O intuito é aumentar a segurança nacional e evitar vazamentos de informações, através de uso de aplicativos de mensagens estrangeiros, como o americano WhatsApp, que não tem confiabilidade para a utilização de dados sigilosos do Governo brasileiro
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, já antecipou à imprensa que o Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está próximo de vir a fazer uma licitação para a criação de uma plataforma de mensagens nacional, substituindo o pouco confiável americano WhatsApp, de propriedade da Meta, que também é dona do Facebook. A expectativa é que a licitação ocorra até o final deste mês.
Em entrevista aos jornalistas Armando Holanda e Rennan Rebello da agência de notícias russa Sputnik a importância da segurança digital e a necessidade de um mensageiro exclusivo, de origem brasileira, para as conversas estratégicas entre os Poderes do governo. Segundo ele, não é interessante que a comunicação entre as esferas de poder — Executivo, Legislativo e Judiciário — de maneira estratégica, seja feita por meio de “aplicativo de mensageria de uma empresa privada estrangeira”.
WhataApp cede informações de usuários a órgãos de segurança dos EUA
Em janeiro de 2022, a conceituada revista americana de negócios e economia Forbes, informou que “as operações de vigilância do governo americano ultrapassam regularmente as fronteiras do país por meio da companhia” e que o WhatsApp recebe regularmente “ordem de monitorar.”
Ainda naquele mesmo mês, a revista Forbes afirmou em suas publicações que “o WhatsApp forneceu dados de uso de telefones de sete pessoas na China e Macau, atendendo a um pedido da Drug Enforcement Administration (DEA)”. E que “a vigilância foi solicitada com base no Pen Register Act, que permite o monitoramento sem uma justificativa ou provas de que os vigiados cometeram algum crime.” Acrescentando que “o pedido foi realizado com base nos endereços IP e os números com os quais os usuários vigiados se comunicavam.”
Exército Brasileiro já baniu o WhatsApp
O Exército Brasileiro possui um serviço de comunicação instantânea próprio, criptografado e seguro: o EBChat, lançado nas lojas de aplicativos em 24 de fevereiro de 2021. O programa foi desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS) e na loja do Google informa que já foram feitos mais de 10 mil downloads.
O EBChat se apresenta nas lojas de aplicativos como sendo “comunicador seguro do Exército Brasileiro. ” E acrescenta: O EBChat garante a segurança das mensagens trafegadas para militares e integrantes da área de defesa do Brasil.”. Apesar de o aplicativo estar disponível nos sistemas Android e iOS, através das lojas do Google Play Store e da Apple App Store, o sistema somente funciona se ao preencher as informações de dados pessoais o interessado possuir a numeração funcional do Exército. Sem isso, o aplicativo não funciona.
O objetivo do Exército com o EBChat é proporcionar um serviço de comunicação onde as conversas não vazem para terceiros, principalmente incluindo países estrangeiros ou empresas que vínculos dom setores de segurança de outras nações. Ao contrário dos mensageiros privados internacionais, os dados utilizados no EBChat não são compartilhados com nenhum serviço externo, anuncia a plataforma.
E dentro do objetivo de segurança, ao contrário do WhatsApp ou mesmo do Telegram, as mensagens se quer são armazenadas em servidores do Exército, que apagam do armazenamento todas as mensagens que foram entregues aos seus destinatários. O sistema adota a criptografia de ponta a ponta, que os mensageiros estrangeiros alegam adotar, mas com servidores 100% nacionais.
Licenças para uso do EBChat
Apesar de o Google Play Store informar que o aplicativo do Exército já tem “mais de 10 mil downloads”, na entrevista para a agêcia Sputnik, Capelli diz que foram concedidas apenas três licenças de autorização para uso do EBChat. A quantidade de downloads inclui os curiosos que baixam o aplicativo, mas por não ter as credencias de membro do Exército, acaba deletando posteriormente.
Cappelli relembrou que o movimento realizado pela agência não é novidade para os entes do governo, pontuando o uso do EBChat, aplicativo de mensageria exclusivo do Exército Brasileiro.”[O EBChat foi] contratado de uma empresa nacional de tecnologia considerada estratégica de defesa nacional, que fornece ao Exército Brasileiro 3 mil licenças para a utilização do serviço de mensageria pela cadeia de comando mais estratégica do Exército”, exemplificou, usando como embasamento para a decisão da agência seguir o mesmo caminho de aplicativo de mensagens próprio.
“Recebemos várias propostas e sugestões e estamos finalizando o processo para realizar a licitação até o final deste mês”, explicou Cappelli. Ele acrescentou que o serviço atenderá cerca de 150 colaboradores da ABDI, focando especialmente no nível mais estratégico da agência. Além da implementação desse serviço, a ABDI está comprometida com a promoção da inovação tecnológica no Brasil.