Edmar Camata não tem nenhuma afinidade com Lula. Até esta semana, no Twiiter ele continua seguindo Bolsonaro e não Lula. Na PRF tem um cargo concursado pequeno, de agente de polícia. O cargo de secretário de Estado no ES foi um prêmio de consolação pela sua derrota eleitoral em 2018, ao tentar o cargo de deputado federal
O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB) e futuro ministro da Justiça do governo Lula provocou a primeira discórdia do governo do presidente eleito e diplomado Luiz Inácio Lula da Silva ao indicar para o comando da Polícia Rodoviária Federal (PRF) o desconhecido lavajista, apoiador do ex-juiz Sérgio Moro e do ex-promotor federal Deltan Martinazzo Dallagnol e defensor intransigente da prisão de Lula. Dino não conhece pessoalmente o sobrinho do ex-governador do Espírito Santo, Gerson Camata, nascido no Rio de Janeiro (RJ) e que ocupa um cargo sem destaque nacional, de uma secretaria de Estado capixaba sem relevância política.
Dentro da PRF, Edmar Camata tem um cargo efetivo pequeno, de agente de polícia, proveniente de um concurso público onde foi aprovado em 2006. Mas está sem atuar no controle de rodovias federais desde 2019, quando foi nomeado pelo atual governador reeleito do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) para ocupar o cargo de secretário da Secretaria de Controle e Transparência do Espírito Santo. A nomeação foi um prêmio de consolação pela sua derrota para a tentativa frustrada de conseguir o cargo de deputado federal pelo PSB, nas eleições de 2018.
Ódio a Lula foi uma das marcas do indicado para a PRF
A indicação do lavajista para a PRF provocou a ira dos petistas, que nas redes sociais promoveram profundar críticas ao indicado de Lula para o Ministério da Justiça. Edmar Camata apoiou a prisão de Lula em 2018. “O fato, hoje, é que Lula está preso. Também estão presos Cabral, Cunha, Geddel, Vaccari, André Vargas, Henrique Alves, Palocci, Gim Argelo… todos presos. Todos inocentes? Todos sem provas? Lula não foi o primeiro. Ao contrário, sua prisão foi cercada de precauções, para muitos, desnecessárias”, escreveu em 13 de abril daquele ano:
“Lula se difere por ser uma figura ainda com apoio popular. Ídolo, origem humilde e de representação social. Aí vem uma reflexão: a discussão sobre corrupção é menos importante quando o preso é alguém que gostamos? Ver Lula como inocente significa acreditar que há uma trama extremamente complexa e articulada que condenou 220 empresários, servidores e políticos em várias instâncias. Tudo a troco de condenar Lula”.
Como candidato, Camata apoiou a Lava-Jato
Durante o processo eleitoral de 2018, Edmar Camata fundamentou a sua campanha eleitoral para deputado federal com apoio à fraudulenta Operação Lava-Jato, que tinha como objetivo destruir reputações, fechar grandes empresas e aniquilar empregos. Na sua campanha, destacava que a Lava-Jato não deveria parar. “Até agora já foram condenadas 188 pessoas na Operação Lava-Jato. Se as penas fossem somadas dariam 1861 anos e 20 dias. Não podemos deixar a maior operação anticorrupção do país parar, você concorda? Vote em um candidato que garanta a continuidade de pacotes anticorrupção, vote Edmar Camata 4000”, destacou.
Já com o emprego de secretário de Casagrande, ele postou na sua conta no Facebook, em 20 de março de 2019, comemorou que teve nesse dia um encontro pessoal com o ex-juiz Sérgio Moro, já na condição de ministro da Justiça de Bolsonaro. Em julho de 2017 Camata disse ter alcançado a gloria de cinco minutos de fama, ao ter conseguido tirar uma foto ao lado de seu ídolo, Deltan Dellagnol.
Escreveu nas suas redes sociais: ““Tive cinco minutos que certamente milhões de brasileiros gostariam de ter, e espero ter honrado”, afirmou. “À frente, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol. Pude falar do orgulho e confiança que a ampla maioria dos brasileiros tem na atuação desses profissionais, que de maneira inovadora se impõem contra a corrupção”.
Em 2018, Camata declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que recebeu de doação de campanha R$ 349.678,30 e tendo como doadores: PSB, o então candidato Renato Casagrande, João Jerry Tononi, Stela Cristina Versus Assumpção, Fabrício Sabaini dos Santos, Gegliola Campos da Silva, Luiz Pessoa Souto Maior Junior, Rogério Evangelista Alvernaz, Alexandre Lemos Junior, Sandro Tononi da Silva, Rosa Maria Maioli Souza, Carlos Roberto Rossoni, João Bosco Xavier, Ana Rosa Mathias Alexandrino, Jussara Gonçalves Vieira. Ele ainda declarou que tinha apenas três bens, sendo um veículo automotor, um terreno no Bairro São Conrado, em Vila Velha (ES) e um apartamento, onde reside, na Rua Lucio Bacelar na Praia da Costa, também em Vila Velha.