Os dados são oficiais do IBGE e derrubam a fantasia da “tradicional família brasileira”, desejada pela extrema-direita. Os dados, extraídos do último Censo de 2022, mostram que as famílias do mesmo sexo existem e que elas são felizes em seus lares e que ninguém tem nada a ver com isso. O que importa é que são pessoas que se amam
A “tradicional” família brasileira, formada exclusivamente por heterossexuais, imaginada e um dos cavalos de batalha da extrema direita que se formou no Brasil pós governo Bolsonaro, não existe no mundo real. É imaginação e fantasia ideológica. Quem destrói esse mito dos extremistas de direita é nada mais e nada mais do que o IBGE, através da divulgação do “Censo Demográfico 2022: Composição domiciliar e óbitos informados: Resultados do universo”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de lares formados por casais do mesmo gênero passou de 59.957 para 391.080. A comparação foi realizada entre o Censo de 2010 e novos dados divulgados pelo Censo 2022. Os dados são frutos do último Censo de 2022 e divulgados no final desta última semana.
Ou seja, as famílias homoafetivas quintuplicaram no Brasil, em um período de 12 anos. São casais do mesmo sexo, que vivem felizes em seus lares. É uma realidade que ideologia nenhuma tira. São casais que optaram em viver com quem amam e gostam, sem se importar se é do mesmo sexo ou não. E ninguém tem nada com isso, principalmente os reacionários da extrema-direita.
Quintuplica os lares de casais do mesmo sexo no Brasil
As novas informações mostram que o percentual de casas brasileiras com casais homoafetivos quintuplicou, passando de 0,1% para 0,54% em 12 anos. Os maiores percentuais estão no Distrito Federal (0,76%), Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%).
Sobre a divulgação, o fundador do Grupo Dignidade e atual diretor presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, comemorou: “Ficamos muito felizes. Nos anos 90, eu e David lutamos muito para conseguir este direito. Fomos o primeiro casal gay a casar depois da decisão do STF. Viva o amor! Pelo respeito a todas as famílias, inclusive a tradicional” .
Casa administrada por mulheres, sem a presença dos “machões”
Outro detalhe do levantamento do IBGE e que mostra a distância entre a fantasia da “tradicional família brasileira” e a realidade, é que em 10 estados, o percentual de mulheres responsáveis pela unidade doméstica foi maior que 50%: Pernambuco (53,9%), Sergipe (53,1%), Maranhão (53,0%), Amapá (52,9%), Ceará (52,6%), Rio de Janeiro (52,3%), Alagoas e Paraíba (51,7%), Bahia (51,0%) e Piauí (50,4%).
“Os dados do Censo mostram que a maior parte dessas unidades da federação estão concentradas na Região Nordeste do país. Por outro lado, os menores percentuais são encontrados em Rondônia, com 44,3%, e em Santa Catarina, com 44,6%. Percebe-se, de forma geral, que as unidades da federação acompanharam o movimento do país com aumento da proporção de unidades domésticas com responsáveis do sexo feminino””, aponta a analista da divulgação, Luciene Longo.
Aumenta lares com uma única pessoa
O que já era comum no Centro Histórico de Vitória (ES), lares com apenas um único morador, o IBGE constata que essa tendência generalizou no Brasil. Em 2022, cerca de 202 milhões de pessoas viviam nos 72 milhões de domicílios particulares do país, resultando numa média de 2,8 moradores por unidade doméstica. Em 2000, a média era 3,7 pessoas e em 2010 era 3,3. Cerca de 72,3% das unidades domésticas têm até 3 moradores e 28,7% têm 2 moradores.
As espécies de unidades domésticas têm as suas particularidades e representam, de certa forma, a configuração do espaço doméstico da população. Elas foram classificadas em:
- – Unipessoais: aquelas com apenas um morador;
- – Nucleares: aquelas compostas somente por um casal, ou somente um casal com filho(s), ou somente uma pessoa com filho(s), sem a presença de nenhum outro membro;
- – Estendidas: aquelas onde existe a presença de algum outro parente (ex: neto(a), avô ou avó, genro ou nora);
- – Compostas: aquelas onde existe presença de algum não parente (agregado, convivente, pensionista).
A maior parte das unidades domésticas eram nucleares (64,1%); 18,9% eram unipessoais; 15,4%, estendidas e 1,5%, compostas. Em todas as categorias de sexo ou cor ou raça, a unidade doméstica nuclear predomina em relação às demais espécies, com destaque para homens brancos (70,3%). Desde o último Censo, a única espécie de unidade doméstica que aumentou sua participação (de 12,2% para 18,9%) foi a unipessoal.
“Para o sexo feminino, observa-se percentuais maiores de unidades domésticas unipessoais, em especial para responsáveis que se declaram amarelas (26,5%) e brancas (23,4%), provavelmente por causa do envelhecimento populacional”, destaca a analista da divulgação.
Há ainda uma proporção maior de unidades domésticas de espécie estendida e menor da nuclear entre as mulheres responsáveis (18,8% e 60,6%, respectivamente) em comparação aos homens responsáveis (12,1% e 67,6%, respectivamente). “Esse resultado mostra que as mulheres, de modo geral, tendem a ser responsáveis por unidades domiciliares maiores”, completa.
Dados do IBGE destroem a essência do racismo: Brancos são minoria no Brasil
Pela primeira vez, pardos ultrapassam brancos como responsáveis pelas unidades domésticas. Embora ainda com valores próximos, pela primeira vez, o Censo registrou maior proporção de pardos (43,8%) responsáveis pelos domicílios em comparação às pessoas de cor ou raça branca. Em 2010, esses percentuais eram de 40,0% e 49,4%, respectivamente.
A proporção de pessoas pretas subiu de 9,0% para 11,7% e a de indígenas variou de 0,4%para 0,5%. Por outro lado, a proporção de pessoas amarelas responsáveis pelas unidades caiu de 1,2% em 2010 para 0,5% em 2022.
A análise das unidades da federação por cor ou raça mostra que nos estados da Região Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, a maioria da proporção de pessoas responsáveis pelas unidades domésticas era da cor branca. Para todas as outras unidades da federação, a maior parte se declarou da cor parda.
“Destacam-se também os percentuais maiores de pessoas indígenas responsáveis pelas unidades domésticas em Roraima, com 10,2%, Amazonas, com 5,7%, e Mato Grosso do Sul, com 2,7%, assim como a maior proporção com relação a responsáveis que se declararam pretas na Bahia, com 25% da população”, salienta a Luciene.