Um boletim do projeto Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa) lançado nesta quarta-feira, 5, Dia Mundial do Meio Ambiente, revela: um meio ambiente preservado ajuda a manter a saúde das pessoas. O Elsa-Brasil é um estudo envolvendo 15.105 servidores públicos, sendo 1.054 da Ufes.
Os dados sobre qualidade de vida e meio ambiente são resultantes de pesquisas feitas junto ao público-alvo do projeto nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo. A pesquisa mostrou que o ambiente em que as pessoas moram pode influenciar na adoção de hábitos mais saudáveis, como alimentação adequada e exercício físico. Morar próximo a locais de venda de frutas e hortaliças, por exemplo, favorece a adoção de alimentação equilibrada. Os resultados da pesquisa mostram 48% maior chance de consumo de frutas duas ou mais vezes por dia e 47% maior chance de consumo de hortaliças diariamente.
Outro dado importante revela que quem mora em locais onde há praças e parques na vizinhança pratica mais frequentemente atividade física. As áreas verdes nas cidades abrangem os parques, praças, zoológicos, jardins e as árvores, arbustos e gramíneas nas ruas, canteiros, calçadas e quintais. Elas contribuem para a diminuição da poluição atmosférica e sonora e atuam como espaços para a prática de atividade física e interação social.
“O Elsa Brasil é um estudo robusto, financiado pelo Ministério da Saúde, que visa identificar as estratégias de prevenção das doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e obesidade. A recomendação para prevenir essas doenças é bem conhecida: alimentação adequada, atividade física e redução do estresse. A melhor atividade física é aquela feita ao ar livre. Para isso, a preservação das áreas livres nas cidades é fundamental. O Elsa mostrou que quanto mais perto de áreas livres moramos, mais ativa tende a ser a pessoa, menor a pressão arterial, menos obesidade e menos diabetes. A preservação desses espaços é política pública essencial para a saúde da população”, afirmou o professor José Geraldo Mill, coordenador do Elsa na Ufes.
Impactos
Em São Paulo, aproximadamente 64% dos participantes do Elsa-Brasil não tinham acesso a qualquer parque em um raio de um quilômetro da residência. No entanto, aqueles com disponibilidade de pelo menos um parque com áreas verdes próximas às suas residências tinham 12% menos chances de apresentarem pressão arterial elevada. Em Belo Horizonte, participantes que residiam em locais com mais árvores tinham 49% menos chances de obesidade.
“Esses dados são muito importantes porque mostram a importância do planejamento do espaço urbano como uma intervenção do poder público na área da saúde coletiva. Cabe ao poder público regulamentar a ocupação do solo, preservando áreas livres onde as pessoas possam passear e praticar exercícios”, afirmam os pesquisadores do Elsa no boletim.
A coorte (grupo de pessoas previamente definidas) acompanhada pelo Elsa-Brasil foi montada entre 2008 e 2010 e vem sendo acompanhada ao longo do tempo com entrevistas anuais e exames a cada quatro anos, além de supervisão em todas as internações hospitalares. O objetivo é estudar os determinantes das doenças crônicas (cardiovasculares, metabólicas/diabetes, câncer, renais e neurodegenerativas), que são as que mais impactam a saúde e a qualidade de vida das pessoas.
Texto: Sueli de Freitas