Em novo artigo, o colunista do portal GGN, Francisco Celso Calmon, analisa a decisão do ministro do STF, Edson Fachin, que anulou o julgamento feito pelo ex-juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro, em parceria dos seus aliados políticos do Ministério Público Federal e deu ao ex-presidente Lula a restituição de seus direitos políticos. Leia a íntegra do artigo a seguir:
A decisão do Fachin, que ficará histórica, desmoraliza a si, ao STF, à lava jato de Curitiba, enfraquece o resultado da eleição do Bolsonaro e sua verdadeira legitimidade popular. Coloca o Lula no altar das vítimas de erros jurídicos da história, como o de Cristo, Saco e Vanzetti, e outros mais. Mostra a fragilidade da Justiça, pois um grupelho foi capaz de subverter competência e normas do devido processo às claras e todos que a compõem omissos ou coniventes. Desmoraliza a midia que deu toda a cobertura e logística à lava jato.
Em relação ao golpe de 64 foram 50 anos para o Globo reconhecer que errou e pedir uma desculpa esfarrapada, quanto anos a midia levará para nova desculpa em relação ao golpe de 2016 e suas deletérias consequências? Não só a mídia, o STF e tudo mais?
A força-tarefa autodenominada de lava jato nunca foi contra a corrupção, usou dessa bandeira, que sempre galvaniza a classe média, para encobrir os seus reais propósitos, já devidamente evidenciados, o de prejudicar as empresas nacionais em favorecimentos aos interesses estadunidenses e o de impedir a candidatura do Lula, isto por um lado, por outro, foi uma força-tarefa da corrupção, em sem sentido amplo: corrompeu competências, o devido processo legal, testemunhas, advogados, réus, e a maioria de seus componentes se locupletaram, se promoveram, ganharam dinheiro com palestras, compraram casas, e quase abocanham dois bilhões e meio para uma fundação do Dallagnol.
E como, quanto e quando o Lula será reparado do verdadeiro martírio que sofreu pelos 580 dias de cárcere, perda de direitos, não só ele, mas também seus familiares? Prejuízos morais, materiais, espirituais. A indenização que o Lula terá direito não recairá só ao Estado, mas pode outrossim recair sobre o(s) servidor(es) que deu (deram) causa.
Mesmo que haja alguma armadilha jurídica, politicamente será transformada numa vitória com repercussão internacional e na população brasileira. Trará ânimo à militância, esperança ao povo. Colocará Lula sob holofotes. E como ele sabe bem aproveitar as luzes e microfones e como não temos uma liderança nacional, fora ele, é bem provável que se agigante contra o genocida presidente e articule com governadores nessa refrega à pandemia.
Não creio que politicamente alivie o execrável Moro. Será malhado como incompetente, corruptor, entreguista, interesseiro e oportunista. Temos que transformar em fomento político. Sair do eixo jurídico. Lula está livre e é desde já candidato à presidência em 2022. O espaço negado a ele esses anos todos não poderá ser mais, sob pena de desmoralizar ainda mais a cumplicidade da mídia. Vamos, sim, soltar fogos, beber algumas cachaças, mas saber que a luta continua, sempre!
Francisco Celso Calmon, ex-coordenador nacional da rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça, membro da coordenação do canal pororoca.