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Exportações de carne para a China foram suspensas diante da constatação de dois casos da vaca louca

A suspensão das exportações de carne para a China não deverá representar redução no preço | Foto: Redes sociais

O princípio fundamental da Economia é a lei da oferta e da procura, criada em 1776 pelo inglês Adam Smith que tratou extensivamente desse tópico em seu livro A riqueza das Nações, onde dizia que uma “mão invisível” guiava naturalmente a economia. Menos oferta, o preço é mais elevado. Maior oferta, o valor do produto fica menor, estabelecia os princípios de Adam Smith. Mas, a ganância dos pecuaristas não deverá respeitar essa lei básica econômica e o preço da carne bovina não deverá reduzir, mesmo com a suspensão da exportação para a China diante da doença “vaca louca” no Brasil.

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ignorou a fome acentuada em seu governo, o desemprego recorde e permitiu que os grandes pecuaristas exportassem carne bovina para a China. De janeiro a agosto deste ano a China foi o destino de 59% das exportações de carne bovina brasileira, que repassou para o bolso de janeiro a agosto o montante de US$ 6,26 bilhões (R$ 32,35 bilhões). Os dados são da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). Apenas a China compra 59% da carne brasileira exportada.

O país asiático é o principal destino da carne brasileira, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). No mês de julho foram exportados 91.144 toneladas do produto, crescimento de 11,2% em relação ao mesmo mês de 2020, com alta de 19,1% nas receitas, somando US$ 525,5 milhões. No acumulado, de janeiro a julho de 2021, os embarques para a China já somam 490 mil toneladas e receitas de US$ 2,493 bilhões, crescimento de 8,6% e 13,8%, respectivamente, no comparativo com o mesmo período de 2020.

Suspensa exportações para a China

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou na última sexta-feira (4) a ocorrência de dois casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como o mal da vaca louca, em frigoríficos de Nova Canaã do Norte (MT) e de Belo Horizonte (MG). A confirmação foi feita nessa sexta-feira (3) pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá. De acordo com a pasta, todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório. “Portanto, não há risco para a saúde humana e animal”, destacou, em nota.

Os dois casos atípicos, um em cada estabelecimento, foram detectados durante a inspeção realizada antes do abate dos animais. “Trata-se de vacas de descarte que apresentavam idade avançada e que estavam em decúbito [deitadas] nos currais”, explicou. Conforme preveem as normas internacionais, o Brasil também notificou oficialmente a OIE da ocorrência. No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, as exportações de carne bovina ficam suspensas temporariamente. A medida, que passa a valer a partir de hoje (4), ficará em vigor até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações já repassadas sobre os casos.

Classificação de risco

O Mapa esclareceu ainda que a OIE exclui a ocorrência de casos atípicos da vaca louca para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país. “Desta forma, o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos”, completou.

Segundo o ministério, estes são o quarto e quinto casos atípicos da doença registrados em mais de 23 anos de vigilância do país. Eles ocorrem de maneira espontânea e esporádica e não estão relacionados à ingestão de alimentos contaminados. A pasta destacou que o Brasil nunca registrou a ocorrência de caso clássico do mal da vaca louca.

O que é vaca louca?

A doença da vaca louca em humanos, conhecida cientificamente como Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJv), é uma doença rara neurodegenerativa causada por príons, que são proteínas anormais, que se instalam no cérebro e levam ao desenvolvimento gradual de lesões definitivas, provocando sintomas comuns à demência que incluem dificuldade para pensar ou falar, por exemplo.

A doença da vaca louca tem esse nome devido ao fato de ser uma doença observada com maior frequência, antigamente, em bovinos e, por isso, o contato ou consumo de carne de bovinos contaminados por príons pode levar ao desenvolvimento da doença em humanos.

Principais sintomas

Os sintomas da doença da vaca louca nas pessoas surgem à medida que ocorre a destruição das células nervosas pelos príons, podendo haver: Perda de memória; Dificuldade para falar ou pensar; Perda da capacidade para fazer movimentos coordenados; Dificuldade para caminhar; Tremores constantes; Visão turva; Insônia; Ansiedade e depressão.

Os sintomas da doença da vaca louca são progressivos e normalmente são notados cerca de 10 a 12 anos após a contaminação, sendo muitas vezes confundida com a demência. Apesar da forma mais frequente de contágio ser através da ingestão de carne contaminada, existem outras causas que podem estar na origem do problema, como: Transplante de córnea ou pele contaminada; Utilização de instrumentos contaminados em procedimentos cirúrgicos; Implante inadequado de eletrodos cerebrais; Injeções de hormônios de crescimento contaminados.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da doença da vaca louca é feito com base nos sintomas apresentados, principalmente quando existem mais casos suspeitos na mesma região. Além disso, existem alterações específicas no cérebro que podem ser indicativas dessa doença, como o sinal pulvinar, que é uma alteração presente no tálamo anterior.

Além disso, do diagnóstico pode incluir a realização de um eletroencefalograma e a análise do líquido cefalorraquidiano, ou teste de príons e exames genéticos, assim como ressonância magnética. No entanto, na maioria dos casos, a doença só é confirmada após realização de biópsia do cérebro e, por isso, o diagnóstico é mais difícil.