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Filme brasileiro “A Última Floresta” que fala sobre a destruição dos Yanomami, vence o festival Berlinale

A destruição da floresta e o garimpo nas terras dos Yanomami, sob o governo Bolsonaro, é mostrada no filme | Foto: Divulgação

O filme A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, deverá entrar em cartaz no Brasil no segundo semestre de 2021

Tendo como material de base a mitologia yanomami para denunciar a ação de garimpeiros e destruição da floresta amazônica, o longa-metragem “A Última Floresta”, do brasileiro Luiz Bolognesi ganhou o prêmio do público da mostra Panorama, do festival de cinema de Berlim, anunciado neste último domingo (20). O filme mostra as atrocidades que vem ocorrendo com os indígenas, e as florestas brasileiras, sob o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O Festival Internacional de Cinema de Berlim (em alemão: Internationale Filmfestspiele Berlin), também conhecido como Berlinale, é um festival de cinema alemão, estabelecido em 1951 na antiga Berlim Ocidental (atual Berlim). O Berlinale é considerado uma dos eventos mais importantes na indústria cinematográfica e um dos cinco principais festivais do mundo.

O festival alemão fica ao lado do Festival de Cinema de Veneza, o Festival de Cannes, o Festival Internacional de Cinema de Toronto, o Sundance Film Festival e o Tribeca. Seus prêmios principais são chamados de Urso de Ouro e Urso de Prata – sendo que o urso é o símbolo de Berlim.

Assista ao triler de “A última floresta”, que só será exibido no Brasil no segundo semestre | Vídeo: Youtube

Desmatamentos e garimpos ilegais

Único longa brasileiro na competição oficial da 71ª Berlinale, “A Última Floresta”, de Luiz Bolognesi, mistura documentário e ficção, denunciado garimpos ilegais e o desmatamento da floresta. O roteiro foi coassinado pelo xamã e ativista Davi Kopenawa. Os atores foram os próprios indígenas.

Bolognesi contou à RFI Brasil que a história de “A Última Floresta” surgiu enquanto filmava seu filme anterior, “Ex-Pajé”, vencedor do Prêmio Especial do Júri, na Berlinale de 2018. “Há aldeias e povos que ainda possuem um xamã muito forte, que luta e resiste para manter o centro deles de política, saúde e saber. Quis então fazer um filme que retratasse também este outro lado, a vitória da resistência”, explicou.

A obra, um misto de ficção e documentário, denuncia garimpos ilegais e o desmatamento da floresta na região. Para tal, conta com os próprios índios como atores. O xamã Davi Kopenawa Yanomami assina o roteiro do filme em parceria com Bolognesi.

Por meio de suas redes sociais, o diretor Bolognesi festejou a vitória internacional. “Ganhamos o prêmio do público no Festival de Berlim! Melhor filme da Mostra Panorama!”, escreveu o roteirista e diretor de cinema. A 71ª edição da Berlinale aconteceu este ano em versão híbrida, com uma parte online e em presencial em junho.

Vencedores

Os vencedores do prêmio de público dos filmes em competição pelo Urso de Ouro são: “Mr. Bachmann and his Class” (Alemanha), de Maria Speth, “I’m Your Man” (Alemanha), de Maria Schrader, e “Ballad of a White Cow” (Irã/França), de Behtash Sanaeeha e Maryam Moghaddam.

A leitura do livro “A queda do céu”, de autoria de Davi Kopenawa, num diálogo com o antropólogo francês Bruce Albert, publicado no Brasil pela Cia das Letras em 2015, foi definitivo para a decisão de Luiz Bolognesi convidar o xamã yanomami para juntos fazerem o longa-metragem “A Última Floresta”.

“Na minha opinião, além de tudo, como valor literário, esse é o grande livro que eu li no século 21. No século XX, o livro que mais me impressionou foi o Grande Sertão Veredas (de Guimarães Rosa, 1956); para mim ‘A Queda do Céu’ é o ‘Grande Sertão’ do século 21”, completou o diretor.