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Governo Bolsonaro anuncia quarta usina nuclear para entrar em operação em 2031

No dia 26 de abril deste ano completará 36 anos da explosão da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, fruto do descaso das autoridades na administração de um complexo gerador de energia a base de urânio enriquecido

A quarta usina nuclear deverá ficar no Rio de Janeiro, onde já há um complexo nuclear em Angra dos Reis | Foto: Eletronuclear

A divulgação do Plano Decenal de Energia (PDE) do Ministério de Minas e Energia revelou o projeto do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) construir uma nova usina nuclear na Região Sudeste do Brasil, e com início das atividades de geração de energia nuclear para 2031. O local exato no Sudeste não é assinalado no documento, mas a quarta usina de energia nuclear do Brasil deverá ficar no Rio de Janeiro, segundo o almirante Bento Costa Lima Leite, ministro das Minas e Energia de Bolsonaro, que em entrevista à imprensa no ano passado deixou escapar que o Rio de Janeiro terá mais uma usina nuclear.

O documento divulgado nesta última segunda-feira (24) pelo governo Bolsonaro assinada que a quarta usina nuclear deverá gerar 1 gigawatt (GW) de energia, o que permite abastecer uma cidade com 1,5 milhão de habitantes. Atualmente estão em funcionando duas usinas (Angra 1 e 2, na cidade fluminense de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro), que representa apenas menos de 3% de toda a energia gerada no Brasil. Após denúncias de corrupção, a usina Angra 3, com capacidade de gerar 1,405 GW, voltou à construção e a expectativa é de iniciar operação comercial em novembro de 2026, com a capacidade plena ocorrendo em 2027.

Plano Decenal de Energia do governo Bolsonaro indica expansão da matriz nuclear até 2031 (cor amarelo claro)

Governo quer alterar constituição para privatizar

O almirante bolsonarista que comanda o Ministério das Minas e Energia declarou recentemente à imprensa que pretende quebrar o monopólio do governo Federal na produção de energia nuclear e para isso o atual governo pretende enviar um projeto de alterar a constituição. A sua intenção é entregar as usinas nucleares para empresários administrar e lucrar com a venda da energia. No plano decenal de produção de energia está previsto um aumento na oferta em 37% até 2031, quando o total a ser oferecido chegará a 275 gigawatts (GW), incluindo todas as fontes, como hidrelétrica, eólica, solar, entre outras. Atualmente a oferta é de 200 GW . Leia a seguir a íntegra do Plano Decenal de Energia, em arquivo PDF:

Relatorio_PDE2031_ConsultaPublica

As citações da energia nuclear, por ser uma geração perigosa e onde ocorre problemas de vazamento com frequência em vários países, foi tratada com parcimônia pelo governo Bolsonaro. São poucas as citações no Plano Decenal de Energia e com citação em apenas duas tabelas. Na página 88 há essa citação: “Destaca-se também a consideração da entrada em operação comercial de Angra 3 que representa a expansão nuclear no horizonte decenal, junto com uma nova planta considerada a título de política energética” E na página 92 essa outra citação: “Também cabe destacar o exemplo das usinas nucleares Angra I e II, que têm uma planta de produção de hidrogênio com capacidade de 150 kg/dia, destinado a aplicações internas para garantir a integridade de equipamentos. De acordo com informações da Eletronuclear, com pequenos ajustes, a planta poderia passar a produzir até 300 kg/dia e, com a entrada em operação comercial de Angra III, até 500 kg/dia”.

Chernobyl é atualmente uma cidade fantasma devido a explosão da usina há quase 36 anos atrás | Foto:ONU

Chernobyl

No dia 26 de abril deste ano será completado 36 anos do grave acidente nuclear da explosão da usina atômica de Chernobyl, na Ucrânia e que contaminou uma área de 155 mil quilômetros quadrados. Foram 8,4 milhões de pessoas afetadas pela radiação nuclear, inclusive 600 mil que faziam parte dos combates ao incêndio causado pela explosão e das operações de limpeza. Mais de três décadas depois do acidente nuclear ainda persistem consequências sérias de longo prazo.

De acordo com relatório da ONU, as áreas agrícolas, de aproximadamente 52 mil km2, foram contaminadas com césio-137 e o estrôncio-90. Mais de 400 mil pessoas foram realojadas em outras áreas, mas milhões continuaram vivendo em locais onde a exposição à radiação causou uma série de efeitos adversos. A explosão nuclear não se limitou à cidade de Chernobyl, mas afetou com suas radiações toda a Ucrãnica, parte da Belarus e da Rússia.