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Fake news contra vacina prejudica imunização contra poliomielite no ES. Estado não atingiu a meta vacinal

No Espírito Santo, os pais de exatas 62.160 crianças de até cinco anos ficaram expostas ao vírus que provoca a paralisia infantil, devido a campanha de desinformação estimulada pela extrema-direita | Foto: Arquivo/OPAS

Fruto da campanha de desinformação estimulada pela extrema-direita, o Espírito Santo não conseguiu atingir a meta de vacinação contra a Poliomielite, que foi encerrada no último dia 31 de outubro com 67% de cobertura vacinal em todos os 78 municípios do Estado. A meta, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), estabelecida pelo Ministério da Saúde, era de 95%

“ Em 2020, durante a última campanha realizada no País e no período de medidas de distanciamento social devido à pandemia da Covid-19, a cobertura vacinal foi de 80,57%”, lembra a Sesa em comunicado à imprensa.  Das 215.659 mil crianças de um a menores de 5 anos no Estado, 153.499 mil receberam a dose da vacina. Desse total, os pais de 62.160 crianças capixabas, nessa faixa etária, deixaram seus filhos, intencionalmente, expostos ao vírus, que traz consequências graves para o resto da vida.

Em virtude da baixa cobertura, a Sesa orientou aos prefeitos capixabas que mantenham a vacinação na rotina, sendo ofertada de forma seletiva para crianças menores de 5 anos não vacinadas ou com esquema incompleto.

“A Campanha Nacional acabou, mas no Espírito Santo daremos continuidade à vacinação contra poliomielite na rotina, com o objetivo de buscarmos a meta preconizada pelo Ministério da Saúde. Os pais e responsáveis precisam levar as crianças menores de 5 anos aos serviços de vacinação para que os profissionais possam verificar o cartão vacinal e a necessidade de completar o esquema da Pólio”, reforçou o subsecretario Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.

As doses de poliomielite na Campanha Nacional de Vacinação foram destinadas às crianças de um a menores de 5 anos de forma indiscriminada com a Vacina Oral Poliomielite (VOP), que já tinham recebido as três doses de Vacina Inativada Poliomielite (VIP) do esquema básico. A campanha teve início no dia 8 de agosto e foi encerrada no término de outubro.

As doses da rotina também têm a meta de atingir a cobertura de 95%, sendo uma estratégia que tem como objetivo reduzir o risco de reintrodução do poliovírus selvagem no País, em virtude do cenário epidemiológico global da doença. Atualmente, o Estado apresenta 76,26% de cobertura (dados parciais).

ES tem registrado aumento do desinteresse dos pais em proteger seus filhos

Os dados de cobertura vacinal contra a poliomielite, referentes às campanhas de vacinação, têm registrado redução no Espírito Santo nas últimas duas campanhas realizadas em 2020 e 2022. Em 2020, o Estado alcançou a cobertura de 80,57% e, em 2022, de 67%.  A referência técnica Estadual da Paralisia Flácida Aguda (PFA)/Poliomielite, da Secretaria da Saúde, Melina Murta Tedesco Duarte, ressaltou que este cenário está ligado, em especial, às notícias falsas (“fake news”) a respeito das vacinas e à falta de percepção de risco.

“Os principais problemas estão nas chamadas ‘fake news’, nas disseminações de informações falsas sobre as vacinas, na atuação de grupos antivacina, além da falta de percepção do medo da população por não ter ideia da gravidade da doença”, pontuou Melina Duarte.   A referência técnica alertou ainda para a reintrodução do vírus no País, uma vez que as coberturas vacinais se encontram baixas. “Muitos pais não tiveram contato com esta doença. O Brasil a erradicou há 32 anos, entretanto, corremos o risco de termos a reintrodução deste vírus novamente no País. É uma doença altamente contagiosa, que não tem tratamento e nem cura, mas pode ser evitada com a vacina, que é segura e eficaz”, ressaltou.

“Acredito que possamos voltar a ter uma cobertura de excelência no Estado. Em 2020, a pandemia da Covid-19 influenciou nas coberturas vacinais. Mas, em 2022, não existem mais porquês de não vacinarmos as nossas crianças contra a poliomielite”, reforçou Melina Duarte.

O que é a poliomielite?

Segundo o Ministério da Saúde, a Poliomielite (paralisia infantil) é uma doença contagiosa aguda causada por vírus que pode infectar crianças e adultos e em casos graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores. A vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas.

A Poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.

Quais são os sintomas da poliomielite?

Os sinais e sintomas da poliomielite variam conforme as formas clínicas, desde ausência de sintomas até manifestações neurológicas mais graves. A poliomielite pode causar paralisia e até mesmo a morte, mas a maioria das pessoas infectadas não fica doente e não manifesta sintomas, deixando a doença passar despercebida.

Os sintomas mais frequentes são:

febre;

mal-estar;

dor de cabeça;

dor de garganta e no corpo;

vômitos;

diarreia;

constipação (prisão de ventre);

espasmos;

rigidez na nuca;

meningite.

Na forma paralítica ocorre:

Instalação súbita de deficiência motora, acompanhada de febre.

Assimetria acometendo, sobretudo a musculatura dos membros, com mais frequência os inferiores;

Flacidez muscular, com diminuição ou abolição de reflexos profundos na área paralisada;

Sensibilidade conservada;

Persistência de paralisia residual (sequela) após 60 dias do início da doença.

Como prevenir a poliomielite?

A vacinação é a única forma de prevenção da Poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual.

Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina injetável – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente– VOP (gotinha).

A mudança está de acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e faz parte do processo de erradicação mundial da pólio.

Quais são as causas e sequelas da poliomielite?

A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do poliovírus, causador da poliomielite.

As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente correspondem a sequelas motoras e não tem cura. Assim, as principais sequelas da poliomielite são:

    Problemas e dores nas articulações;

    Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão;

    Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose;

    Osteoporose;

    Paralisia de uma das pernas;

    Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta;

    Dificuldade de falar;

    Atrofia muscular;

    Hipersensibilidade ao toque.

As sequelas da poliomielite são tratadas por meio de fisioterapia e da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.

A poliomielite atinge também os adultos?

Embora ocorra com maior frequência em crianças, a poliomielite também pode ocorrer em adultos que não foram imunizados. Por isso é fundamental ficar atento às medidas preventivas, como: lavar sempre bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimentos e beber água tratada.

Como é feito o diagnóstico da poliomielite?

O diagnóstico da poliomielite deve ser suspeitado sempre que houver paralisia flácida de surgimento agudo com diminuição ou abolição de reflexos tendinosos em menores de 15 anos.

Os exames de liquor (cultura) e a eletromiografia são recursos diagnósticos importantes. O diagnóstico será dado pela detecção de poliovírus nas fezes.

Como é feito o tratamento da poliomielite?

Não existe tratamento específico da poliomielite, todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas de acordo com o quadro clínico do paciente.