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Fenômeno La Niña deve continuar pelo terceiro ano seguido


OMM afirma que é a primeira vez que isso acontece neste século; evento climático pode durar até o final de 2022, levando a temperaturas acima do normal em várias áreas, incluindo no Hemisfério Norte


O fenômeno, aliado às mudanças climáticas, provoca descontroles, como a seca no Espírito Santo e as recentes fortes chuvas em Recife (PE) | Imagens: Redes sociais

O fenômeno climático La Niña poderá ocorrer pelo terceiro ano consecutivo em 2022. A Organização Meteorológica Mundial (OMM), alerta que, se confirmado, o evento será excepcional. De acordo com as previsões, o fenômeno deve durar até o fim deste ano. O impacto pode ser observado em padrões climáticos como seca e inundações em todo o mundo.

As condições do La Niña envolvem um resfriamento em larga escala das temperaturas da superfície do oceano, que se fortaleceram no Pacífico equatorial leste e central. O aumento nos ventos alísios nas últimas semanas propiciou a situação. Com um resfriamento natural e cíclico de áreas do Pacífico equatorial, o La Niña muda os padrões climáticos em todo o mundo. O evento está geralmente associado a condições mais úmidas em algumas partes do mundo e mais secas em outras.

Condições do La Niña envolvem um resfriamento em larga escala das temperaturas | Foto: OMM/Muhammad Amdad Hossain

Oposto

O fenômeno oposto e mais conhecido é o El Niño, que está associado ao aquecimento em algumas partes do mundo. O diretor-geral da OMM Petteri Taalas disse que o resfriamento causado pelo La Niña não significa que o aquecimento global está diminuindo. Ele explicou que essa influência desacelera temporariamente a subida das temperaturas globais, mas não interromperá ou reverterá essa tendência em longo prazo.

Petteri Taalas destacou que marcas do La Niña são observadas na seca em curso no Chifre da África e no sul da América do Sul. Pela nova atualização são confirmadas as projeções climáticas regionais de que “a seca no Chifre da África piorará e afetará milhões de pessoas.” A situação pode piorar a quinta temporada consecutiva de chuvas trazendo a possibilidade de “uma catástrofe humanitária sem precedentes”.

Várias agências da ONU alertaram sobre a situação causada pela pior seca em 40 anos em países como Etiópia, Quênia e Somália. O efeito de resfriamento do La Niña também não impediu que 2021 fosse um dos sete anos mais quentes já registrados.

A OMM disse que, apesar da realidade do La Niña no Pacífico equatorial central e oriental, prevê-se que um cenário mais quente do que a média da superfície do mar domine a previsão das temperaturas para setembro a novembro. O comunicado destaca que a situação contribuirá para temperaturas acima do normal em áreas do Planeta, incluindo grande parte do Hemisfério Norte.

Sob os efeitos do La Niña, os furacões no Atlântico são mais frequentes. O fenômeno reduz a queda de chuva e aumenta os incêndios florestais no oeste e as perdas agrícolas no centro do território norte-americano. Nos Estados Unidos, os danos do La Niña são mais caros que os do El Niño. O El Niño, o La Niña e a condição neutra são conhecidos como o El Niño Oscilação do Sul, Enso. Esta combinação tem grandes implicações naturais sobre o clima, aumentando e outras vezes atenuando o impacto das alterações causadas pelo homem, como a queima de carvão, do petróleo e do gás.