A secretária do Ministério da Saúde diz que o país retrocedeu a níveis semelhantes a 2002 com aumento de mortes e atraso de diagnósticos; encontro de Alto Nível da ONU sobre Tuberculose é encarado como oportunidade para reforçar agenda de pesquisa
Foi realizada nesta semana, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a audiência preparatória para a 2ª Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre Tuberculose, marcada para 22 de setembro. Participaram especialistas, governos, sobreviventes da tuberculose e ativistas. A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde do Brasil, Ethel Maciel, participou do evento no painel sobre financiamento de inovações.
Após a audiência, Ethel Maciel conversou com a imprensa, em Nova Iorque, sobre a implementação dos compromissos assumidos pelo Brasil na 1ª Reunião de Alto Nível, realizada em 2018.
Segundo ela, o país sofreu muitos “retrocessos” desde 2018. Durante esse período, houve “muito atraso” no diagnóstico da tuberculose, pois os serviços de saúde estavam focados na Covid-19.
“Infelizmente para nós no Brasil, a nossa taxa de mortalidade (por tuberculose) aumentou bastante e nós estamos agora com índices semelhantes ao que estávamos em 2002. Então nós chegamos nessa nova Reunião de Alto Nível pior do que estávamos em 2018 e com desafios ainda maiores para que nós possamos cumprir essas metas até 2030, que é o nosso desejo”.
Nove ministérios na luta contra a tuberculose
Segundo Maciel, o novo governo no país está adotando uma abordagem integrada para enfrentar a doença. Ela citou um decreto presidencial que reúne nove Ministérios nos esforços de combate à tuberculose.
Dentre eles estão os Ministérios da Saúde, Educação, Direitos Humanos, Justiça, Povos Indígenas e Cidades. Ela afirma que essa abordagem permite um olhar mais atento para populações específicas como pessoas privadas de liberdade e população em situação de rua.
Expectativas para a reunião de Alto Nível
Sobre as prioridades do Brasil para a 2ª Reunião de Alto Nível, em setembro, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente destacou a importância dos investimentos em pesquisa.
“Estamos com muita expectativa que a declaração coloque essa grande prioridade que são os investimentos em pesquisa. E também pesquisa de vacina. Nós sabemos que com uma nova vacina nós teremos muito mais possibilidades de enfrentar ou de chegar nas metas das Nações Unidas. Mas também uma grande prioridade é termos diagnósticos rápidos, diagnósticos que possam ser feitos na atenção primária, mais próximo das pessoas. Para que elas não precisem se deslocar das suas casas. Que a gente possa ter, a exemplo da Covid-19, testes rápidos para tuberculose também.”
Ela ressaltou que além de diagnósticos e vacinas, as formulações pediátricas também devem ser um foco dos esforços de inovação. A secretária comentou que o Brasil espera garantir ainda no primeiro semestre de 2023 a incorporação de novas tecnologias que foram disponibilizadas desde 2018. Em especial, tratamentos pra pessoas infectadas com cepas da tuberculose que são multiresistentes a medicamentos.