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Grupo Geração 68 –ES prepara livro sobre acontecimentos da ditadura militar no Estado

Grupo Geração 68 –ES prepara livro sobre acontecimentos da ditadura militar no Estado. Na foto, o ex-governador Vitor Buaiz e Perly, dois que terão seus depoimentos publicados no livro em preparação | Imagens: Divulgação: Perly Cipriano e APES

Capixabas que integram o Grupo Geração 68 – Espírito Santo, sob a coordenação do fundador do PT no Espírito Santo, Perly Cipriano, estão promovendo encontros com as pessoas que resistiram e sobreviveram a ditadura militar, que completou .60 anos no final de março último. O intuito é escrever um livro, a partir de depoimento oral de quem viveu essa época de terror. Boa parte desses depoimentos já foram coletados.

As reuniões ocorrem no Triplex Vermelho, um centro cultural localizado na esquina da Praça Costa Pereira com o início da Rua Sete de Setembro, no Centro Histórico de Vitória (ES). Segundo entrevista concedida por Perly ao Grafitti News, o primeiro passo foi a criação do grupo Geração 68 – Espírito Santo, onde foram cadastradas cerca de 50 pessoas.

“Nós temos um estúdio no Triplex e a ideia é pegar cada uma pessoa desass, ouvir e fazer uma gravação de umas três horas”, informou. Nestes próximos dias pretende conseguir uma pessoa para editar e fazer a edição das gravações. A maioria já foi realizada, acrescentou. “Depois a gente vai ver uma pessoa para fazer o livro. Vai ter uma página na Geração 68, contendo 50 depoimentos. Serve para jornalista, para professor, serve para a família dessas pessoas, serve para quem quiser”, acrescentou.

Livro

E ao mesmo tempo será feito um livro. “Porque, se (o depoente) tem um registro daquele período, é porque viveu o período. Essa não é uma coisa complicada, porque você já teria os depoimentos de todo mundo. É, nós já começamos dois, duas pessoas que se dispuseram, mas nós estamos fechando com eles agora para dizer até quando gravar esses depoimentos. Temos o estúdio. Então a gente pode editar de manhã, de tarde e de noite para fazer com rapidez as gravações, dependendo dessas pessoas.”

“Enfim, a gente faz esse material, faz o livro. É uma coisa que estamos trabalhando muito, que são os 60 anos do golpe de 1964. É ir resgatando o que aconteceu naquele período. Com cada uma dessas pessoas vamos trabalhar assim, o que ele fez naquele período, porque é um livro onde a pessoa vai lembrar 1964, em 1969, em 1970. A gente trabalharia isso. Essa é a ideia.”, resumiu.

Nas pastas de ‘subversivos’ do DOPS no ES, acima, constam nomes de jornalistas, sindicalistas, de Perly Cipriano e até do ex-governador Vitor Buaiz. Abaixo leia a íntegra dos nomes de “subversivos” investigados pelo DOPS | Imagem/Arquivo Público do ES

“Mundo de cabeça para baixo”

Perly Cipriano lembra que começou a militância política em 1960. “Em 1i968 eu estava no exterior. Também vou falar do exterior. Estava em Kiev, na Urânia e lá eu tinha contato com o que acontecia na França, na Alemanha, na Tchecoslováquia. Foi um período de muitas mudanças no mundo., na década de 1960 o mundo virou de cabeça para baixo, mudou tudo. As vezes a gente só vê um ângulo, o da ditadura militar. Mas fora disso, o mundo mudou”, se recordou.

“É sexo, religião, droga, maneira de vestir, de comer, Rock and roll. Enfim, em tudo houve uma mudança. E no país, e no caso do Espírito Santo, as pessoas estavam vindo do interior naquele período e houve um choque tremendo. Você imagina alguém que estivesse lá em Barra de São Francisco, de família tradicional, conservadora e traz os filhos para cá. Aí o filho se mete em movimento de esquerda, se mete com droga, se mete com rock. Ele vai fazer política, mas vai fazer política diferente. É tentar captar isso. É uma coisa que precisa fazer”, acrescentou.

República 804, no Centro Histórico de Vitória

O livro, que ainda não tem data de conclusão e nem de lançamento, trará histórias do período da ditadura militar ainda desconhecida dos capixabas. Perly acha importante ter um capítulo onde vai ser contada a história de uma república estudantil chamada 804. A república ficava no Edifício Sandra, no Parque Moscoso, em Vitória e que funcionou de 1964 a 1972.

Muitas pessoas, que futuramente viriam a ter relevância política ou social no Espírito Santo moraram ou pernoitaram por lá. O livro trará essas pessoas relembrando do que a sociedade capixaba passou durante os anos de censura à imprensa, das prisões arbitrárias e das torturas físicas aos cidadãos brasileiros que desafiavam os generais da ditadura.

O coordenador reforça que o “depoimento oral é muito importante, mais do que as pessoas subestimam. Mesmo que não seja muito preciso e tenha algumas incorreções, mas dá pista para tantas coisas. Mas, de qualquer maneira o essencial saiu.

Serviço:

Perly Cipriano tem uma página atualizada na internet, onde conta a sua história, com textos, fotos e vídeos. Para acessar é só entrar neste endereço: https://perly.com.br

Leia a seguir a íntegra das pessoas “fichadas” pelo extinto Dops do Espírito Santo (cujos relatórios individuais podem ser obtidos no Arquivo Público do Espírito Santo, localizado na Rua Sete de Setembro, logo após o Palácio da Fonte Grande):

QUADRO-LOCALIZAR-DE-ARQUIVOS-DO-DOPS-ES-NO-ARQUIVO-PULBICO-DO-ES