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Fórum Civil de Vitória deixa o Centro Histórico e já está na Enseada do Suá

Mais um órgão público abandona o Centro Histórico de Vitória e se muda para a Enseada do Suá, provocando dificuldade no processo de revitalização da área histórica da capital capixaba.  Dessa vez quem já está de casa nova é o Fórum Civil de Vitória, que levou todas as unidades do Fórum Muniz Freire para o condomínio privado Blue Note, na Enseada do Suá. Com a mudança, o convênio assinado no dia 6 de setembro de 2013, entre o Tribunal de Justiça, o governo do Estado e a Prefeitura de Vitória, para a construção do novo Fórum de Vitória na Vila Rubim, visando a revitalização, deixa de existir.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) anunciou nesta semana que o Fórum Cível de Vitória já está funcionando em novo endereço, próximo ao Palácio da Justiça e ao Shopping Vitória, na Enseada do Suá. Com uma área de 4.250 metros quadrados, o condomínio particular do Edifício Blue Note, na Rua Leocádia Pedra dos Santos, nº 80, Enseada do Suá, Vitória (ES), passou a abrigar todas as unidades do fórum Muniz Freire, ou seja, as 11 varas cíveis, as quatro varas de família, as duas varas de órfãos e sucessões, além da vara de acidente do trabalho e a de falências e recuperação judicial.

No prédio próprio, localizado na Rua Pedro Palácios, número 105, no Centro de Vitória e próximo ao Palácio Anchieta vai permanecer apenas o Fórum Criminal “enquanto são realizados estudos para também melhorar a estrutura das varas criminais”, diz o TJES. A informação é que a mudança do Fórum Cível para o condomínio particular “visa trazer mais conforto, acessibilidade e uma melhor estrutura de atendimento a todos os operadores do direito”. A região já foi sinalizada com placas indicativas.

Para o diretor do Foro, juiz de direito Rodrigo Cardoso de Freitas, a mudança significa um grande avanço. “O novo Fórum Cível da capital do Estado do Espírito Santo representa um avanço substancial em busca da realização de uma prestação jurisdicional justa e eficiente, A Presidência do Tribunal está realizando o sonho de termos um fórum 100% digital, com processos exclusivamente eletrônicos, com Secretarias Unificadas e com instalações físicas dignas. Deve ser um modelo de fórum a ser adotado em relação ao fórum criminal, bem como em todos os Juízos e comarcas”, destacou.

Uma outra novidade anunciada é que as unidades judiciárias do Fórum Cível agora serão atendidas por quatro secretarias unificadas, com exceção da Vara de Falência e Recuperação Judicial, que permanecerá sendo atendida por seu cartório. Assim, a 1ª Secretaria Unificada atenderá a 1ª, a 2ª, a 3ª e 4ª Varas de Família, além da 1ª e da 2ª Varas de Órfãos e Sucessões; A 2ª Secretaria Unificada atenderá as 3ª, 4ª, 5ª e 6ª Varas Cíveis; A 3ª Secretaria Unificada, a 2ª, 7ª, 8ª e 9ª Varas Cíveis.; A 4ª Secretaria Unificada, a 1ª, 10ª e 11ª Varas Cíveis, e Vara de Acidente do Trabalho.

O Tribunal de Justiça e o Fórum de Vitória foram instalados na Rua Muniz Freire, no Centro de Vitória, em 19 de maio de 1912, vindo do primeiro piso do Palácio Anchieta, onde haviam sido instalados anteriormente em 4 de julho de 1891| Foto: Arquivo/TJES

Convênio de 2013 visava revitalizar o Centro Histórico

O convênio firmado entre o Judiciário, o Governo do Estado e a Prefeitura de Vitória, em 2013, tinha como objetivo a construção de uma edificação própria para o novo Fórum de Vitória viesse abrigar 52 unidades judiciárias da Comarca da Capital, que estão espalhadas pela cidade. O Fórum previsto no convênio deveria ter sido construído ao lado da Ponte Florentino Avidos (Ponte Seca), ocupando a área atualmente ocupada por um estacionamento do Porto de Vitória até a frente da Rodoviária, na Ilha do Príncipe.

A construção prevista no convênio tinha como objetivo abrigar os dois Fóruns, o Cível e o Criminal. Naquela ocasião o então prefeito de Vitória (ES), Luciano Rezende (PPS e atualmente do Cidadania) disse que a parceria com o TJES significava também a reversão da degradação daquela área de Vitória, pois iria permitir que viesse a ocorrer uma mudança do eixo de atividades naquela região. “Queremos ressignificar o Centro”, disse Rezende.

No documento assinado há 10 anos atrás no gabinete que era ocupado por Luciano Rezende, na Prefeitura, caberia à Prefeitura dar a sua parcela de contribuição em obter a disponibilidade de parte do terreno por abandono, além de ceder ao Governo Estadual outra área particular e com metragem de 7.274,51 m². Já o Governo estadual tinha se comprometido a ceder uma área com aproximadamente 20 mil metros quadrados.

Naquela 6 de setembro de 2013, o então presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, destacou que o acordo, trazido pelo convênio, representava “o surgimento de uma nova forma de administrar, uma filosofia baseada na não alimentação de egos.”  Outro signatário, o governador daquela ocasião, Renato Casagrande (PSB), disse que “a parceria caracteriza a necessidade de realizar um trabalho conjunto e dará ao Centro aceleração das atividades que já existem hoje.”

O documento ainda estabelecia que o TJES iria lançar um concurso público internacional de arquitetura, para selecionar a melhor proposta para os projetos. O documento ainda estabeleceu que cada órgão público conveniente ficou com a obrigação de arcar com as despesas, para cumprimento do protocolo de intenções, que teria vigência até 5 de setembro de 2018 e que poderia vir a ser revogado conforme a lei.

Conheça o condomínio onde passou a funcionar o Fórum Civil de Vitória | Vídeo: Divulgação/Naszca/YouTube

Blue Notes

O condomínio que está abrigando o Fórum Civil de Vitória, o edifício Blue Notes, é de gerenciado pela Nazca Ltda, uma sociedade empresarial limitada, que tem como principal atividade a incorporação de empreendimentos imobiliários. A Nazca, registrada na Junta Comercial do Espírito Santo em 5 de julho de 2013, possui sete sócios, entre quatro empresas e três pessoas físicas. Entre essas, está um ex-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). A Nazca informa em seu portal oficial na internet, que o condomínio Blue Notes está “100% locado.”

“Com localização privilegiada, o Blue Notes é a opção certa para a sua empresa. Instalações modernas com piso elevado, barramento blindado, vidros inteligentes que bloqueiam o calor, reaproveitamento de água de ar condicionado, entre outros, faz desse lançamento uma opção sustentável e rentável para o seu dia a dia”, diz a Nazca na apresentação do condomínio.