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FAO divulga relatório sobre alimentos do futuro, que surgem diante da escassez de alimentos

Os insetos serão uma opção para a alimentação, segundo a FAO | Foto: Reprodução/internet

Com 7,7 bilhões de habitantes no mundo e uma tendência de crescimento nas próximas décadas e diante das mudanças climáticas, a Agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) está divulgando um relatório onde aponta os benefícios e riscos associados com a alimentação no futuro. O estudo aborda analisa novos alimentos e tecnologias, como alternativas à escassez de alimentos e que são baseadas em plantas e insetos.

De acordo com a Agência, o mundo vive inovações científicas e tecnológicas que estão revolucionando o setor agroalimentar incluindo a segurança dos alimentos. Para a FAO é importante que os países se atualizem sobre essas mudanças e se cooperem. O relatório mapeia as áreas mais críticas para agricultura e alimentos com o foco na segurança dos alimentos, que tem aumentado o número de consumidores em todo o planeta.

O estudo cobre oito categorias que impulsam as tendências: mudança climática, novas fontes de alimentos e sistemas de produção, aumento no número de jardins de vegetais e outros locais de plantio nas cidades, mudanças no comportamento dos consumidores, economia circular, ciência de micro bioma (que estuda bactérias, vírus e fungos no intestino e no ambiente), inovação científico-tecnológica e fraude de alimentos.

Impacto de mudanças de temperaturas sobre a produção de alimentos

O documento avalia o impacto de mudanças da temperatura e a influência sobre a produção de alimentos além da alteração por parte dessas mudanças. Zonas mais frias se tornando mais quentes e o surgimento de pragas e espécies tóxicas de fungo na agricultura. Algumas toxinas já são um problema em regiões com África e Oriente Médio, ressalta o organismo da ONU.

Outro ponto abordado são as variedades comestíveis de água viva, usadas por gerações em algumas partes da Ásia. Elas têm baixo teor de carboidrato e alto em proteína, mas tendem a estragar, facilmente, em temperatura ambiente e podem servir de vetor para bactéria patogênica, que pode afetar a saúde humana. O consumo de algas, por exemplo, está se espalhando além da Ásia e deve crescer por causa do valor nutricional e de sustentabilidade.

As algas não precisam de fertilizantes para crescer e ajudam a combater a acidificação dos oceanos. Umas das preocupações é com o alto acúmulo de metais pesados como arsênio, chumbo, cádmio e mercúrio. Sobe também o interesse por insetos comestíveis para diminuir o impacto sobre a produção alimentar. Ainda que sejam boas fontes de proteína, fibra e micronutrientes como ferro, zinco e magnésio, eles podem conter elementos de contaminação por alimentos provocando alergias, prossegue o estudo.

Segundo a FAO, cada vez mais e mais pessoas se tornam veganas ou vegetarianas, quase sempre por preocupações com o bem-estar da saúde animal e o impacto sobre os rebanhos. Esses alimentos são uma alternativa à carne animal e a venda desses produtos deve crescer ainda mais em nível global. Mas esse consumo também pode causar alergias.

Alternativa para substituir a carne animal que pode gerar alergias

A FAO lembra uma profecia feita pelo ex-premiê britânico, Winston Churchill, que fez a segu8inte afirmação: “Nós devemos escapar do absurdo de criar uma galinha inteira para comer o peito ou a asa dela, quando poderíamos criar somente essas partes por um meio mais apropriado”.  De acordo com a Agência, atualmente, isso está se tornando uma realidade como dezenas de empresas desenvolvendo bifes e nuggets de frango dessa forma. Aqui os riscos são o uso de soro de animal na forma de produção, o que pode levar à contaminação microbiológica e química.

“Uma revolução está transformando o setor de agroalimentos e ajudando a se produzir menos.  Um exemplo é a embalagem inteligente que aumenta a duração dos alimentos, tecnologia de blockchain que assegura que a comida possa ser rastreada na cadeia de fornecimento, e impressoras 3D que produzem doces e até ingredientes à base de planta com uma textura semelhante à da carne. Mas essa tecnologia precisa estar mais difundida e acessível e é preciso haver mais comunicação e transparência na troca de dados”, afirma o documento.

Trechos do relatório sobre os efeitos das mudanças climáticas

Eventos extremos atribuídos às mudanças climáticas estão se tornando mais frequentes, severos e imprevisíveis. Tais eventos não apenas afetam a segurança alimentar, afetando negativamente a produção e o rendimento agrícola e interrompendo as cadeias de suprimentos, mas também afetam a segurança alimentar. Temperaturas elevadas, alternância de períodos severos de seca e chuvas fortes, a degradação da qualidade do solo, o aumento do nível do mar e a axcidificação dos oceanos, entre outros, têm sérias implicações para vários contaminantes biológicos e químicos nos alimentos, alterando sua virulência, ocorrência e distribuição.

Isso aumenta nosso risco de exposição a riscos de origem alimentar. Além disso, a rápida globalização das cadeias de fornecimento de alimentos facilita a amplificação dos riscos de transmissão de alimentos ao longo do caminho, proporcionando oportunidades para que incidentes locais de transmissão de alimentos se tornem surtos internacionais.

Alimentos inseguros são impróprios para consumo. Com alimentos suficientes, acessíveis, nutritivos e seguros considerados os principais componentes da segurança alimentar, os impactos das mudanças climáticas na segurança alimentar dificultarão nossos esforços para alcançar a segurança alimentar em face de uma população global em ascensão e uma demanda crescente por alimentos. De acordo com estimativas, cerca de 14 por cento de alimentos produzidos é perdido durante a fase de produção antes mesmo de atingir o nível de varejo ou os consumidores. Parte dessa enorme perda se deve a vários problemas de contaminação de alimentos (FAO, 2019) e as mudanças climáticas podem exacerbar a perda de alimentos, fornecendo condições propícias à ocorrência e disseminação de perigos de origem alimentar.

Evidências recentes apontam para uma potencial associação entre o aumento das temperaturas e o aumento das taxas de resistência antimicrobiana em patógenos humanos (Escherichia coli, Klebsiella pneumonia e Staphylococcus aureus) (MacFadden et al., 2018; McGough et al., 2020). Em uma tendência preocupante, vários patógenos alimentares e aquáticos – Vibrio cholerae, Campylobacter spp., Listeria monocytogenes, Salmonella spp, Escherichia coli e Arcobacter sp. -estão cada vez mais mostrando resistência a antibióticos clinicamente importantes, ressaltando a importância de monitorar essa questão (Dengo-Baloi et al., 2017; Elmali e Can, 2017; Henderson et al., 2017; Olaimat et al., 2018; Poirel et al., 2018; Van Puyvelde et al., 2019; Wang et al., 2014; Wang et al., 2019).

Práticas inadequadas de pós-colheita para secagem, armazenamento e Transporte podem exacerbar o risco de exposição a micotoxinas, como aflatoxinas e ocratoxina A. para alguns desses perigos transmitidos por alimentos, como micotoxinas e toxinas de algas, há incidências crescentes em áreas sem histórico prévio dessas doenças transmitidas por alimentos. Isso coloca as áreas afetadas em desvantagem, pois pode haver sistemas de vigilância e medidas de gestão insuficientes para detectar e gerenciar os surtos, colocando assim a saúde pública em risco. Além disso, as doenças transmitidas por alimentos geralmente são subnotificadas, o que torna difícil estimar a verdadeira carga de doenças transmitidas por alimentos.