As obras de requalificação das duas tradicionais ruas do Centro Histórico de Vitória tiveram seu projeto original alterado, mantendo agora os fios pendurados nos postes e o estacionamento ao lado da Praça Ubaldo Ramalhete Maia, que havia sido prometido anteriormente que não iria mais continuar. As ruas também não serão niveladas a calçada, porque não será mais feito uma rede de drenagem
Recentemente atual administração da Prefeitura de Vitória (PMV) convocou os moradores do Centro Histórico de Vitória para apresentar o que as pessoas que residem na região denominam de projeto maquiagem das ruas Sete de Setembro e Gama Rosa. A alteração, que ocorrerá poucos meses antes das eleições municipais de 2024, faz parte de um pacote de mais de R$ 1 bilhão em investimentos de infraestrutura municipal para este ano. Só no Centro, essas obras vão custar R$ 77 milhões.
Nesse encontro, realizado no último dia 21 de fevereiro, na Fafi, a população e os vereadores presentes (Vinicius Simões, do Cidadania, e Karla Coser, do PT) foram proibidos de dialogar, já que a reunião era apenas para ouvir e tudo estava acertado internamente pela PMV. Nessa oportunidade foi assinada a ordem de serviço. A atual gestão municipal avisou que tinha feito uma adequação no projeto anterior, que havia sido apresentado em janeiro de 2022. Mas, não foi dito os motivos para o enxugamento da proposta que foi apresentada inicialmente.
Mesmo com lei municipal proibindo, os fios vão continuar expostos
A proposta anterior prévia a retirada dos fios de Internet, telefone e energia elétrica, que seriam encapsulados subterrâneamente. Agora os postes com a fiação vai permanecer no Centro Histórico, mesmo tendo uma lei municipal que proibe esses fios tamparem a fachada de imóveis históricos. A lei municipal não cumprida exige que os fios sejam subterrâneos.
Outro anúncio que desagradou os moradores é a retirada das históricas pedras portuguesas da praça Ubaldo Ramalhete Maia, a pracinha que fica às margens da Rua Sete de Setembro, embora subterrâneos sido dada a garantia de que a obra de arte feita em um painel pausagistico que retrata a fachada da histórica sede da Prefeitura, arbitrariamente demolida na década de 1970, vai ser preservado. Esse painel em pedras portuguesas está assentado no piso da quadra esportiva, que fica na Praça Ubaldo Ramalhete Maia.
Através da imprensa, a Diretoria da Associação dos Moradores do Centro de Vitória (Amacentro) destaca que também, ao contrário do projeto anterior, a nova versão da maquiagem não irá mais igualar o nível da Rua Gama Rosa com a calçada, porque a Prefeitura desistiu de fazer a obra de drenagem Isso foi dito mna apresentação unilateral do novo projeto, onde foi dada a informação de que seria mantida a altura entre a calçada e o piso da rua. Um redutor elevado ficou mantido na Rua Sete.
A decisão de não mais fazer a reforma anunciada em janeiro de 2022, mas sim uma versão reduzida, segundo a Amacentro, se deve a um lobby da Câmara de Dirigentes Lojistas de Vitória, que se associou a um grupo de moradores conservadores. Estes últimos são os mesmos que tentam impedir a revitalização do Centro Histórico, fazendo movimentos políticos para dificultar a abertura dos bares até a madrugada e de prejudicar a realização de festas.
A ação desse grupo conservador foi estimular, através de insistentes denúncias, a criticada ação da Polícia Militar, que usou bombas de gás de pimenta e balas de borracha para expulsar os foliões que queriam continuar com as brincadeiras de Carnaval após as 19 horas, como ocorre em grandes carnavais do interior (Guriri, em São Mateus, e Santa Leopoldina), onde o carnaval prossegue durante a madrugada. Esses conservadores moram em três conhecidos prédios na Rua Sete.
Valorização do automóvel no Centro Histórico
Uma outra alteração contestada pelos moradores, através de sua Associação, é que deve continuar sendo valorizado o automóvel, em detrimento do pedestre. Assim, nessa última ação anunciada na reunião, onde os presentes não podiam se expressar, a atual gestão municipal desfez a proposta aprovada anteriormente e vai manter o estacionamento de veículos na lateral da Praça Ubaldo Ramalhete Maia.
Segundo a Amacentro isso foi por pressão da Câmara dos Dirigentes Lojistas e desses moradores conservadores, já que seus prédios não tem vaga de garagem, ou como no caso do Edifício Gaivotas, o número de vagas de estacionamento é insuficiente.
Decepção
Houve decepção dos moradores, porque na reunião de janeiro de 2022, havia subsídios suficientes para ocorrer uma mudança no visual das ruas que possuem movimentação noturna, devido aos barzinhos: As Ruas Gama Rosa e Sete de Setembro. Textualmente, naquel reunião foi dada a garantia de que havereia mudanças para melhor, o que não vai ocorrer mais.
“O projeto contemplará melhoria da acessibilidade local, requalificação da rua de pedestres da Rua Sete e da Rua Gama Rosa, requalificação da praça Ubaldo Ramalhete, trechos das ruas compartilhadas, com as vias no mesmo nível das calçadas, melhoria da iluminação pública nas ruas, despoluição visual, com fiação subterrânea, entre outras intervenções. Serão organizadas outras reuniões com a comunidade do Centro”, dizia a PMV em seu portal sobre aquela primeira reunião e pode ser conferida clicando neste link.
Viaduto Caramuru
Os fios vão continuar mantendo a poluição visual e enfeiando essas tradicionais rua e não haverá mais o mesmo nível das calçadas. O pacote de obras prevê a retirada do asfalto nas proximidades do Viaduto Caramuru, permitindo uma reurbanização das vias. O viaduto sofreu uma recente intervenção, onde foi feita uma reforma.
Um dado curioso é que foi instalada sobre as vigas horizontais do viaduto, que ficam entre as pilatras de sustentação e o piso superior onde tem uma via de passagem. Ali há uma arquitertura hostil, que desafia a recente Lei Padre Júlio Lancelotti. São lanças pontiagudas. A Secretaria Municipal de Obras foi procurada e através de sua Assessoria de Impresa, deu as explicações e justificou a arquitetura hostil.
A PMV informou que as lanças pontiagudas foram instaladas, após a recente reforma, para evitar que os pombos fiquem nesse local. Segundo a Secretaria de Obras, as fezes dos pombos penetram no concreto e atingem as ferragens de sustentação, provocando oxidação e ferrugem. As lanças pontiagudas, de acordo com a PMV, tem o objetivo de proteger aquele patrimôinio histórico, construído na década de 1920.