A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) voltou a emitir comunicado em defesa do manifesto censurado pelo atual presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o bolsonarista Paulo Skaf. Na sua nota emitida nesta última quinta-feira (2), a Febraban lembra de que nada adiantou o bolsonarista dirigente da Fiesp adiar a divulgação, uma vez que a imprensa brasileira já publicou o manifesto que deveria ter sido divulgado oficialmente no último dia 31.
Foi diante disso que no seu comunicado mais recente, a entidade que reúne os bancos instalados no Brasil disse: “A Febraban confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa”.
Era a Fiesp que tinha ficado com a incumbência de recolher as assinaturas no meio empresarial para o manifesto intitulado ”A praça é dos três poderes”. No entanto, o manifesto empresarial, que já tinha mais de 200 assinaturas, desagradou ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Mas, como a Febraban se posicionou com mais ênfase em defesa da democracia, Bolsonaro ameaçou desfilar o Banco do Brasil e a Caixa da Febraban, caso o manifesto viesse a público com os nomes dos bancos administrados pelos bolsonartistas.
A decisão de submissão unilateral do presidente da Fiesp aos desmandos de Bolsonaro causou uma indignação no meio empresarial. Agora, a Febraban diz oficialmente que ignora se a Fiesp vai divulgar o manifesto ou não: “Diante disso, a Febraban avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da Fiesp, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto”.
COMUNICADO PÚBLICO DA FEBRABAN
A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) reafirma o apoio emprestado ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, cuja adesão se deu, desde o início, dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo e cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) assumiu a coordenação do processo de coleta de assinaturas e se responsabilizou pela publicação, conforme e-mail dirigido a mais de 200 entidades no último dia 27 de agosto.
A FEBRABAN considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A Federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto.
Diante disso, a FEBRABAN avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da FIESP, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto.
A FEBRABAN confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa.
FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos
Diretoria de Comunicação
Relembre o manifesto censurado pela Fiesp:
”A praça é dos três poderes”
A Praça dos Três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sedes de cada um dos poderes.
Esta disposição deixa claro que que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles.
Este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe.
As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população.
Mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Esse é o anseio da Nação brasileira”.