Contrariando especialistas, parlamentares e professores, que exigem vacinação contra Covid-19 antes de iniciar as aulas presenciais, o Governo do Espírito Santo impôs a reabertura das escolas em plena ascensão da segunda onda de contágio e morte pelo novo coronavírus. “Dizer que estão tomando todas as medidas de segurança é conversa pra boi dormir. Parece que todo mundo ficou na vã esperança que em 2021 ia tudo se normalizar. É a única explicação. O descaso é gigantesco”, afirmou o deputado estadual Sérgio Majeski (PSB).
“É fundamental que a sociedade capixaba se organize contra o retorno das aulas. No mundo inteiro se sabe que o retorno sem vacinação e na crescente de uma nova onda vai implicar em mais mortes. A gente já tem notícia de maior número de crianças e adolescentes internados. E mesmo que não sejam atingidos diretamente, eles são vetores de contaminação de pais, tios e avós, o que só vai aumentar casos de contaminação e morte antes de uma vacina que possa defender toda a sociedade”, disse o advogado André Moreira.
Secretário de Educação comemora
O Governo estadual enalteceu a volta às aulas presenciais nesta quinta-feira (4). Durante visita de boas-vindas nas Escolas Estaduais Agenor Roris e Francelina Setubal, em Vila Velha, o secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, abriu simbolicamente o ano letivo da Rede Estadual.
“Quero dar as boas-vindas aos nossos alunos e desejar um bom trabalho para os nossos profissionais. Nossas escolas estão preparadas, nós cuidamos do planejamento escolar, transferimos recursos para cada uma delas para comprar os insumos e as máscaras, além de organizar o ambiente escolar para que a gente pudesse, devidamente e com segurança, receber profissionais e alunos. Desejo um excelente ano letivo para todos”, disse o secretário.
Governador aprovou
“Vamos iniciar o ano letivo nesta semana nos municípios que estão em Risco Baixo e Moderado, com todo o suporte e protocolos de biossegurança. Retomamos as aulas em outubro no formato híbrido. Com segurança, temos que retomar as aulas, pois os jovens e crianças fora de sala de aula ficam mais suscetíveis às atividades ilícitas”, disse o governador Renato Casagrande.
Ele disse que serão enviados dois projetos de lei à Assembleia Legislativa: um visando à concessão de ajuda de custo a professores, pedagogos e diretores efetivos no valor de R$ 5 mil para a aquisição de equipamento de informática (notebook, Chromebook ou tablet), e outro dispondo do “auxílio internet” no valor de R$ 50,00 mensais para cada professor – efetivo ou em designação temporária (DT).
Também foram anunciados o processo licitatório para a aquisição de notebooks destinados a profissionais da educação em designação temporária (DT) e da adesão à ata de registro de preço para compra de 60 mil Chromebooks, que serão destinados a estudantes da Rede Estadual. Esses equipamentos serão repassados em regime de comodato, devendo ser devolvidos após a conclusão dos estudos ou encerramento do vínculo.
Professores
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) exige que a volta às aulas presenciais ocorra somente após a vacinação dos professores e funcionários das escolas contra o Covid-19. O Sindiupes cobrou a continuidade das aulas remotas, e manteve a sua posição de que não é possível o retorno presencial nos atuais da pandemia, com alto índice de casos e óbitos, além do surgimento de novas variantes.
A volta às aulas nas escolas particulares favore aos empresários do setor manter a sua lucratividade. A Associação dos Pais e Alunos do Espírito Santo (Assopaes) entrou na última quarta-feira (3) com uma Ação Civil Pública (ACP) com pedido de tutela provisória de urgência contra o governador. A ação foi protocolada na Vara dos Feitos da Fazenda Pública Estadual.
O pedido da Assopaes ao Judiciário é para que o Governo estadual não adote o retorno às aulas presenciais da rede pública e ainda pede a proibição em escolas privadas, até a implementação dos indicadores de saúde globais e específicos fixados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).