A política de destruição da arte no Brasil no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usa o nome de Deus para justificar o fascismo. Foi com o nome de Deus que a Fundação Nacional das Artes (Funarte) negou o financiamento o tradicional Festival de jazz na Chapada Diamantina, no interior da Bahia. No parecer,cuja íntegra pode ser baixada através de download em arquivo PDF, a Funarte recusou conceder financiamento da Lei Rouanet sob a alegação de que” a música deve servir a Deus”.
No entanto, não tem nada de divino na recusa, mas a política nazi-fascista de Bolsonaro, já que o festival divulgou em seus cartazes que é um “Festival antifascista e pela democracia”. O antigo órgão de estimulo à arte, que agora serve aos interesses ideológico de extrema direita do presidente fascista, diz em certo trecho do seu parecer: “A candidatura deste que postulou a Arte ao concorrer à categoria de Projeto Cultural, apresenta-se desconfigurado e sem acepção a este atributo”.
“Música para a glória de Deus”
O documento foi feito pelo bolsonarista Ronaldo Daniel Gomes, assessor técnico da presidência da Funarte, que acabou sendo demitido no último dia 1º de julho pelo ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado Neto. Confuso na sua “arte” de redigir um parecer técnico, Gilson Neto usou frases que ele creditou como sendo do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), para dizer que “O objetivo e a finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma.”
A Funarte ainda disse no parecer, de forma audaciosa, que um festival de música deve buscar nos céus por inspiração contra a cessão de financiamento governamental. E exemplificou, “no canto gregoriano, a Música pode ser vista como uma Arte Divina, onde as vozes em união se direcionam à Deus”, escreve Ronaldo Gomes em um trecho. Em outro, define que “a Arte é tão singular que pode ser associada ao Criador”.
Boicote
Em nenhum momento a Funarte assumiu que estava boicotando um festival de jaz que se dizia antifascita e pela democracia. O festival é realizado desde 2010 – com o patrocínio da Lei Rouanet e de outros programas de fomento à cultura , permitindo que artistas de renome da MPB e do Jazz se apresentem no interior da Bahia. Em um comunicado à imprensa, o diretor artístico do Jazz do Capão, Rowney Scott, disse que a intenção das postagens em redes sociais não eram direcionar críticas a um governo em específico.
“A postagem não foi feita com recursos públicos e não ataca diretamente ninguém, pelo contrário, fortalece a importância da democracia no nosso país. Por outro lado, o parecer tende a reduzir a função e características da Música a uma apreciação sob um aspecto unicamente religioso, cerceando a imensurável capacidade dessa forma de arte de expressar a humanidade em toda a sua complexidade e beleza”, resumiu Rowney. “Isso nos causa muito estranhamento, sobretudo sendo o Brasil, sob a tutela da sua Constituição Federal, um Estado laico.”
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