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Fiocruz abre debate para que seja repensado o uso abusivo de agrotóxicos na agricultura


Os agrotóxicos, com poder de matar o ser humano, são comercializados legalmente no Brasil. Isso ocorre porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) legalizou os venenos químicos ao dar as autorizações, mesmo que esses sejam proibidos na Europa e Estados Unidos


Fiocruz abre debate para que seja repensado o uso abusivo de agrotóxicos na agricultura | Foto: Arquivo/Agência Brasil

A Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão vinculado à sua Presidência dessa entidade, está sugerindo para a necessidade de que seja repensado, com urgência, o modelo agrícola brasileiro sedimentado em uso abusivo de agrotóxicos proibidos no restante do mundo. O debate foi aberto após a recente suspensão das importações de soja do Brasil pela China, devido à contaminação com agrotóxicos.

De acordo com nota da VPAAPS, a iniciativa da China “coloca em evidência as fragilidades do modelo agrícola do país e a dependência de insumos químicos.” Karen Friedrich, pesquisadora da Fiocruz, tem alertado sobre a resistência crescente das pragas aos agrotóxicos, o que evidencia a insustentabilidade do modelo atual.

Comprometimento da saúde e segurança alimentar

A dependência de grandes indústrias químicas não só compromete a saúde e a segurança alimentar, mas também agrava os impactos ambientais, deixando claro que esse modelo não é viável para o futuro do país.

Segundo a nota da Fiocruz, especialistas apontam que é urgente repensar o modelo econômico agrícola brasileiro, promovendo alternativas como a agroecologia e a agricultura familiar, que priorizam métodos mais sustentáveis, saudáveis e responsáveis.

“Essas abordagens não apenas eliminam a dependência de agrotóxicos, mas também favorecem a produção de alimentos saudáveis, respeitando os ecossistemas locais e o uso responsável dos recursos naturais, ao contrário do modelo agroindustrial voltado para o agronegócio”, afirma a nota.

Quais as empresas do agronegócio campeãs no agrotóxico

A Fiocruz informa que tomou a sua decisão em formular a proposta para debate com base em um relatório feito pela ONG Auditoria Cidadã da Dívida. Esse relatório se inicia dando os nomes das empresas campeãs em utilizar, de forma abusiva, agrotóxicos na soja exportada. A decisão chinesa foi tomada após a Administração-Geral de Aduanas da China detectar resíduos de agrotóxicos na soja exportada pelas empresas afetadas incluem Cargill Agrícola SA, ADM do Brasil, Terra Roxa Comércio de Cereais, Olam Brasil e C.Vale, informa a entidade no seu relatório.

“Especialistas apontam que esse episódio reforça os riscos da dependência do agronegócio brasileiro em insumos químicos, que não apenas impactam a economia, mas também afetam a competitividade internacional do país. A economista Diana Chaib alerta que o Brasil pode enfrentar novas restrições comerciais se não aprimorar seus controles de qualidade. Já Alan Tygel, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, critica o modelo econômico baseado na exportação de commodities e defende a adoção de uma agricultura mais soberana e sustentável”, acentua.

Brasil é o campeão no uso de agrotóxicos

De acordo com esse relatório, devido às autorizações de uso pela Anvisa, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e mantém isenções fiscais bilionárias para essas substâncias. “O Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que poderia minimizar esse problema, segue inativo. A pesquisadora Karen Friedrich, da Fiocruz, ressalta que a resistência das pragas aos pesticidas torna esse modelo cada vez mais insustentável, beneficiando apenas as grandes indústrias químicas”, acusa.

Diante desse cenário, cresce a necessidade de políticas públicas que reduzam a vulnerabilidade do Brasil a embargos e crises externas, promovendo um modelo agrícola que priorize a produção de alimentos saudáveis para o mercado interno e diversifique suas relações comerciais.

Este modelo que prioriza o grande agronegócio de exportação faz parte do modelo econômico que atua no Brasil, como tratamos na campanha “É hora de virar o jogo”, finaliza o documento.

Através do CNPJ da Auditoria Cidadã da Dívida, a Receita Federal informa que essa ONG tem como natureza jurídica: ”Associação Privada”, com sede em uma sala comercial na Asa Sul, em Brasília (DF). A entidade tem como presidente Maria Lucia Fattorelli Carneiro e cinco diretores: Cristine Barbosa Maia, Laercio Bernardes dos Reis, Laerco Salustiano Bezerra, Rita de Cassia Felicetti de Oliveira e Maria Cristina de Araujo.