fbpx
Início > Frente parlamentar condena em nota os atos de guerra de Israel contra civis palestinos

Frente parlamentar condena em nota os atos de guerra de Israel contra civis palestinos

Parlamentares brasileiros acusaram Israel de promover o crime de “limpeza étnica” nas terras palestinas invadidas | Foto: Redes sociais

Em nota assinada por 55 deputados e senadores brasileiros, a Frente Parlamentar Mista pelos Direitos do Povo Palestino, manifesta preocupação, repulsa e condena os atos de guerra do Estado de Israel contra populações civis de palestinos em Gaza, na Cisjordânia e nos territórios atribuídos a Israel. Dos três senadores do Espírito Santo nenhum assinou a nota. E entre os 10 deputados federais capixabas, apenas o deputado federal Helder Salomão (PT) assinou a nota da frente parlamentar.

No documento, os parlamentares lembram que as agressões israelenses vem se acirrando “desde que os colonos de extrema-direita praticaram saques, invasões, violência e apropriações ilegais de propriedades no bairro árabe de SheikJarrah, além de violações inaceitáveis em todos os aspectos na Mesquita de Al-Aqsa e à Igreja do Santo Sepulcro, na cidade ocupada de Jerusalém”.

“Desde a noite de 10 de maio que aviões ide guerra de Israel praticam ataques criminosos lançando bombas em áreas residenciais, deixando um elevado saldo de civis mortos e feridos, entre eles muitas mulheres e crianças, além da destruição de casas, prédios de apartamentos e escritórios de órgãos de imprensa como a Al Jazeera e Associated Press, além de escolas e pontos comerciais”, prossegue a nota.

“Israel vem promovendo uma continuada política de limpeza étnica e apartheid contra palestinos, numa clara violação do Direito Internacional”, diz o documento. E finaliza assim: “Condenamos a tentativa israelense de expulsar palestinos de Jerusalém, os ataques a pessoas e casas palestinas nos territórios atribuídos a Israel, e os bombardeios á Faixa de Gaza ocupada, os quais já deixam um número elevado de civis mortos, incluindo muitas mulheres e crianças”.

A verdadeira história de Israel

Desde que Israel ampliou a violência contra os palestinos nos últimos dias, voltou a circular nas redes sociais do Espírito Santo um texto escrito em 16 de janeiro de 2009 pelo ex-deputado estadual capixaba João Martins (PCdoB). O texto, com o título “Israel: Estado terrorista ilegítimo e fora da lei” teve uma atualização  em 4 de março de 2020 e foi publicado pelo jornal online do seccional capixaba do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

A prova inconteste a visão expansionista e belicista do estado sionista é que, vamos relembrar, na partilha aprovada pelas Nações Unidas, fora cedida uma área de 14.500 km² (o que correspondia já a 57% do território palestino, inicia o ex-deputado estadual do Espírito Santo.

Leia a seguira a íntegra do texto

A Palestina é um país habitado por pelo menos uns dez mil anos. Jericó, sua mais antiga cidade, remonta ao ano 7.000 antes de Cristo (A. C.). Seus primitivos habitantes foram os canaanitas (daí terra de Canaã), que viviam em cidades, desde o ano 3.000 A. C. Foram eles que fundaram Jerusalém.

O famoso historiador, nascido naquela cidade, Flávio Josefo (37-100 d.c), relata: ”Seu fundador (da cidade de Jerusalém) foi um príncipe dos canaanenses apelidado ‘O Justo’, por causa de sua piedade. Ele consagrou, primeiro que todos, esta cidade a Deus, erguendo-lhe um templo e mudou-lhe o seu nome de Solyma para o e Jerusalém”. Os palestinos de hoje são descendentes dos canaanitas, dos filisteus (que deram o nome a cidade) e outras tribos que habitavam a Palestina desde aqueles tempos remotos.

