colocar as demandas dela. Esse é nosso objetivo”, afirma.
História
O Sítio Histórico da Prainha, em Vila Velha (ES), é o local onde os portugueses consolidaram a apropriação das terras, que até então era de propriedade da população primitiva que habitavam a região brasileira e que passou a ser denominada de Espírito Santo. O desembarque ocorreu no dia 23 de maio de 1535, quando o donatário designado pelo rei português Dom João III chegou acompanhado da família, de um grupo de amigos e de degredados portugueses. No local existem diversos monumentos e patrimônios que lembram a chegada desses portugueses.
Em 2015, foi sancionada a lei municipal, que criou oficialmente o Sítio Histórico da Prainha, com o objetivo de preservar o patrimônio da história colonial capixaba. A proposta nesse sentido é antiga e vinha pelo menos desde o início deste século. A proposta original previa a construção de um anfiteatro desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e um aquário que destacaria exemplares da flora e fauna marinha da região. No entanto essas obras não chegaram a sair do papel. Por suas conquistas a territórios de outros povos na África e na Ásia, Vasco Coutinho recebeu do reino português o título de fidalgo com direito a brasão, tença e casa em Alenquer (Portugal). O brasão dele é utilizado como brasão da Universidade Federal do Espírito Santo.
No dia 29 de junho de 2019, quando a gestão do ex-prefeito Max Filho projeto de revitalização do Sitio Histórico da Prainha, quando a proposta não implantada previa revitalizar uma área de 1.600 metros quadrados com um novo estilo arquitetônico que valorizasse aspectos históricos e turísticos da região, haviam muitos convidados na solenidade. Entre esses estava a então superintendente do IPHAN-ES, Elisa Machado Taveira,
A representante do IPAHN-ES agradeceu o fato de a Prefeitura ter encampar o projeto, que, segundo ela, seria necessário que houvesse áreas de estacionamento, placas informativas e mais verde no local. “É um bem histórico que foi tombado e é um ponto de muita visitação. Por isso, devemos evitar problemas no trânsito”, sugeriu.
A história na visão dos estudantes de Arquitetura
Para os estudantes de Arquitetura da Ufes, Vila Velha tem relevância na história do urbanismo e arquitetura da época d colonização portuguesa. Foi, segundo a Ufes, a primeira vila da Capitania do Espírito Santo e possui importantes referências do urbanismo e da arquitetura colonial, como o Convento de Nossa Senhora da Penha, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e o Forte de São Francisco Xavier da Barra.
Segundo a professora Luciene Pessotti, a renovação urbana do início do século 20 resultou na construção de muitas edificações em outros estilos, com destaque para a Casa da Memória e o Museu Homero Massena. Em meados do século passado, iniciaram-se os aterros que originaram o Parque da Prainha, local de vivência da comunidade local. O sítio histórico sedia uma das maiores festas da devoção mariana no Brasil, a Festa da Penha.
“No entorno da Igreja do Rosário há praças onde os moradores e usuários do local usufruem de um espaço bucólico e centenário. A Prainha é um lugar de múltiplas vivências e, objetivando a reabilitação de seus espaços, elaboramos o Plano que visa qualificar ruas e praças, a ambiência histórica e a paisagem cultural”, avalia Pessotti.