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Extensão do gelo marinho foi a menor já registrada em janeiro, diz a OMM


Redução foi observada no Ártico e na Antártida; especialistas apontam que último mês foi o sétimo mais quente globalmente e o terceiro com temperaturas mais altas na Europa; levantamento de mais dados é necessário para concluir se degelo deve continuar


Baleias jubarte se alimentam em uma baía na Antártida | Foto: ONU/Unsplah/Rod Long

A extensão do gelo marinho na Antártida foi a mais baixa já registrada em janeiro e, no Ártico, a terceira mais baixa. A avaliação é do Serviço Europeu de Mudanças Climáticas Copernicus e o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos. A extensão do gelo marinho e a temperatura são indicadores climáticos usados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), em seus relatórios sobre o Estado do Clima Global.

O estudo da OMM sinaliza que “mesmo que o aquecimento global seja milagrosamente limitado a 1,5 graus, ainda haverá uma subida considerável do nível do mar. A taxa de subida do nível do mar duplicou desde 1993. Subiu quase 10 milímetros desde janeiro de 2020 para um novo recorde em 2022, de acordo com o relatório provisório da OMM sobre o Estado do Clima Global em 2022. Só os últimos dois anos e meio foram responsáveis por 10% da subida global do nível do mar desde que as medições por satélite começaram há quase 30 anos.

Perigo para quem mora na região costeira

“Embora isto ainda seja medido em termos de milímetros por ano, soma meio a um metro por século, o que constitui uma ameaça a longo prazo e importante para muitos milhões de habitantes costeiros e estados de baixa altitude”, destaca a entidade internacional vinculada à ONU. O perigo é especialmente grave para cerca de 900 milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras a baixas elevações – uma em cada dez pessoas na terra, acentua a OMM.

As projeções sinalizam que entre 250 a 400 milhões de pessoas irão provavelmente precisar de novas casas em novos locais em menos de 80 anos. Ainda foi dado o alerta de que haverá impactos devastadores em regiões férteis para a agricultura. Para quem desejar fazer o download do documento, em PDF e no idioma inglês, é só clicar neste link.

Segundo o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo, combinados, os dois hemisférios estabeleceram um recorde de baixa extensão total do gelo marinho global. Os especialistas apontam que isso não significa necessariamente uma tendência e pode ser causado por variabilidade relacionada ao clima.

Já sobre a temperatura, os dados revelam que os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados. De acordo com a Copernicus Climate, janeiro foi o sétimo mais quente em geral e o terceiro mais quente da Europa, que testemunhou temperaturas excepcionalmente amenas no dia de Ano Novo.

Túnel de iceberg fotografado na Antártica | Foto: ONU/Unsplash/Derek Oyen

Ártico

Os dados apresentados pela OMM também apontam que o Ártico está aquecendo duas vezes mais rápido que a média global. Como resultado, o gelo marinho recuou dramaticamente ao longo dos 44 anos de registro de satélites.

Desde 1979, janeiro perdeu 1,89 milhão de quilômetros quadrados, o equivalente a cerca de duas vezes o tamanho da Alemanha.

Regionalmente, a extensão do gelo marinho permaneceu particularmente baixa no Mar de Barents e abaixo da média no Mar de Okhotsk, no Mar de Bering e no Golfo de São Lourenço.

O gelo do mar Ártico geralmente atinge sua extensão máxima anual no final de fevereiro ou início de março, quando o gelo do mar Antártico atinge sua extensão mínima.

Recuperação do gelo marinho

O pesquisador de gelo marinho do Centro Nacional Dinamarquês de Pesquisa Climática do Instituto Meteorológico da Dinamarca, Gorm Dybkjær, afirmou que durante o ano passado, a extensão do gelo marinho era geralmente baixa na Antártida.

Ele acrescenta que isso deixa marcas, pois o novo gelo que se forma durante o inverno se torna mais frágil e tem mais facilidade para se quebrar e derreter, tornando mais difícil a recuperação. Isso já é observado no Oceano Ártico.

Segundo o especialista, ainda é cedo para concluir se o gelo marinho continua diminuindo na Antártica ou se há apenas flutuações naturais de longo prazo no clima. Gorm Dybkjær explica que são necessários mais dados para avaliar se as mudanças são devidas às mudanças climáticas. No entanto, ele opina que a menor extensão do gelo marinho na Antártida se encaixa na expectativa do que acontecerá quando a temperatura global subir.