Só séculos mais tarde foi que os hebreus, ou israelitas, deixando o Egito e vagueando pelo deserto, invadiram a Terra de Cannaã, 1.200 A.C., se aproximando do leste e atacando Jericó, destruindo a cidade a quase aniquilando sua população.

mapa da Palestina de 1899

Reino que durou 80 anos

O povo da Palestina foi atacado pelas tribos dos israelitas, que se espalharam pelo país, após 1.800 anos (18 séculos) de consolidação da avançada civilização canaanita. Mas os israelitas não estruturam um reino ou governo central. Organizaram-se por tribos e eram governados por juízes. Tão somente dois séculos após a invasão, em 1.000 A.C, foi que David estabeleceu o primeiro reino judeu na Palestina, que durou cerca de 70 a 80 anos.

O reino fragmentou-se por volta de 922 a.C, com a morte de Salomão: ao norte o reino de Israel e ao sul o reino de Judá. Sendo que o reino de Israel foi extinto pelos Assírios em 721 a.C e o de Judá pelos Babilônios em 587 a.C, o que representou ”o fim de qualquer governo judeu organizado na Palestina”. A história dessa situação foi descrita nos seguintes termos:”As doze tribos foram deportadas para o Cáucaso, a Armênia e, em particular, para a Babilônia…”

Ciro, rei da Pérsia, por volta de 520 A.C, permitiu a volta os judeus a Palestina. Os que retornaram foram submetidos ao domínio persa e, posteriormente, ao macedônio e romano, sem, no entanto, apesar de algumas revoltas, montar qualquer sistema de governo no país.

As insurreições judias contra os romanos nos anos 70 e 132 D.Cprolongando até o ano de 135 da era cristã, levou a diáspora (dispersão). A presença registrada dos canaanitas datando de 3.000 A. C até o século XX, quando o sionismo organizou uma compacta imigração judia para a Palestina, os judeus nunca se tornaram uma população majoritária naquele país.

Em mais de 7 mil anos, domínio por 413 anos

A presença político-administrativa israelita na Palestina foi algo episódico, deu-se entre os anos de 1.000 a.C. até 587 a.C, quatrocentos e poucos anos. Enquanto durante 24 séculos (dois mil quatrocentos anos) aquele país foi governado pelos pagãos, cristãos e mulçumanos, sendo que esses últimos dominaram a Palestina após o ano de 637 da era cristã, ora pelos árabes mulçumanos ou pelos Turcos, durante quase 13 séculos (1.300 anos).

Declaração de Balfour

Com o fim da primeira guerra mundial e a derrota os turcos – 1917-1918 levou a ocupação militar da Palestina pelas forças aliadas e Britânicas. O ministro do Exterior Britânico, Arthur James Balfour, no dia 2 de novembro de 1917, fez a seguinte comunicação a Lorde Rothschild: ”Tenho muito prazer em transmitir-vos, em nome do governo de sua Majestade, a seguinte declaração de simpatia para com as aspirações judias sionistas, que foi submetida ao gabinete e por ele aprovada.

O governo de sua majestade encara com favor o estabelecimento, na Palestina, e um lar nacional para o povo judeu, e empregará seus maiores esforços para facilitar a consecução desse objetivo, ficando claramente entendido que nada será feito que prejudique os direitos religiosos e civis das comunidades não-judias existentes na Palestina.”

Ficou conhecida como a declaração Balfour, servindo de base para os sionistas reivindicarem a posse da Palestina. As comunidades não-judias existentes à época da declaração Balfour representavam 92% da população total da Palestina. A Liga das Nações estabeleceu um Mandato determinando ao governo Britânico administração da Palestina, que durou de 1922 a 1948. O objetivo do mandato era o cumprimento da Declaração Balfour e facilitar a estratégia sionista da imigração massiva judaica para aquele país.

Israel poderia ter ficado na Argentina

Foi Theodor Herzl, correspondente do jornal Neue Freie Presse, que cobria o episódio da degradação pública do capitão Dreyfus, em janeiro de 1895, observando a extensão do anti-judaismo que crescia, o autor do Estado Judaico, base política do sionismo. Herlz, em 1896, propugnava pela instalação de um Estado Judeu na Argentina ou na Palestina, adotando o plano de invasão da Palestina no primeiro congresso sionista, na Basiléia, em 1897.

A Câmara dos Lordes inglesa reagiu ao se opor a ”incorporação da Declaração Balfour no Mandato para a Palestina”. Assim é que Lorde Islington manifestou: ”Esse esquema de importação de uma raça alienígena para o meio de uma raça nativa local é um insulto a todo o conjunto de tendências da época. É uma experiência inatural… Está literalmente convidando a uma catástrofe subseqüente”.

Lorde Sydenham declarou: ”… mas o mal feito pelo descarregamento em massa de uma população alienígena sobre um país árabe – árabe em todo o interior do território – nunca poderá ser remediado. O que temos feito, por concessões, não ao povo judeu, mas a uma seção extremista do sionismo, será iniciar uma chaga supurada no Oriente, e ninguém pode dizer até onde se estenderá essa chaga”.

Em 1922, Winston Churchill, fazendo referência à declaração, emendou: ”Ao mesmo tempo em que essa garantia era dada aos sionistas, uma promessa igualmente importante era feita aos habitantes da Palestina, a de que seus direitos civis e religiosos seriam salvaguardas, e de que eles não seriam expulsos para dar lugar aos recém-chegados”.

É importante observar que a declaração não estabeleceu direitos territoriais ou muito menos conferia soberania sobre a Palestina. Cumpre também informar que o Tratado de Lausanne, julho de 1923, concluído pelas potências aliadas e a Turquia não fazia qualquer menção ou referência a Declaração de Balfour.

Nações Unidas

Diante de uma situação que se revelava cada vez mais insustentável – pressionado pelos sionistas, sofrendo forte pressão dos EUA para aumentar a imigração judia e enfrentando os protestos os palestinos e dos restantes paises árabes – o governo Britânico resolveu entregar as Nações Unidas à questão do futuro governo da Palestina.

Assim é que a 3 de setembro de 1947 um comitê especial – UNSCOP (Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina) submeteu a Assembléia Geral dois planos. O que estabelecia o término do mandato e a partilha da Palestina com a criação de um Estado Árabe e um Estado Judeu foi aprovado por 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções, em 29 de novembro e 1947, após uma intensa pressão política dos EUA.

O próprio presidente Henry Truman, assim reconheceu: ”Os fatos eram que não somente houve movimentos de pressão em torno das Nações Unidas, como jamais visto antes, mas que a Casa Branca, também, ficou sujeita a um constante poder de fogo (dos sionistas). Dei instruções ao Departamento de Estado para que apoiasse o plano de partilha”.

No seminário de Juristas Árabes sobre a Palestina, realizado em Argel – 27 e Julho de 1957 – concluíram:” Daquele momento em diante, os representantes os EUA procuraram convencer toda delegação a adotar uma ‘atitude positiva’. Os meios empregados eram frequentemente mais intimidação o que persuasão. Desta maneira a Bélgica, a França, o Haiti, a Libéria, Luxemburgo, os países baixos, a Nova Zelândia, o Paraguai e as Filipinas viram-se obrigadas a reconsiderar seus votos na sessão do plenário”.

Depois de ter sido adiada por duas vezes, os EUA e os sionistas não dispunham dos votos necessários, a proposta de partilha foi aprovada com os votos decisivos, para formarem os dois terços necessários, do Haiti, Libéria e Filipinas, que vinham se posicionando contra.

 Nesse período a Palestina tinha uma população e 1.972.000 habitantes, dos quais 1.203.000 eram mulçumanos, 145 mil cristãos e 608 mil judeus; ”somente 1/10 desses judeus faziam parte dos habitantes originais da Palestina e pertenciam ao país”, viviam pacificamente com os palestinos e eram contrários a criação e um Estado Judeu.

O plano de partilha cedeu aos Judeus um território de 14.500 quilômetros quadrados. A superestrutura nascida dessa decisão foi um Estado sionista racista e expansionista, o que traduziu em guerras entre árabes e o ”novo Estado”.

Expulsando os palestinos

Os sionistas ignoraram a área fixada pela resolução da partilha e entre 1948 e 49, expandiram as fronteiras para 20.850 quilômetros quadrados, arrancando e expulsando a força os palestinos de seus lares, recorrendo a métodos brutais, bárbaros e terroristas (como o caso o massacre de Deir Yassun – 15/1/48 – onde cerca de 300 pessoas – velhos, mulheres e crianças – foram massacrados), transformando-os em refugiados.

Posteriormente, sustentando uma mentira – alegando que sofrera uma agressão das forças egípcias – Israel lança um ataque surpresa (5/06/67) – ao Egito, fato que ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias, invadindo e ocupando a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a cidade velha de Jerusalém, a margem ocidental do Jordão e a região de Gola, na Síria, alcançando uma fronteira de 89.600 quilômetros quadrados.

A prova inconteste a visão expansionista e belicista do estado sionista é que, vamos relembrar, na partilha aprovada pelas Nações Unidas, fora cedida uma área de 14.500 quilômetros quadrados (o que correspondia já a 57% do território palestino, sendo que os judeus eram bem menores em número populacional); em 1948-49 arrancaram um território com 20.850 quilômetros quadrados e com a guerra dos seis dias suas fronteiras foram alargadas para 89.600 quilômetros quadrados.

Resoluções da ONU

Israel ao longo da história recente vem violando as resoluções das Nações Unidas e o Direito Internacional. Uma delas, dentre tantas, é a Resolução 242, de 22 de novembro e 1967, que estabelece entre outros, os seguintes princípios:

– retirada às forças armadas dos territórios ocupados no recente conflito (guerra dos seis dias);

– alcançar-se uma justa solução para o problema os refugiados, inclusive com indenizações (cerca de um milhão de palestinos).

O comunicado de Israel quanto a essa Resolução foi curto e grosso: ”Israel não se retiraria para as linhas de antes de 5 de junho de 1967”. A busca pela paz na região passa pelas Nações Unidas, até como reparo do grande erro que vem cometendo ao tratar o assunto da Palestina. Mas a ONU não deve ficar apenas condenando, deplorando ou censurando as atitudes sionistas, mas tomar medidas corretivas no sentido de reparar as injustiças cometidas contra o povo palestino.

Israel ao ser admitido como membro das Nações Unidas assumiu compromissos, perante a humanidade, dando inclusive garantias concernentes à observância e sua parte as Resoluções da Assembléia Geral ”e, em particular ao cumprimento das Resoluções de 29 de Novembro de 1947 (181 II) e a de 11 de Dezembro de 1948 (194 III), que dizem respeito às obrigações de Israel para com as fronteiras, respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais dos palestinos árabes, o retorno dos refúgios aos seus lares e ao estatuto internacional de Jerusalém.

Racista e expansionista

O povo Judeu merece um Lar Nacional e poderia, como o fez por um largo período de tempo, conviver pacificamente com os descendentes dos canaanitas e filisteus, os palestinos. A ideologia sionista, racista e expansionista, quer impor a ferro e fogo, a consolidação de um estado de Israel, que, diga-se de passagem, sob o ponto de vista do Direito Internacional era incabível, pois não possuíam um território legitimamente definido, tanto menos um governo.

Ademais é preciso rechaçar como absurda e dotada de uma imbecilidade incomum, concepções como a de Golda Meir, que ao ser provocada em uma entrevista ao jornal ”Le Monde” sobre a legitimidade de Israel, sublinhou  ”Este país existe como resultado de uma promessa feita pelo próprio Deus. Seria ridículo exigir o reconhecimento de sua legitimidade”.